São Filipe – A Reserva da Biosfera do Príncipe (São Tomé e Príncipe) recebe, no próximo ano, o III Encontro da Rede das Reservas da Biosfera na CPLP integrada, neste momento, por 24 reservas de seis países da comunidade.
A
decisão foi tomada no final do II Encontro da Rede das Reservas da Biosfera na
CPLP, que decorreu na ilha do Fogo de 11 a 15 de Março, cuja sessão de
encerramento aconteceu na cidade de São Filipe.
Clayton
Lino da Reserva da Mata Atlântica do Brasil, indicado pela organização para
prestar declarações à comunicação social, classificou de “excelente” o segundo
encontro porque, conforme explicou, foi muito produtivo e toda a pauta de
finalizar o planeamento estratégico, definir a declaração e os princípios para
avançar na questão da organização da rede e definir os próximos passos foram
atingidos na totalidade.
Clayton
Lino destacou ainda o óptimo ambiente de discussão, interacção, sinergias,
intercâmbios e de amizade, aspectos que, segundo o mesmo, são fundamentais numa
rede enquanto instituição horizontal que envolve, por enquanto, seis países,
mas que poderá ter nove ou até dez países com a intenção de convidar outras
regiões autónomas como a Galiza.
No
dizer do mesmo é preciso um trabalho e projectos conjuntos e de actuação para
contribuir para o programa MaB (Man and the Biosphere – O homem e a biosfera)
da Unesco como um todo.
“O
III encontro será realizado no próximo ano (2025) na ilha do Príncipe, em São
Tomé e Príncipe, e continuamos nas ilhas e com esta sequência de conhecer as
boas práticas e as soluções de problemas de cada uma das reservas da biosfera”,
disse Clayton Lino.
Já
o presidente da Câmara Municipal de São Filipe e da Reserva da Biosfera da ilha
do Fogo, Nuías Silva, destacou a importância do encontro que extravasou “todas
as expectativas”, agradecendo aos responsáveis de cada uma das reservas
presentes, da Direcção Nacional do Ambiente e das organizações envolvidas no
encontro.
“Estamos
conscientes e disponíveis para os passos que se seguem, vamos trabalhar no
próximo mês para reunir o conselho consultivo da Reserva da Biosfera da ilha do
Fogo para dar conta do resultado deste encontro e para programar a preparação e
a socialização dos instrumentos de gestão da reserva, plano de acção, de
comunicação, logotipo da reserva e discutir a questão da governação da reserva
que é importante”, disse na sessão de encerramento.
Segundo
o mesmo, os melhores modelos de governança são aqueles que funcionam tendo a
realidade específica, indicando que a nível da ilha está em fase experimental
um modelo ad-hoc de governança que funciona e a presidência da reserva quer uma
abertura do Comité MaB de Cabo Verde e o Ministério do Ambiente para dialogar
na viabilização do modelo em curso.
Este
modelo, salientou, tem a parte política da reserva assumida pelo presidente da
câmara para garantir todas as interconexões e abrangência, mas a uma
implementação através de uma organização da sociedade civil, neste caso a
associação Projecto Vitó, com capacidade, tecnicidade e capacidade de
mobilização de recursos para a implementação da reserva.
“A
relação entre a presidência da reserva e o braço executivo, escolhido para
ajudar na implementação, funciona porque o interesse maior é a implementação
com sucesso da reserva, com apoio institucional máximo e implementação por
aqueles que têm conhecimento para alavancar o processo”, disse Nuías Silva.
Este
espera continuar a contar com o suporte da Associação Projecto Vitó para
implementar o roteiro turístico, o logótipo e o selo da reserva para poder
abrir um processo de certificação dos produtos do Fogo e dos espaços turísticos
e a promoção e consciencialização nas escolas em relação à educação ambiental.
A
representante da Reserva de Biosfera do Príncipe, Analice Mata, disse que o II
Encontro foi um sucesso e de muito trabalho e acredita que todos, os que vieram
e os que receberam, estão com sentimento de missão cumprida para esta fase uma
vez que foram dias de muito aprendizado, de intercâmbio e troca de
experiências.
O
objectivo é dinamizar o trabalho do programa MaB da Unesco visando a busca do
equilíbrio entre o bem-estar do homem e da natureza e o II Encontro atingiu os
objectivos propostos.
Esta
espera receber os representantes das reservas no próximo ano, no Príncipe, para
um encontro do nível ou superior ao de São Filipe, na ilha do Fogo.
O
director executivo da Associação Projecto Vitó, Herculano Dinis, disse que para
a sua organização foi um desafio enorme participar da organização do II
Encontro, sublinhando que durante o processo teve momento em que não
acreditava, sobretudo quando houve a necessidade de adiar o encontro de
Novembro de 2023 para Março de 2024, mas que graças ao empenho e persistência
foi possível a sua realização e com sucesso.
Herculano
Dinis desafiou o presidente da Reserva da Biosfera do Fogo a tentar, de
imediato e na sequência deste evento, formalizar a estrutura de governança da
Reserva da Biosfera do Fogo, sublinhando que tudo o que se tem conseguido foi
de forma ad-hoc, mas demonstra que este modelo com três municípios e
representação da sociedade civil e parceria com o secretariado da MaB Cabo
Verde através da DNA pode ser um bom modelo.
“Já
temos as peças e agora é trabalhar para a sua formalização, de forma oficial,
para que a reserva continue a ser implementada com base neste modelo de
governança”, disse Herculano Dinis que mostrou a disponibilidade da sua
organização para contribuir para que a ilha continue a ser uma referência
enquanto Reserva da Biosfera, mas também como destino para qualquer outro fim.
A
secretaria da Comissão da Unesco, Carla Palavra, destacou a importância da rede
e a necessidade de continuar com os trabalhos para que esta rede possa ganhar
ainda mais força e materializar tudo aquilo que pretende, contribuindo para a
consolidação da conservação e preservação da natureza em prol do
desenvolvimento sustentável.
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