O cartoonista Rodrigo de Matos, colaborador dos jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal, é um dos 56 semi-finalistas do concurso “Libex 2021”, organizado em Itália. O cartoon, inédito, mostra um olhar sobre a questão do politicamente correcto e da “cultura do cancelamento”
A
caneta usada pelo jornalista é a aquela que, ao mesmo tempo, corta a sua mão.
Foi esta a metáfora usada por Rodrigo
de Matos, cartoonista dos jornais Ponto Final e Expresso,
para participar na terceira edição do concurso internacional “Libex 2021”,
organizado em Itália e dedicado exclusivamente a cartoonistas profissionais.
Rodrigo
de Matos, que foi convidado a concorrer, está entre os 56 semi-finalistas,
sendo que os dez finalistas do concurso só serão conhecidos no início do próximo
mês. Este ano o tema da iniciativa é a “cultura do cancelamento e o
politicamente correcto”, tendo o cartoonista optado por um inédito para chamar
a atenção para o que se passa em todo o mundo.
“Esta
questão do politicamente correcto, da limitação da linguagem e das visões
políticas é um problema mundial. Há uma bifurcação muito grande na sociedade.
Esta é uma tendência que se observa em que tudo o que nos cerca acaba por levar
a um duelo que é de extremismo político”, aponta.
Rodrigo
de Matos considera que a pandemia da covid-19 só veio tornar mais evidente esse
cenário. “Na situação actual da covid-19, que é uma questão essencialmente
científica, em que as decisões deveriam ser tomadas sempre com critérios
científicos, vemos que a actuação das pessoas tem sido muito política.”
Sem
saber o que os outros concorrentes apresentaram a concurso, Rodrigo de Matos
diz não pensar muito em ganhar. “É bom [estar entre os semi-finalistas]
sobretudo num concurso que não é aberto a cartoonistas amadores. A maior parte
dos participantes são nomes conhecidos nos seus países, e só estar entre esses
convidados já diz alguma coisa.”
Chamas de criatividade
O
ano passado Rodrigo de Matos também chegou ao grupo dos 55 semi-finalistas com
um cartoon publicado no Ponto Final que versava sobre as celebrações de
Tiananmen em Macau. Este ano a opção de levar um cartoon inédito a concurso foi
algo natural.
“Normalmente
concorro com coisas já publicadas, mas estive a verificar os meus desenhos e,
com este tema, e eram todos muito presos a um tema muito específico e à notícia
em si. Não tinham uma leitura tão abrangente sobre este assunto.”
Rodrigo
de Matos confessa que a pandemia da covid-19 lhe trouxe uma nova visão
criativa. “Sempre que ocorrem coisas assim no mundo, fora do normal, são
pequenas centelhas que acendem a chama da criatividade. São coisas que
despertam sempre o nosso olhar crítico para o que se passa à nossa volta, e de
facto tem sido um período [produtivo]. Há muita coisa para fazer cartoons e
situações que merecem a nossa veia crítica”, referiu.
Para
o concurso “Libex 2021” foram convidados 160 cartoonistas de um total de 55
países. Andreia Silva – Macau in “Hoje Macau”
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