A artista plástica Fineza Teta revelou que está empenhada na concretização de uma escola de artes
Segundo
avançou a artista, tem recebido muitos pedidos de pais que querem ver os filhos
a terem aulas de pintura e artes, por isso está a trabalhar, desde o ano
passado, na manutenção de uma galeria-escola, localizada no Patriota, em
Luanda.
"Este
é no momento o meu grande desafio. Tenho um espaço pequeno, uma galeria, mas
que não se adequa porque não tem arejamento, dado que as tintas são tóxicas.
Seria perigoso para as crianças. Por isso faço ensaios de 10 a 20 alunos. Tenho
alguns meninos que eu pessoalmente, gostaria de "amadrinhar”, embora
esteja a ser difícil”, explicou.
Fineza
Teta detalhou que os meninos que deseja amadrinhar, conheceu-os na rua, em
locais onde faziam desenhos incríveis, com muita dedicação. Dentre estes, um
deles chamou-lhe a atenção durante um programa de televisão, onde o mesmo
apresentou os trabalhos de maquetes feitas com papelão e lata.
"São
crianças que eu gostaria muito de apadrinhar. O meu grande projecto é trabalhar
com crianças e adultos em prol da arte, mas a custo próprio está a ser muito
difícil. Eu pago renda neste espaço, a volta de 300 mil kwanzas mês, e tenho
dificuldades de aquisição de material. Tem sido um grande exercício. Espero que
este ano consiga alguns patrocínios, porque não tem sido fácil manter a minha
palavra junto dos muitos pais que desejam ver os filhos a aprenderem artes”,
disse.
Artista
de reconhecido mérito nacional e internacional, faz parte do leque de obras da
colecção de Álvaro Macieira, patente no Museu Nacional de História Natural, em
celebração antecipada dos 50 anos de Independência. Fineza Teta recordou que
conheceu Álvaro Macieira quando recebeu a menção honrosa do prémio Ensa-Arte,
em 1998, ainda nas vestes de jornalista. Porém, um dia foi convidada por
Benjamim Sabby, na época colega no Instituto de Formação Artista, a visitar o
atelier de Álvaro Macieira, situado num dos prédios da Avenida de Portugal.
"O
Álvaro pediu-me para pintar alguma coisa, eu fiz uma instalação. Já não me
lembrava desse episódio. Um tempo depois, viajo e quando regresso ele disse que
estava a pintar e pediu-me para ver alguns quadros meus. Mostrei-lhe e reconheceu logo que trazia
técnicas novas. Era a mistura de quatro técnicas diferentes que eu trago, como
o empasto, realismo, etu-etu e o crafty. Ele gostou e falou sobre o Kinamuta.
Achei pertinente a colecção, e, hoje, podemos afirmar que é um dos grandes
coleccionadores das artes plásticas angolanas”, pontua.
Para
a artista, pessoas como o Álvaro Macieira devem ter colaboração estreita com os
futuros museus, visto que traz nesta exposição uma grande diversidade de
escultura e cerâmica com técnicas que fazem escola.
Com
mais de duas décadas de carreira, Fineza Teta é a única artista feminina a
vencer o Grande Prémio Pintura na XII Edição do ENSA ARTE, em 2014.
"Sinto-me
uma mulher realizada, que vive aquilo por que sonhou. Sou uma pessoa
privilegiada porque vivo das artes plásticas. Há quem diga ter inveja de mim
por sentir como eu sou livre. Ainda tenho muita coisa por fazer, e o meu grande
desejo é participar para o bem da reconciliação do meu país. Enquanto haver
fôlego, vou contribuir para a grandeza deste país, porque aqui é o meu lugar”,
revelou.
Fineza
Sebastião Teta "Fisty” nasceu 26 de Dezembro de 1977, na Ilha de Luanda.
Desde criança manifestou a vocação artística. É licenciada em Belas Artes e
design pela Open Window Arte Academy, da África do Sul, onde recebeu a
distinção de Mascote Escolar. Certificada em Design de interiores, pela New
York, na New York Academy, Design internacional pelo Distrito de Arte, cultura
e Desporto Chinês.
Fez
parte dos jurados do Prémio Nacional Cultura e Artes. Integrou diversas
cerimónias de recepção cultural para a delegação presidencial e participou em
exposições colectivas e individuais a nível nacional e internacional.
A
experiência adquirida em vários países reflecte-se no conjunto da obra que
expressa um mosaico de vertentes artísticas, e não só, bem como as obras estão
representadas em várias colecções públicas e privadas nacionais e
internacionais. Katiana Silva – Angola in “Jornal
de Angola”
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