Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Macau - Teatro D. Pedro V reflecte “equilíbrio” entre defesa e reutilização do património

O modelo de gestão do Teatro D. Pedro V comprova que é possível atingir uma relação de “equilíbrio” entre a protecção e reutilização do Património, defendeu o Instituto Cultural ao Jornal Tribuna de Macau. Desde 2019, o Teatro acolheu quase 500 actividades e tem atraído uma média anual de 80 mil visitantes. O líder do Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia concorda com a análise do IC e, inclusive, defende que a solução adoptada no histórico do Teatro deveria ser aplicada noutros edifícios classificados


O actual modelo de gestão do Teatro D. Pedro V “já alcançou o objectivo da promoção do património” e atingiu um ponto de “equilíbrio entre preservação e a reutilização”, sublinhou o Instituto Cultural (IC) numa resposta ao Jornal Tribuna de Macau.

Construído em 1860, o Teatro D. Pedro V é “um dos mais importantes edifícios” incluídos no Centro Histórico de Macau, classificado pela UNESCO como Património Mundial em 2005, salientou o IC, recordando que foi o primeiro teatro de estilo ocidental na China, acolhendo inúmeros espectáculos de ópera, música e dança, além de outros eventos públicos e celebrações.

Estando em causa um edifício que, por um lado, está classificado como Património Mundial e, por outro, é um espaço de eleição para actividades culturais, “é preciso encontrar um equilíbrio entre a sua protecção e reutilização”, reforçou o organismo, sustentando que o sucesso dessa meta está espelhado, desde logo, no facto do histórico Teatro ter vindo a registar uma média de 80 mil visitantes por ano.

Na mesma resposta à Tribuna de Macau, o Instituto Cultural revelou também que o Teatro D. Pedro V serviu de palco a 198 actividades durante o ano de 2019 e 153 eventos organizados em 2020. Entre Janeiro e Julho deste ano, acolheu já 132 actividades.

A Associação dos Proprietários do Teatro D. Pedro V tem emprestado a maior parte do espaço ao Instituto Cultural, que assumiu a responsabilidade da manutenção do edifício. Desta forma, os proprietários não ficam sobrecarregados com os custos e o IC pode coordenar melhor a utilização dos espaços culturais no território.

Para o presidente da Associação de Promoção do Desenvolvimento de Distritos, responsável pelo Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia, o modelo aplicado no Teatro D. Pedro V “merece ser promovido” como exemplo para a gestão de outros edifícios classificados como património na RAEM. “Este modelo de gestão do património cultural ainda é muito raro, mas é bastante necessário”, considerou Chan Tak Seng.

Na perspectiva do líder do Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia, a protecção e manutenção dos imóveis do património cultural requerem dois factores cruciais: dinheiro e técnicas de preservação. “Ambos os elementos são necessários para garantir os trabalhos de manutenção. De uma forma geral, normalmente, os proprietários individuais de edifícios do património não são capazes de suportar custos elevados nem possuem técnicas de preservação”, frisou.

Em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, Chan Tak Seng expressou concordância com a análise do IC sobre o aproveitamento do Teatro D. Pedro V, referindo que a cooperação com o Governo é mais comum nos países ocidentais. “Os governos também podem ajudar a preservar o património imaterial. Por exemplo, Singapura ajudou a manter um tipo de gastronomia, que enfrentava um elevado risco de extinção”, apontou.

Na sua opinião, depois de ter sido uma referência para a organização de actividades recreativas da comunidade portuguesa de outrora, o Teatro D. Pedro V oferece ainda hoje um palco excepcional para eventos artísticos e culturais, afirmando-se como uma das mais antigas testemunhas do desenvolvimento das artes performativas em Macau.

Chan Tak Seng realçou também que os edifícios classificados como Património Mundial converteram-se em bens de todos os seres humanos, o que acarreta uma responsabilidade acrescida. “Hoje em dia, é muito importante promover a salvaguarda do património, porque se o deixarmos desaparecer a sociedade sofrerá uma perda cultural”, rematou. Catarina Pereira e Viviana Chan – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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