Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Timor-Leste - Força laboral aumentou, mas um terço da mão-de-obra é subutilizada, diz estudo

Timor-Leste tem uma população activa de 800 mil pessoas, mas a força de trabalho é de apenas 247 mil pessoas, com o país a registar uma taxa de subutilização de mão-de-obra disponível de quase 30%

O Inquérito da Força Laboral 2021, resultado de entrevistas com 7300 famílias em todo o país, mostra igualmente que cerca de 83 mil jovens, com idades entre os 15 e os 24, não estão nem a trabalhar nem a estudar.

“Isto significa que muitos jovens estão particularmente em risco de exclusão tanto social como do mercado de trabalho, porque não estão a ganhar experiência através do emprego nem a melhorar a sua futura empregabilidade através da educação e da formação”, destacou o ministro das Finanças, Rui Gomes, presente na apresentação do estudo. “A subutilização do trabalho foi estimada em 94,9 mil em 2021. Ou seja, todos os nossos recursos laborais disponíveis não estão na sua plena capacidade na nossa economia, o que indica algumas incompatibilidades entre a oferta de mão-de-obra e a procura”, destacou ainda. O estudo indica, aliás, que a taxa de desemprego entre os jovens (15 a 24 anos) é significante mais elevada que a média da população, atingindo os 9,6%.

Preparado pela Direcção Geral de Estatísticas do Ministério das Finanças, o estudo, o terceiro do tipo em Timor-Leste e o primeiro em mais de oito anos, é o retrato mais amplo do mercado de trabalho do país, apontando dados sobre emprego, desemprego e subemprego e vários outros indicadores laborais.

Para a análise foram ouvidas quase 7300 famílias em todo o país, escolhidas aleatoriamente como representantes da população do país, sendo os dados analisados com base em critérios da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, com o Governo australiano, apoiou o estudo.

A taxa de emprego informal ronda os 77,3%, o desemprego no país é estimado em 5,1% e a taxa de participação da força laboral é de 30,5%, com o salário médio mensal de 248 dólares, com homens a ganhar, em média, mais 6,6% que as mulheres. Rui Gomes sublinhou aspectos como o aumento da população em idade ativa, mais de 16,2% face ao estudo de 2013, com mais 23,7% de pessoas empregadas.

A taxa de desemprego, notou Rui Gomes, baixou 46%, sendo que o crescimento da mão-de-obra (15,8%) ficou aquém do aumento da população em idade ativa. “De facto, o relatório refere que 61,8% estão fora da mão-de-obra por razões pessoais ou familiares”, disse Rui Gomes.

Apesar do sector agrícola continuar a dominar o sector da economia informal, no que se refere ao sector formal a maior fatia da força laboral (59,1%) está no sector de serviços, com a agricultura e a indústria a representarem respetivamente 26,9 e 13,5%.

Cerca de 48,3% dos empregados são assalariados por conta de outrem e 50,3% definem-se como trabalhadores por conta própria, sendo que as mulheres representam a maior fatia deste segundo grupo. No sector informal, que representa 77,3% de todo o emprego, a prevalência de mulheres é mais elevada (80,4%) do que a dos homens (75,3%), estimando-se que cerca de 440 mil pessoas vivem de trabalho de subsistência. No que toca à formação, quase 40% da população não tem educação formal ou nem sequer completou a escola primária, cerca de 25,4% completou a primária e 19,1% completou o secundário.

O estudo mostra que dos 211 mil trabalhadores que reportaram horas semanais de trabalho, cerca de metade trabalhou menos de 40 horas por semana, com 23,3% a trabalhar mais de 48 horas.

Do inquérito faz ainda parte uma análise sobre o impacto da pandemia da covid-19 no mercado laboral, usando dados de um novo modelo desenvolvido pela OIT para estudar a questão. Assim, mais de 52 mil pessoas (6,5% da população activa) tiveram algum impacto da pandemia no seu trabalho, com 37 mil a ter redução de horário, 11 mil a perder o emprego e 3.600 a reportarem perdas salariais ou de rendimentos. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”

 

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