Começa já no dia 8 de Março a 13.ª edição do Festival Literário Rota das Letras. Este é um regresso do evento à Primavera, depois de três anos em que se realizou no Outono. Nesta edição, o Rota das Letras assinala os 500 anos de Luís de Camões, celebra a obra poética de Li Bai e destaca o 50.º aniversário do 25 de Abril, por exemplo. Entre os convidados, estão o chinês Dong Xi, vencedor do Prémio Mao Dun de Literatura, e o norte-americano Chang-rae Lee, finalista do Pulitzer, entre outros
Depois
de três edições no Outono, o Festival Literário Rota das Letras está de volta à
Primavera. Começa já daqui a uma semana, dia 8 de Março, e prolonga-se até dia
17. Entre as várias sessões que se vão realizar na Casa Garden, o evento vai
celebrar Camões, Li Bai e o 25 de Abril, por exemplo.
Este
regresso à Primavera é explicado por Ricardo Pinto, director do Rota das
Letras, pelo facto de esta ser “uma época do ano com menor sobrecarga de
eventos”. “Daí que, à primeira oportunidade, e depois de várias edições
realizadas nos meses de Outubro e Novembro, por força da pandemia, tenhamos
decidido fazê-lo regressar à sua data original”, explica, citado no comunicado
enviado ontem às redacções.
Camões e Li Bai em foco
Os
500 anos do nascimento de Luís de Camões serão assinalados na Casa Garden com a
presença de Kenneth David Jackson, professor da Universidade de Yale, nos
Estados Unidos da América, e autor de vários estudos sobre o poeta português.
Além disso, também o ilustrador brasileiro Fido Nesti irá evocar Camões numa
adaptação de “Os Lusíadas” para crianças.
Li
Bai será também lembrado no Rota das Letras através de uma exposição de
fotografia de Xu Peiwu, artista chinês que, ao longo da última década,
percorreu os mesmos caminhos por onde andou o poeta há mais de mil anos. João
Miguel Barros, curador da exposição, descreve as imagens como sendo “de uma
enorme beleza e densidade, que nos permitem contemplar uma China despida e
cativante”. Li Bai será também o protagonista da sessão inaugural do Festival
Literário, com Carlos Morais José, responsável da editora Livros do Meio, a
apresentar o livro “Li Bai – A Vida do Imortal”, de António Izidro.
No
primeiro fim-de-semana do festival, de 8 a 10 de Março, vão ser apresentadas
várias obras: San San, jovem escritora chinesa premiada, dará a conhecer
“Primavera Tardia”, uma antologia de contos que esteve entre os candidatos ao
Prémio literário de 2023 da rede social Douban; James Zimmerman, advogado
norte-americano que reside em Pequim há mais de 25 anos, vai apresentar “The
Peking Express”, um trabalho de investigação que conta com a história do Grande
Assalto Ferroviário de 1923, considerado o maior da história da China e um
factor determinante da evolução da guerra civil chinesa; e Ian Gill irá falar
de “Searching for Billie”, em que o escritor neo-zelandês fruto da relação
entre dois prisioneiros de guerra em Hong Kong tenta compreender o passado da
sua mãe, o que o leva a descobrir uma China desaparecida. Ma Ka Fai, escritor e
cineasta de Hong Kong, virá a Macau falar sobre “Once Upon a Time in Hong
Kong”, o seu romance de estreia.
Celebrar os 50 anos do 25 de Abril
Este
ano comemoram-se os 50 anos do 25 de Abril e o Rota das Letras vai aproveitar a
efeméride para apresentar em Macau a obra de João Céu e Silva “O General que
Começou o 25 de Abril Dois Meses Antes dos Capitães”, a história de como o
General António Spínola fez cair o regime. Ainda no âmbito da revolução de
1974, será inaugurada na Livraria Portuguesa uma exposição sobre os 50 anos de
carreira de António Mil-Homens.
O
segundo fim-de-semana do festival vai começar com a gastronomia de Macau. Na
sexta-feira, 15 de Março, Graça Pacheco Jorge e Annabel Jackson irão acompanhar
Barrie Sherwood, da Universidade de Singapura, numa reflexão sobre o momento
presente da gastronomia macaense e as questões de identidade cultural que lhe
estão associadas. Sherwood apresentará também o livro “The Macanese
Pro-Wrestler’s Cookbook”.
Dong Xi e Chang-rae Lee marcam presença
O
dia seguinte será dominado pela escrita no feminino, que reunirá autoras de
Macau, Hong Kong e da China Continental. Nesse sábado estará presente também
Dong Xi, vencedor do Prémio Mao Dun e do Prémio Lu Xun, que irá partilhar a sua
experiência literária com vários autores de Macau. Yao Jingming, subdirector do
festival, descreve Dong Xi como “um dos escritores mais representativos da
actualidade”, sendo “reconhecido pela sua invulgar capacidade de contar
estórias numa linguagem narrativa própria”.
No
mesmo dia, Chang-rae Lee, escritor norte-americano de origem coreana e
professor de escrita criativa na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos,
apresentará o seu mais recente romance, intitulado “My Year Abroad”, cuja acção
decorre parcialmente em Macau. A escrita de Chang-rae Lee, que recebeu o Prémio
da Fundação Hemingway pelo seu romance “Native Speaker”, explora temas como a
imigração, a assimilação, a história da Coreia, a experiência dos americanos
com raízes asiáticas numa América distópica.
Ainda
no sábado, o programa encerra com o concerto de Marta Pereira da Costa,
intérprete de guitarra portuguesa, que será acompanhada em palco por João José
Pita. Outras performances serão promovidas numa colaboração entre o Rota das
Letras e a livraria independente de Hong Kong Bookand.
Espaço às artes visuais
Domingo,
dia 17 de Março, será o último dia do festival e, como vem sendo tradição, será
dedicado à apresentação de obras do domínio das artes visuais e, em particular,
à fotografia. João Miguel Barros e a associação de fotografia Halftone irão dar
a conhecer as suas últimas realizações. A associação irá também apresentar no
festival a mais recente edição da sua revista.
Duarte
Drumond Braga vem a Macau apresentar o seu estudo sobre a “China e Macau”, de
Camilo Pessanha, recentemente lançado em Portugal. Além disso, Peter Rose,
advogado norte-americano, fará aqui o lançamento do seu primeiro romance, “The
Good War of Consul Reeves”, que tem como pano de fundo o período da Guerra do
Pacífico em Macau e a acção do diplomata britânico que soube tirar partido da
neutralidade portuguesa para sobreviver à constante ameaça do inimigo japonês.
A publicação desta obra é uma iniciativa da editora de Hong Kong Blacksmith
Books. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”
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