O novo presidente do Instituto Camões – da Cooperação e da Língua, João Ribeiro de Almeida, falou à ONU News sobre o avanço do idioma e o aumento do interesse pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP. Desde a última Cimeira do bloco, em Luanda, em julho, a entidade já soma dezenas de observadores incluindo o Estados Unidos, França e Índia
Falado
num universo de mais de 280 milhões de pessoas, o português vê aumentar a sua
importância como língua de cultura e língua de negócios. A declaração é do
presidente do Instituto Camões – da Cooperação e da Língua, o embaixador
português, João Ribeiro de Almeida.
Ele falou à ONU News, diretamente de Lisboa, sede do Camões, sobre o aumento da importância geopolítica do idioma, especialmente nos últimos anos.
Hemisfério Sul
“Sim
porque a língua portuguesa é uma língua de educação, de cultura, de
aproximação, de pontes, mas também é uma língua... E não podemos esconder isso,
pelo contrário, temos que o assumir. É uma língua de negócios, é uma língua de
ciência, é uma língua de inovação e de conhecimento, cada vez mais.
Aliás,
o Instituto Camões, na sua rede de Cátedras no Estrangeiro, tem apoiado muito a
formação de cátedras que tenham a ver com a ciência, a inovação e a tecnologia,
e obviamente também, a língua de negócios.
"Porque
a língua portuguesa é um grande ativo em todo o mundo já. A Mónica sabe disse,
mas eu vou repetir aqui para todos: o português já é uma das línguas mais
faladas no Hemisfério Sul na internet. Imaginem o que isto tem de potencial
para poder levar o mais avante possível tudo o que tem a ver também como uma
língua de negócios. Portanto, o português cada vez mais a afirmar-se como uma
das línguas globais em todo o mundo.”
Tétum
João
Ribeiro de Almeida é embaixador de carreira e já representou Portugal em países
como Argentina e Colômbia. Nos anos 2000, ele serviu no Timor-Leste, onde viu
nascer o país do sudeste asiático que escolheu o português como língua oficial
ao lado do tétum, em 2002.
Na
entrevista à ONU News, João Ribeiro de Almeida lembrou também a criação da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa, há 25 anos, que reunia, naquela época, apenas algumas nações
associadas. Mas com o fortalecimento de
blocos regionais e comerciais como Mercosul, União Europeia e União Africana,
intensificou-se o interesse pela CPLP, que está presente em quatro continentes.
Hoje,
a entidade é procurada, cada vez mais, por nações interessadas na esfera de
atuação da CPLP, que acompanha a do português, indo das Américas à Ásia
passando por África e Europa.
Angola
Na
última Cúpula de Chefes de Estado e Governo, por exemplo, em Luanda, capital de
Angola, países como Estados Unidos, Índia, Espanha, Canadá e Catar se
associaram ao bloco integrando uma lista que já tinha Reino Unido, França,
Japão e outras nações que não falam o idioma.
Na
íntegra da entrevista, que será publicada nesta sexta-feira, na página da ONU
News, o presidente do Camões também citou o caso do Timor-Leste, onde segundo
ele, o português vem crescendo em número e importância.
João
Ribeiro de Almeida lembra que quase todos os estudantes agora do ensino
superior em Timor-Leste reconhecem a relevância da língua portuguesa como uma
marca da nacionalidade timorense e uma diferenciação de outras nações vizinhas
como Austrália e Indonésia.
Samba e fado
Para
o embaixador, uma das apostas do Camões é também a cultura, que cria pontes de
promoção da língua.
“Porque
há muita gente que chega à língua portuguesa pela cultura. Há muita gente que
chega, pela primeira vez, à língua portuguesa porque se apaixona pela cultura
em língua portuguesa. Não tem que ser cultura somente de Portugal, pode ser
cultura brasileira, angolana. Quantas vezes, nós descobrimos pessoas que dizem:
‘e, pá, aquele samba é tão bonito, mas eu queria perceber o que eles dizem’,
isso, os nossos amigos estrangeiros, a mesma coisa com o fado... Então, há
muita gente que chega à língua pela cultura em língua portuguesa. E nós temos que procurar e tentar organizar
toda esta gente.”
Atualmente,
o Instituto Camões – da Cooperação e da Língua gere 51 leitorados e 83 centros
de língua portuguesa. A entidade mantém
ainda protocolos de apoio à ciência em 312 universidades no mundo em 76 países
e lidera 55 cátedras.
Até
o fim do ano, o Instituto Camões deve abrir mais dois Centros de Língua na
América Central. ONU News – Nações Unidas
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