Timor-Leste tem uma população activa de 800 mil pessoas, mas a força de trabalho é de apenas 247 mil pessoas, com o país a registar uma taxa de subutilização de mão-de-obra disponível de quase 30%
O
Inquérito da Força Laboral 2021, resultado de entrevistas com 7300 famílias em
todo o país, mostra igualmente que cerca de 83 mil jovens, com idades entre os
15 e os 24, não estão nem a trabalhar nem a estudar.
“Isto
significa que muitos jovens estão particularmente em risco de exclusão tanto
social como do mercado de trabalho, porque não estão a ganhar experiência
através do emprego nem a melhorar a sua futura empregabilidade através da
educação e da formação”, destacou o ministro das Finanças, Rui Gomes, presente
na apresentação do estudo. “A subutilização do trabalho foi estimada em 94,9
mil em 2021. Ou seja, todos os nossos recursos laborais disponíveis não estão
na sua plena capacidade na nossa economia, o que indica algumas
incompatibilidades entre a oferta de mão-de-obra e a procura”, destacou ainda.
O estudo indica, aliás, que a taxa de desemprego entre os jovens (15 a 24 anos)
é significante mais elevada que a média da população, atingindo os 9,6%.
Preparado
pela Direcção Geral de Estatísticas do Ministério das Finanças, o estudo, o
terceiro do tipo em Timor-Leste e o primeiro em mais de oito anos, é o retrato
mais amplo do mercado de trabalho do país, apontando dados sobre emprego,
desemprego e subemprego e vários outros indicadores laborais.
Para
a análise foram ouvidas quase 7300 famílias em todo o país, escolhidas
aleatoriamente como representantes da população do país, sendo os dados
analisados com base em critérios da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), que, com o Governo australiano, apoiou o estudo.
A
taxa de emprego informal ronda os 77,3%, o desemprego no país é estimado em
5,1% e a taxa de participação da força laboral é de 30,5%, com o salário médio
mensal de 248 dólares, com homens a ganhar, em média, mais 6,6% que as
mulheres. Rui Gomes sublinhou aspectos como o aumento da população em idade
ativa, mais de 16,2% face ao estudo de 2013, com mais 23,7% de pessoas
empregadas.
A
taxa de desemprego, notou Rui Gomes, baixou 46%, sendo que o crescimento da
mão-de-obra (15,8%) ficou aquém do aumento da população em idade ativa. “De
facto, o relatório refere que 61,8% estão fora da mão-de-obra por razões
pessoais ou familiares”, disse Rui Gomes.
Apesar
do sector agrícola continuar a dominar o sector da economia informal, no que se
refere ao sector formal a maior fatia da força laboral (59,1%) está no sector
de serviços, com a agricultura e a indústria a representarem respetivamente
26,9 e 13,5%.
Cerca
de 48,3% dos empregados são assalariados por conta de outrem e 50,3% definem-se
como trabalhadores por conta própria, sendo que as mulheres representam a maior
fatia deste segundo grupo. No sector informal, que representa 77,3% de todo o
emprego, a prevalência de mulheres é mais elevada (80,4%) do que a dos homens
(75,3%), estimando-se que cerca de 440 mil pessoas vivem de trabalho de
subsistência. No que toca à formação, quase 40% da população não tem educação
formal ou nem sequer completou a escola primária, cerca de 25,4% completou a
primária e 19,1% completou o secundário.
O
estudo mostra que dos 211 mil trabalhadores que reportaram horas semanais de
trabalho, cerca de metade trabalhou menos de 40 horas por semana, com 23,3% a
trabalhar mais de 48 horas.
Do
inquérito faz ainda parte uma análise sobre o impacto da pandemia da covid-19
no mercado laboral, usando dados de um novo modelo desenvolvido pela OIT para
estudar a questão. Assim, mais de 52 mil pessoas (6,5% da população activa)
tiveram algum impacto da pandemia no seu trabalho, com 37 mil a ter redução de
horário, 11 mil a perder o emprego e 3.600 a reportarem perdas salariais ou de
rendimentos. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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