A terceira edição das Conferências da Primavera 2024, promovida pelo Centro Científico e Cultural de Macau, arrancou no dia 7 e vai decorrer até ao dia 20, em Lisboa
Do
Fórum Macau, passando pelo papel de Hengqin no desenvolvimento da RAEM ou as
relações entre a China, a União Europeia e os Estados Unidos, são vários os
temas em debate, nas Conferências da Primavera 2024, que começaram oficialmente
no dia 7 e vão decorrer até ao dia 20, em Lisboa. Organizadas pelo Centro
Científico e Cultural de Macau (CCCM), pretendem ser um encontro dos
investigadores que trabalham a Ásia, de forma que haja um intercâmbio de
conhecimentos e a promoção de novos projectos.
“O
balanço é muito positivo, com auditório cheio e adesão estrondosa”, afirmou a
presidente do CCCM, Carmen Amado Mendes, nestes primeiros dias das Conferências
da Primavera 2024. Contando com um número total de 180 participantes, entre os
vários momentos ao longo do programa, a académica salienta alguns: “Mais do que
destacar comunicações, gostaria de destacar a tarde cultural de Macau
[declamação de poesia e uma atuação musical, em patuá], o lançamento de vários
livros, uma mesa redonda de Estudos Asiáticos na Península Ibérica, a
participação via zoom de oradores de Macau, como José Luís Sales Marques
[economista e ex-presidente do Instituto de Estudos Europeus] e a inauguração
de uma exposição”.
O programa deste ano
As
Conferências da Primavera 2024 estão divididas em áreas temáticas. A primeira
parte, prévia à abertura oficial, decorreu à porta fechada e foi dedicada aos
jovens investigadores (de 4 a 6 de Março). Depois do arranque formal, no dia 7,
decorreu então a parte dedicada a Macau (8 e 9 de Março), estando agora em
curso a apresentação de trabalhos sobre a China continental (11-16 de Março). A
última parte é dedicada à Ásia (18 e 19 de Março), com trabalhos sobre a Índia,
Japão, Coreia e Timor.
Nos
dias dedicados aos jovens investigadores, foram apresentadas propostas de tese,
ainda em fase muito inicial de pesquisa. Com temas tão diversificados como “A
nova rota da seda e o sul global: a China num mundo com vários polos” ou “O
papel da China nas Nações Unidas: governação e soberania digital com
características chinesas”, os doutorandos expuseram as suas ideias e ouviram os
comentários dos investigadores seniores.
No
que toca aos temas sobre Macau, contando com quase 40 investigadores,
debateram-se trabalhos como “Piratas nos mares de Macau: práticas e redes
sociais”, pelo académico português Alfredo Gomes Dias, “Escravatura em Macau
nos séculos XVIII-XIX: uma abordagem quantitativa”, pelo investigador Paulo
Teodoro de Matos, e “Novos contratos de jogo e a recuperação do património: corporate
social responsibility”, da autoria da arquitecta de Macau, Maria José
Freitas. Outros temas mais ligados à língua e cultura incluíram
“(Auto)biografar identidade(s) macaense(s) e a diáspora: The wind amongst
the ruins, de Edith Jorge Martini”, pelo académico Rogério Puga, ou
“Graciete Batalha: bom dia s’tora”, pela historiadora Celina Veiga de Oliveira.
Quanto
à China, em discussão estão trabalhos como “BRI: um novo paradigma de
cooperação para o desenvolvimento? Perspectivas da Rota da Seda Marítima”, pela
investigadora da Université Mohammed VI Polytechnique, Ana Cristina Dias Alves,
e “45 anos de relações diplomáticas: como estão as relações económicas
luso-chinesas?”, por Rui Pereira, da Direcção-Geral das Actividades Económicas
do Ministério da Economia de Portugal. No painel China-UE-EUA, estão em debate
tópicos como “A política económica e de segurança da UE e suas consequências no
relacionamento com a RPC”, por José Luís de Sales Marques, assim como “A
rivalidade sino-americana e as relações entre a China e a União Europeia”, pelo
investigador Wang Fei Ling.
Por
seu turno, no que toca à Ásia, destacam-se tópicos como “A União Europeia e o
apoio à integração no sudeste asiático”, por Sara Medina, da Sociedade
Portuguesa de Inovação, e “Relações entre o Médio Oriente e as potências
indo-asiáticas”, por Carlos Leone, do Centro de Estudos Globais, Universidade
Aberta.
O
encerramento oficial das Conferências da Primavera 2024 terá lugar no dia 20,
com intervenções online dos representantes diplomáticos de Portugal na
Ásia, incluindo o cônsul-geral de Portugal em Macau e de Hong Kong, Alexandre
Leitão, e a diretora do IPOR, Patrícia Ribeiro, além da participação presencial
dos embaixadores asiáticos em Lisboa.
Da pandemia a uma iniciativa anual
A
ideia de organizar esta conferência nasceu durante a pandemia de COVID-19, “com
o objectivo de criar um polo agregador, mobilizando o largo número de
investigadores portugueses que desenvolvem trabalhos sobre a Ásia”, afirmou
Carmen Amado Mendes, durante a sessão de abertura.
Depois
de um workshop por zoom, na primavera de 2021, com os diferentes
investigadores, percebeu-se então que a comunidade portuguesa a trabalhar sobre
a Ásia era muito maior do que inicialmente se supunha, com destaque particular
para a China, incluindo a RAEM. “Isto levou a que, mais tarde, as conferências
ficassem com dois dias dedicados a Macau, cinco dias dedicados à China e três
dias sobre a restante Ásia, com destaque para a Índia e Japão”, explicou a
presidente do CCCM.
Dirigidas,
sobretudo, aos investigadores portugueses que estudam a Ásia, dentro e fora de
Portugal, esta iniciativa, que já vai na sua terceira edição, tem vindo, ao
longo dos anos, a abrir a participação a estrangeiros que têm algum contacto
com a realidade lusa. “É expectável que a presença internacional nas
conferências tenha tendência a ser cada vez mais visível nos próximos anos”,
diz Carmen Amado Mendes, até porque “o CCCM é membro de um consórcio com
universidades e think tanks de topo a trabalhar num projeto financiado
pela Comissão Europeia no âmbito do programa Horizonte Europa, o Reconnect
China”. Este ano, por exemplo, no dia 15 de março, haverá uma mesa-redonda
de cooperação Península Ibérica – Ásia, que inclui investigadores de
universidades portuguesas e espanholas. In “Ponto
Final” - Macau
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