Um
estudo realizado por investigadores da Universidade de Coimbra (UC),
Universidade da Beira Interior (UBI), Universidade do Porto (UP) e Universidade
do Minho (UM) avaliou o potencial impacto económico e social de tecnologias
resultantes de um projeto de investigação, ainda com baixo nível de maturidade
tecnológica, mas com elevado potencial de serem desenvolvidas num prazo mais
alargado no contexto da evolução para as redes elétricas inteligentes.
Na
UC, o estudo, recentemente publicado na revista Tecnology in Society, foi
realizado por uma equipa do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores
de Coimbra (INESC Coimbra) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC).
Esta investigação foi desenvolvida tendo por base o projeto colaborativo Enhancing Smart Grids for Sustainability (ESGRIDS), que visou o desenvolvimento de novas soluções e tecnologias para os desafios futuros das redes elétricas inteligentes, considerando três vertentes principais - a rede de distribuição, os mercados e o consumidor final de energia.
«Em
particular, este estudo avaliou os potenciais impactos económicos e sociais das
tecnologias das redes inteligentes com baixo Technology Readiness Level
(TRL) e como identificar suas contribuições esperadas no quadro da transição
energética, que tem um papel fulcral na descarbonização da economia», começa
por explicar Carlos Henggeler, professor catedrático do DEEC e diretor do
Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC Coimbra).
No
âmbito do projeto, foram desenvolvidos modelos, aplicações computacionais e
protótipos laboratoriais no âmbito da resposta dinâmica da procura de energia
elétrica, otimização de operações da rede elétrica sob incerteza, e novos
modelos de negócios envolvendo comercializadores e operadores da rede de
distribuição.
Um
dos principais tópicos deste estudo é o papel dos consumidores. «Com a
capacidade de fazer geração fotovoltaica com recurso à luz solar e,
eventualmente, armazenamento quer em baterias estáticas, quer em baterias de
veículos elétricos, o consumidor passa a ter um papel muito mais ativo para o
equilíbrio e a eficiência global de todo o sistema elétrico», afirma o docente
da FCTUC.
Assim,
a equipa do INESC Coimbra, em colaboração com o ALGORITNI/LASI da UM, C-MAST da
UBI e a UPT, tentou perceber «quais os mecanismos, os sistemas e a inteligência
computacional a embeber na tecnologia que podem ajudar o consumidor a ter esse
papel mais ativo», esclarece Carlos Henggeler, acrescentando que «são múltiplos
os benefícios, nomeadamente a nível económico e ambiental, tanto para o sistema
elétrico, como para o próprio consumidor».
De
acordo com o professor do DEEC, «este papel mais ativo dos consumidores pode
passar pela participação em mercados organizados, com o apoio de utensílios
tecnológicos e da inteligência computacional que é implementada nessas
tecnologias para, por exemplo, responder a sinais da rede em situações que há
uma menor geração de fontes renováveis ou uma sobrecarga em determinadas redes
de distribuição, para os consumidores procederem dinâmica e automaticamente a
alterações nos seus padrões de consumo, através de uma otimização dos seus
recursos energéticos (trocas com a rede, gestão de cargas, armazenamento,
microgeração local)».
Com
a finalidade de saber como desenvolver uma otimização integrada de todos os
recursos energéticos, ao longo desta investigação foram criados modelos de
previsão, otimização, análise de rede e eletrónica de potência em colaboração
entre as quatro unidades de I&D.
«O
nosso trabalho foi sobretudo de otimização integrada de recursos energéticos do
ponto de vista do consumidor, bem como desenvolver modelos de otimização do
ponto de vista do comercializador de energia, para a definição de tarifas
dinâmicas, isto é, com preços variáveis no tempo de acordo com múltiplos
fatores, nomeadamente o preço dos mercados grossistas, o estado da rede, a
disponibilidade de geração. No fundo são esses preços variáveis que induzem a
mudança de comportamento dos consumidores», conclui o professor da FCTUC. Universidade
de Coimbra - Portugal
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