Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 22 de março de 2024

Portugal - Tecnológica de Coimbra quer conquistar mercado em Singapura

A Stratio, empresa sediada em Coimbra que assegura manutenção preditiva com recurso a inteligência artificial, está a colaborar com o maior operador de autocarros em Singapura e espera agora crescer no mercado asiático


A empresa, criada em 2017 e com sede no Instituto Pedro Nunes (IPN), em Coimbra, desenvolve tecnologia de manutenção preditiva a partir de modelos de inteligência artificial (IA), permitindo aos operadores de transportes coletivos de passageiros prever falhas antes que estas ocorram e, dessa forma, evitar interrupções de serviço.

Depois de ter estabelecido parcerias com as gigantes europeias Keolis, Arriva e Rapp, a Stratio iniciou recentemente a sua operação em Singapura, com uma colaboração com a empresa SBS Transit, operador que lidera o mercado daquele país do sudeste asiático, envolvendo mais de 3000 autocarros que vão passar a contar com a tecnologia desenvolvida pela empresa de Coimbra, foi anunciado, em nota de imprensa.

“Com Singapura, temos possibilidades interessantes. Temos os pés na terra, mas há um mercado grande”, disse à agência Lusa o presidente e cofundador da empresa, Rui Sales.

Segundo o responsável, o projeto de Singapura torna-se bastante relevante para a empresa por a SBS Transit ser “muito exigente”.

“Foi há dois anos que iniciámos com mil veículos. Com os resultados que tivemos, conseguimos expandir agora para toda a frota de 3000 veículos”, salientou.

De acordo com Rui Sales, Singapura, no que toca a transportes públicos coletivos, define “um pouco o estado da arte para o resto da Ásia”, considerando que a entrada naquele país poderá abrir portas para outras zonas, como Hong Kong ou Indonésia e outros países da região.

Para além de querer continuar a reforçar a sua presença na Europa, a empresa pretende expandir-se agora para a Ásia, assumiu.

As perspetivas para o curto prazo passam por continuar a ter “um crescimento rápido” e continuar a investir “em investigação e desenvolvimento”, afirmou Rui Sales.

Em 2021, a empresa fez uma ronda de investimento, tendo angariado 12 milhões de dólares, valor investido quase na totalidade em investigação e desenvolvimento.

Com mais de 50 pessoas e pouco investimento em marketing ou vendas, o crescimento tem acontecido de forma “natural”.

“Nós começámos com algo que ninguém oferecia e conseguimos logo dar retorno de investimento”, sublinhou, recordando que a manutenção preditiva, no caso de Singapura, diminuiu em 20% o tempo de veículos parados e, ao reparar a falha de forma precoce, permitiu reduzir custos na manutenção das frotas de autocarros.

A empresa regista mais de 85% da faturação de exportações e a sua tecnologia já está implementada na ordem das “dezenas de milhares” de autocarros, referiu.

Para além do trabalho com operadores de transportes públicos, a Stratio tem também já parcerias com construtores, nomeadamente de transporte de mercadorias.

No entanto, o foco da empresa continuará a ser no transporte público coletivo.

“No transporte de passageiros, há empresas com mil veículos agregados. É mais rápido prestar um serviço de excelência. Já o transporte de logística é caracterizado por pequenas empresas, mas estamos a pensar em trabalhar com distribuidores, porque aí permite agregar um grande número de veículos”, aclarou.

A Stratio instala dezenas a centenas de sensores em cada um dos veículos, conseguindo digitalizar “o veículo que está na estrada”, recolher uma grande quantidade de dados, lê-los e, através de modelos inteligência artificial, antecipar problemas e falhas que poderão acontecer em “dias, horas ou até semanas”.

“Isso muda a forma de manutenção dos veículos”, sublinhou.

Segundo Rui Sales, a empresa poderia avançar, neste momento, com mais uma ronda de investimento, mas não há esse interesse.

“Neste momento, queremos crescer com os nossos clientes”, sublinhou, referindo que a perspetiva é passar a ter um resultado operacional positivo a curto prazo. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


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