A
Escola Portuguesa Santos, uma das mais respeitadas instituições da cidade,
completou 100 anos de história no último dia 24 de julho, com muitos motivos
para comemorar.
Quando
foi criada, no início do século passado, tinha a finalidade de oferecer uma
educação de qualidade aos descendentes de portugueses mais abastados e manter
viva a cultura lusitana no Brasil. Atualmente, a instituição atende 120 alunos
em situação de vulnerabilidade social, com idades entre três e seis anos,
residentes nas áreas do Paquetá, Vila Nova, Centro e Monte Serrat (todas em
Santos).
Além
de educação pré-escolar gratuita em período integral, a instituição oferece
uniformes de verão e inverno, material didático, quatro refeições diárias,
aulas de informática educativa e, recreação diversa.
Instalada
em prédio próprio no número 79 da Rua Sete de Setembro, na Vila Nova, em
Santos, a escola possui quatro salas de aula, uma sala de informática, uma
brinquedoteca, um pátio que também funciona como refeitório das crianças, uma
cozinha, um parque infantil (que em breve será reformado), uma biblioteca em
construção, banheiros adaptados para os pequenos, além das dependências
administrativas e pedagógicas.
Para
manter toda essa estrutura, a escola conta com equipe de 16 profissionais: uma
diretora, uma coordenadora pedagógica, oito professoras (duas por sala), uma
nutricionista, duas cozinheiras, duas funcionárias na secretaria e uma nos
serviços gerais.
“A
manutenção da Escola Portuguesa é feita coma a contribuição de padrinhos,
muitos deles da comunidade portuguesa, que contribuem com 30% das despesas. A
Prefeitura de Santos prove uma subvenção que representa 40%, os 30% restantes
são apurados através de eventos promovidos pela Escola: almoços, jantares,
festas como o “Dia de Portugal”, para suprir e complementar a necessidade
financeira”, explica o presidente da escola, José Augusto do Rosário.
Diversas atividades marcaram o centenário
•Comemoração
na escola
•Missa
em Ação de Graças
•Lançamento
da “cápsula do tempo”
•Reencontro
na Escola Portuguesa de ex-alunos (para novembro)
•Exposição
de fotos históricas
•Formatura
da turma do Centenário (dezembro)
E
mais atividades em 2022
Comemorações do centenário
Para
marcar seu centenário, a instituição preparou uma série de atividades. Na tarde
do último dia 23, foi organizada uma pequena comemoração na escola, com bolo e
parabéns, e a participação de diretores, professores, mantenedores,
funcionários e alguns ex-alunos.
No
dia 24, sábado, uma missa em “Ação de Graças” foi celebrada na Catedral em
homenagem ao centenário, e na sequência, na escola, foi realizada cerimônia de
lançamento da “cápsula do tempo” com as mensagens dos alunos, ex-alunos,
professoras, funcionários e diretores da escola para os alunos do futuro. A
cápsula será aberta daqui a 25 anos.
Um
reencontro na Escola Portuguesa de ex-alunos de todas as épocas, ex-diretores,
ex-funcionários, dentre outros que fizeram a história da instituição está previsto
para o dia 26 de novembro, às 17 horas. Na mesma data e local, a partir das 18
horas, será inaugurada a exposição de fotos históricas da Escola Portuguesa,
organizada pela Fundação Arquivo e Memória, organismo ligado à Prefeitura de
Santos. E no dia 11 de dezembro, às 10 horas, será promovida formatura da turma
do Centenário.
Já
em 2022, no dia 26 de março, às 18 horas, será lançado o vídeo documentário
comemorativo, produzido com depoimentos de vários ex-alunos da Escola
Portuguesa. Ainda dentro das comemorações do Centenário, haverá uma Sessão
Solene na Câmara Municipal de Santos, tão logo se permita sessões presenciais
na Câmara.
Encerrando
as festividades dos 100 anos da escola, no dia 24 de julho (de 2022),
aniversário da escola, haverá o lançamento de livro comemorativo do Centenário,
que contará a história dos 100 anos da Escola Portuguesa, escrito pelo
jornalista Paulo Rogério, com depoimentos de ex-alunos, funcionários e antigos
diretores.
Portugueses de Santos deram início à história em 1921
A Escola
Portuguesa fundada em 24 de julho de 1921 por um grupo de portugueses, na
região central de Santos, pois no início do século passado era um local nobre,
onde moravam as famílias das mais abastadas da cidade.
Com
o passar dos anos, com a expansão da cidade para os bairros mais próximos da
orla, a região foi se desvalorizando e passou a ser ocupada por famílias de
baixa renda. Como já não estava mais cumprindo o propósito para a qual tinha
sido fundada, em 1971, a instituição precisou interromper suas atividades.
Após
um hiato de quase 15 anos (onde parte do tempo permaneceu fechada e outra sendo
usada pelo Sesi), em 10 de maio de 1986, representantes da comunidade
luso-brasileira, comprometidos com a cultura e com a história da entidade,
decidiram reabrir o estabelecimento, assumindo sua direção.
Nesta
segunda fase, a Escola Portuguesa passou a atender, exclusivamente, crianças em
situação de vulnerabilidade. Com a retomada, a direção pedagógica ficou a cargo
de Maria Regina M. Prieto Franco, que ocupa o cargo até hoje. A seleção da
primeira turma, segundo a diretora, foi feita com a ajuda da Catedral de
Santos.
“Eu
gosto muito daqui, a escola é minha vida. A criança vem para a escola para ter
um ambiente especial. Um local para brincar, fazer amizades, aprender e
sobretudo ser feliz. O maior objetivo nosso é, a criança estando dentro da
Escola Portuguesa, tem que estar feliz”, destaca a diretora Regina.
Lembranças marcantes
A
professora e escritora Regina Alonso estudou na Escola Portuguesa na década de
50 e lembra com carinho daquela época, bem como dos amigos de classe e da
professora, que serviu de inspiração para a escolha de sua profissão. “Foi
muito importante aprender um pouco da história e da cultura de Portugal, eu
adorava saber sobre os rios de Portugal, cantar o hino de lá, eu viajava nisso,
e assim eu percebia que nem todos os países eram iguais”.
O
engenheiro Luiz Henrique Monteiro Simões frequentou a instituição na década de
60 e se emociona sempre que visita o local. “Eu morava bem ao lado da escola, e
com quatro para cinco anos, antes mesmo de estudar lá, eu ficava observando
meus irmãos, pelo muro da minha casa, e morria de vontade de estar lá. O que me
faz lembrar sempre daqui é quando eu ouço o hino de Portugal, porque a gente
cantava todos os dias os hinos de Portugal e do Brasil. E isso até hoje me
emociona e me faz lembrar da escola”.
Filho
de portugueses da Ilha da Madeira, o empresário Vitor de Souza sente muita
saudade da época em que estudou na escola, na década de 50. “Sempre que venho
aqui, eu lembro da minha infância, das minhas queridas professoras, da
diretora, da disciplina e o que eles colocavam na gente era o respeito à
família, à pátria, e colocavam também um pouco de Portugal na vida da gente”.
Colega
de classe de Vitor, a empresária Cida Prudente Duarte passou parte da infância
na escola. “A gente cantava o hino de Portugal, fazia fila, ensaiava para as
festas de final de ano, foi uma época muito boa, aprendi a ter disciplina e
muito respeito por todos. Toda vez que venho aqui fico muito feliz, passa um
filme na minha cabeça”.
O
comerciante Manoel Ferreira não consegue segurar as lágrimas ao falar do tempo
da escola. “Em Portugal, não tive condições de estudar, e aqui consegui
realizar esse sonho”. In “Mundo Lusíada” - Brasil
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