O
apoio de Portugal e da comunidade lusa na Venezuela tem permitido manter a
funcionar um lar de idosos na cidade de Maracay, estado de Arágua (120
quilómetros a oeste de Caracas), onde a covid-19 intensificou as dificuldades
da crise no país.
“A
situação complicou-se [com a crise socioeconómica e política] e com a pandemia
muito mais. A nossa sorte também é que o Governo português não nos abandonou,
as entidades governamentais portuguesas têm-nos ajudado através de um subsídio
que nos dão anualmente”, explicou o presidente do Lar Geriátrico
Luso-venezuelano.
Em
declarações à agência Lusa, Marcelino Canha explicou que apesar das
dificuldades que as empresas luso-venezuelanas enfrentam “ultimamente” têm
conseguido mais “algum tipo de ajuda, pequena, mas que é de grande ajuda, de
alguns comerciantes portugueses, de supermercados”.
“Com
isso temos conseguido sobreviver. Digamos que estamos a sobreviver a esta
grande crise mundial e da Venezuela- (…) Nunca recusamos nada e privilegiamos a
qualidade em vez da quantidade”, explicou Marcelinho Canha, admitindo que por
vezes há dificuldades acrescidas.
No
entanto, explicou, a atual direção, “com a compreensão dos funcionários”,
conseguiu “melhorar o funcionamento do lar, na parte administrativa, na
alimentação e outras coisas” e a aposta é dar continuidade ao bom trabalho que
era feito anteriormente e tentar melhorar dia a dia.
“Isto
e muito sacrifício, isto custa muito, mas temos uma grande vantagem é que a
atual direção tem um espírito enorme de cooperação e de vocação, e isso é meio
caminho andado”, frisou Marcelino Canha.
Questionado
sobre os altos preços e as dificuldades na obtenção de medicamentos na
Venezuela, o presidente do Lar Geriátrico Luso-venezuelano de Maracay explicou
que conseguem alguns remédios através de uma das médicas que colabora com
aquela instituição e através do Consulado Geral de Portugal na vizinha cidade
de Valência.
“Os
outros temos que pagar. Algumas vezes os familiares colaboram e assim vamos
andando (…). O fundamental é que as pessoas sintam esse carinho”, disse,
recordando que alguns dos internos têm Alzheimer e outras doenças.
Marcelino
Canha salientou que também há alguns pacientes que entendem perfeitamente a
situação e o modo como são recebidos e tratados.
“O
grande segredo deste lar é exatamente esse. Temos alguma coisa que não deve ser
abundante em todo o mundo: que apesar de não haver gasolina [para o transporte]
e de outras dificuldades, um ou dois diretores estão aqui constantemente, sem
horas de entrar nem de sair, pendentes de tudo, apesar de os trabalhadores
serem pessoas competentíssimas e com uma vasta experiência”, explicou.
Fundado
em 10 de junho de 2006, o Lar Geriátrico Luso-venezuelano de Maracay acolhe
atualmente 35 pessoas – há uns anos eram 47 pessoas, entretanto alguns
conterrâneos regressaram a Portugal, outros os familiares entenderam que havia
condições para os receber e “três ou quatro infelizmente morreram”.
“Não
tivemos nenhum óbito devido à pandemia [de covid-19], porque implementámos uma
disciplina férrea, que no princípio custou muito, mas as pessoas entenderam que
era para o bem de todos”, disse.
Segundo
Marcelino Canha, antes estava permitido “sair para fumar um cigarro ou tomar um
cafezinho e também ir à Casa Portuguesa de Arágua», do outro lado da rua, mas
tudo isso agora está restringido.
“Fomos
estritos e por isso tivemos apenas um só caso de covid-19, há uns dois meses,
que recuperou bastante bem (…) temos sido abençoados por Deus, digamos assim”,
concluiu.
Desde
março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um
sistema de sete dias de flexibilização, seguidos de sete dias de confinamento
rigoroso. In “Correio de Venezuela” - Venezuela
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