Os professores de português na Venezuela estão a fazer um “trabalho extraordinário” com o ensino da Língua Portuguesa, que continua a avançar apesar dos frequentes apagões elétricos e falhas na Internet, avaliou hoje a catedrática portuguesa Adelina Moura
“É
muito importante o que está a fazer a coordenação do ensino de português na
Venezuela. É extraordinário”, disse Adelina Moura à Agência Lusa.
A
catedrática, que participou nas “IX Jornadas para professoras de Língua
portuguesa na Venezuela”, deu, durante três dias, formação virtual subordinada
ao tema “Entre o analógico e o digital”, a mais de uma centena de docentes de
português.
Adelina
Moura começou por explicar que já em 2016 (presencial) e 2020 (à distância)
tinha feito formação a docentes daquele país latino-americano e que direcionou
a atual formação “tendo em mente as dificuldades que os professores na
Venezuela têm por causa do acesso à internet por causa da falta, às vezes, de
eletricidade e de equipamentos informáticos para os alunos”.
Precisou
que “os alunos usam muito, na Venezuela, os telemóveis em vez do computador”,
mas que “hoje já há muitas aplicações que podemos utilizar e que beneficiam os
alunos que usam os seus smartphones para aprender”.
“Dei-lhe
o título ‘Entre o analógico e o digital’ porque enquanto a pandemia não nos
libertar vamos continuar a viver estas situações híbridas à distância e
presencialmente (…) O que vejo nos professores da Venezuela é que houve uma
necessidade imperiosa de continuar as práticas educativas usando tecnologia e
isto foi muito importante para muitos professores que não eram muito
proficientes com a tecnologia e também não acreditavam muito no seu poder”,
explicou a catedrática.
Segundo
Adelina Moura, com a pandemia os professores tiveram de fazer “o possível e o
impossível” para não deixar os alunos locais para trás e por isso “em termos
tecnológicos, deram-se passos de gigante” que permitiram “abrir os olhos” com
relação à visão da tecnologia digital na educação, apesar de que desde há anos,
os docentes recebiam formação nessa área.
“O
que devemos fazer é não perder este entusiasmo fantástico que se criou, em
relação à Venezuela. No ano passado eu senti os professores muito aflitos,
ansiosos. Havia uma enorme incerteza e angústia pelo que viria pela frente (…)
hoje vejo professores a dizer que já usam algumas plataformas e a compartilhar
as suas práticas e experiências, e temos que continuar a apoiá-los porque já não
se trata de saber pela rama, mas de aprofundar o conhecimento de potenciar as
tecnologias digitais na educação”, explicou.
Durante
a formação, foram explorados materiais manipulativos, em que os alunos podem
interagir com as plataformas e criar os seus próprios materiais também.
Também
a criação de jogos pedagógicos e interativos, virtuais e analógicos,
direcionados para a literatura, e a criação de apresentações dinâmicas e
interativas.
“Apresentámos
também uma plataforma nova que é o ‘Milage Aprender+’, coordenada e
desenvolvida pela Universidade do Algarve em Portugal e (…) ideias para novas
estratégias e práticas pedagógicas”, explicou a catedrática.
Adelina
Moura precisou que além de docentes da Venezuela participaram na formação
professores do Brasil, Itália, Áustria, EUA, Espanha, Paraguai, Alemanha,
Indonésia, Argentina, Austrália, Timor-Leste, México, Portugal, Colômbia, Peru,
Guiné-Bissau e Angola.
“Portanto,
não foram só professores da Venezuela, conseguiu-se atingir um grupo bastante
diversificado de professores que estão ligados com o ensino da língua do
português como língua estrangeira no mundo”, frisou.
Segundo
dados da Embaixada de Portugal na Venezuela, em dezembro de 2020, quase 5500
alunos venezuelanos aprendiam português no sistema oficial venezuelano. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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