"Português Língua Não Materna: Contextos, Estatutos e Práticas de Ensino numa Visão Crítica" oferece uma perspetiva atualizada do ensino do português em diversos países
“O
objetivo primeiro da presente coletânea é (…) oferecer às leitoras e leitores
uma perspetiva panorâmica atualizada do ensino do português em diferentes
países”, explicam Francisco Calvo del Olmo, Sílvia Melo-Pfeifer e Sweder Souza,
na introdução de Português Língua Não Materna: Contextos, Estatutos e Práticas
de Ensino numa Visão Crítica, obra inaugural da nova Coleção Estudos e Ensino
da U.Porto Press, que contou com o apoio do Gabinete para a Promoção da Língua
Portuguesa da Reitoria da Universidade do Porto.
Conforme
explica Paulo Feytor Pinto no prefácio da obra, “atualmente, o ensino da língua
portuguesa em países que não a têm como língua oficial concretiza-se em
múltiplas modalidades”, dependendo dos públicos e contextos em causa,
considerando diferentes faixas etárias, diferentes gerações de emigrantes,
diferentes nacionalidades, graus ou tipologia de ensino. E, assim sendo,
“emergiram em português três termos de algum modo sinónimos: Português Língua
Não Materna (PLNM), Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL) e, mais
recentemente, Português Língua Adicional (PLA), procurando estabelecer a
diferença basilar entre o PL1 [Português como língua materna] e todas as outras
modalidades de ensino da língua”.
O
linguísta e professor do Instituto Politécnico de Setúbal Paulo Feytor Pinto
assinala ainda que “este livro dá conta da crescente importância, no ensino
superior, do Português para Fins Específicos (PFE), do ensino do PLE [Português
Língua Estrangeira] para estudantes de tradução e de ensino da língua, mas
essencialmente para estudantes de praticamente todas as outras áreas do saber”.
Por
outro lado, refere também que, apesar do investimento feito nas últimas décadas
a nível do alargamento e diversificação da oferta de cursos e materiais
didáticos, da formação de professores e da investigação no domínio do
PLNM/PFOL/PLA, “só cerca de 7% dos falantes de português não o têm como L1”,
concluindo que o português “é muito pouco utilizado como língua veicular entre
falantes de outras línguas e quando isso acontece é geralmente no interior de
países da CPLP”.
Paulo
Feytor Pinto defende, igualmente, que “o que neste livro é dito sobre o ensino
de LE nos 17 países retratados confirma que o português não está entre as LE
mais aprendidas nos sistemas educativos e no ensino superior”. Contudo, refere
também que vários capítulos do livro “destacam potencialidades que este quadro
aparentemente adverso esconde”.
Já
Francisco Calvo del Olmo, Sílvia Melo-Pfeifer e Sweder Souza, coordenadores da
obra, explicam, na introdução, que o intuito ao escrever a mesma foi ilustrar
“a diversidade de perspetivas em que o português se constituiu como
língua-alvo”, não com objetivo de o pensar “no contexto da chamada Lusofonia,
como Língua Materna e Segunda, mas de descrever e compreender a circulação do
PLNM no mundo, com ênfase no âmbito académico”. Selecionaram, então, potenciais
autores dos cinco continentes, “de países com uma relação geoestratégica consolidada
ou em fase de consolidação com os países de língua oficial portuguesa”.
Enquanto
organizadores, pretendiam “descrever os diferentes contextos daquela
circulação, pensando o estatuto da língua, o papel das políticas educativas
linguísticas nacionais e das diásporas de países de língua oficial portuguesa
na oferta do português nos currículos escolares e universitários”.
A
obra, estruturada em três secções – “Português no espaço das Américas”,
“Português no espaço europeu” e “Português noutras latitudes” – está disponível
na loja online da U.Porto Press. Universidade do Porto - Portugal
Sobre os organizadores
Francisco Calvo del Olmo é doutorado em Estudos da Tradução pela Universidade
Federal de Santa Catarina (Brasil) e pós-doutorado na área de Didática de
Línguas no Laboratório Lidilem da Universidade de Grenoble-Alpes (França).
Entre 2015 e 2020 foi Professor Adjunto no Departamento de Letras Estrangeiras
Modernas da Universidade Federal do Paraná (Brasil). Desde 2022 integra o
Departamento de Filologia Românica da Universidade Ludwig- Maximilians de
Munique (Alemanha). Autor de vários artigos científicos publicados em revistas
da América Latina e da Europa, coeditou, com Sweder Souza, o livro Línguas em
Português. A Lusofonia numa Visão Crítica, publicado em 2020 pela U.Porto
Press.
Sílvia Melo-Pfeifer é licenciada em ensino de Português e Francês e
doutorada em Didática de Línguas pela Universidade de Aveiro. É Professora de
Didática de Línguas Românicas (Espanhol e Francês) na Faculdade de Ciências de
Educação, na Universidade de Hamburgo (Alemanha), e investigadora do Centro de
Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores, da Universidade
de Aveiro. Foi coordenadora do Ensino Português na Alemanha, pelo Instituto
Camões, entre 2010 e 2013. Coeditou, com Paulo Feytor Pinto, a obra Políticas
Linguísticas em Português e dedica-se à investigação nas áreas da educação
plurilingue e intercultural e do Português como língua de herança.
Sweder Souza é
doutorando em Letras/Estudos Linguísticos na Universidade Federal do Paraná,
Professor e Coordenador Pedagógico do Curso de Licenciatura em Letras —
Português/Inglês – da Faculdade Educacional da Lapa (Brasil), e Membro
Integrado do Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de
Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Em 2020, coeditou, com Francisco
Calvo del Olmo, Línguas em Português. A Lusofonia numa Visão Crítica, publicado
pela U.Porto Press.
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