A abertura de mais uma turma de 1º ano a partir de Setembro e uma melhoria na qualidade de ensino do mandarim foram algumas das novidades anunciadas por Acácio de Brito, director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), que no sábado passado realizou o seu habitual dia aberto
“Estamos
no limite da capacidade de receber alunos, mas tomámos uma decisão estratégica
de ter mais uma turma do 1º ano, que no ano passado não foi possível”,
partilhou o director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), Acácio de Brito à
Rádio Macau no último sábado, dia de portas abertas da instituição. Nos seus
planos está também a vontade de melhorar a capacidade de aprendizagem da língua
portuguesa e do mandarim, com o lançamento de um novo programa para aumentar a
proficiência das duas línguas oficiais do território. A decisão procura ir ao
encontro das necessidades dos alunos que frequentam aquele estabelecimento de
ensino. “Temos aqui muitos alunos que são de origem chinesa e que não falam
português, e temos alunos de origem portuguesa e que não falam mandarim”. A
importância de dominar as duas línguas, sublinhou, prende-se com a própria
identidade da escola, que é “uma escola portuguesa em Macau, e uma escola
portuguesa na China”.
As
actividades do dia aberto da EPM incluíram um momento cultural no átrio do
estabelecimento de ensino, seguida de uma visita educativa à horta biológica
localizada no pátio do recinto. O resto da manhã foi preenchido com actividades
desportivas e um workshop de “Arte e Movimento”, possibilitando-se aos
encarregados de educação e famílias visitas aos laboratórios de biologia,
física e química, e ainda às salas de música e do 1º ciclo. O dia aberto
permitia igualmente que se ficasse a conhecer os serviços de psicologia e
orientação escolar e outros departamentos da escola.
Jorge
Neto Valente, presidente da Fundação Escola Portuguesa de Macau, à Rádio Macau
abordou os mesmos planos anunciados por Acácio de Brito, classificando-os de
“ambiciosos”, planos esses que elevarão a escola a ser “única”, no sentido de
ir para além do mero ensino da língua portuguesa. “Uma escola de língua e
cultura portuguesa na China, onde convivemos com a língua e cultura chinesa”.
Admitindo ainda a necessidade de ampliação das instalações da escola, problema
de fundo que “há anos que se discute”, mas sem solução encontrada, justificou o
impasse pelo facto de que estas “são obras de vulto, e que exigem grande
ponderação”, e elevados meios financeiros. Até lá, o responsável garantiu que
se vai procurar investir na “qualidade de vida” do interior e estética do
espaço, melhorando “tudo o que seja possível melhorar”.
Também
presente no dia aberto esteve o cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong. Em
declarações à Rádio Macau, Alexandre Leitão assegurou que tem acompanhado a
situação da escola desde que assumiu o mandato, competência que referiu ser
inerente ao cargo. Este acrescentou que sabe que a escola é “crítica na
afirmação da presença portuguesa e na preservação de uma identidade especial”,
herança do período da administração portuguesa e que a seu ver é “essencial
valorizar em todos os planos, incluindo o económico”.
Reiterando
a perspectiva de Neto Valente, o dignatário defendeu a importância da
divulgação não apenas da língua, mas sobretudo da cultura portuguesa,
mencionando que naquela instituição escolar, embora haja domínio da língua de
Camões, há muitas vezes falta de conhecimento da cultura portuguesa e da
lusofonia. “Penso que é algo que temos de trabalhar com urgência, e é
decisivo”, alertou, “porque a cultura ajuda a dominar melhor a língua, tal como
a língua ajuda a compreender melhor a cultura, e esta interacção é essencial”.
Leitão acredita que é necessário haver também uma maior interactividade com as
várias comunidades do território e com a região envolvente, destacando a
importância de os jovens conhecerem “o meio em que vivem e crescem”. Quanto ao
domínio do chinês, Alexandre Leitão sublinhou que esta mais-valia também
servirá no futuro como forma de difusão das culturas lusófonas e macaense.
Ao
mesmo meio de comunicação social, Filipe Figueiredo, presidente da Associação
de Pais da EPM, defendeu ter as mesmas prioridades referidas por Acácio de
Brito e Jorge Neto Valente, sublinhando a competência bilingue de português e
chinês na escola como um “interlocutor privilegiado do Governo nesta
dinamização do bilinguismo”. A proficiência em particular do mandarim, diz, é
“um assunto importante de ser tratado”, já que este tem verificado que alunos
da EPM que frequentam aulas de chinês desde a primária, ao chegarem ao 7.º ano
acabam por optar por outras línguas como o francês, por questões de maior
facilidade, partilhou. “Também se nota que os alunos que vão aprendendo
mandarim não conseguem ter uma conversa. Há dificuldades no ensino que é
preciso colmatar”, partilhou. Filipe Figueiredo abordou ainda a questão da
sobrecarga dos alunos do 12.º ano, que têm um número mais elevado de
disciplinas comparativamente com os colegas de escolas em Portugal, partilhando
que estes saem prejudicados no cálculo das médias e no acesso às universidades
devido àquela discrepância. Rita Gonçalves – Macau in “Ponto
Final”
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