Iniciativa quer combater a desnutrição e a fome doando alimentos aos necessitados. Mais de um terço da população timorense enfrenta insegurança alimentar, ONG vê mulheres e jovens atuando para mudar atual cenário
O
Sistema das Nações Unidas em Timor-Leste criou um banco de alimentos no país em
parceria com o Programa de Capacitação para Mulheres Jovens Adolescentes,
Pro-EMA.
A
fundadora e diretora da ONG, Simone Barbosa de Assis, disse que alimentos e
serviços relacionados serão usados como um veículo de mudança. O plano é reaproveitar
comida ou ingredientes, perecíveis ou não, para fazer refeições em cozinhas
solidárias.
Fome e desnutrição
“O
nosso objetivo é apoiar a comunidade, ajudar os comerciantes e as empresas na
redução do desperdício de alimentos. Nós sabemos que Timor-Leste tem um alto
nível de desnutrição e necessidades em termos alimentares. Nós acreditamos que
a redução do desperdício é um caminho para resolver o problema da fome e
desnutrição em Timor-Leste. Por isso, todos nós devemos somar esforços para,
junto a esse novo projeto do banco alimentar, podermos conscientizar as
pessoas, a sociedade civil e o governo de que todos nós podemos lutar contra a
fome e desnutrição no Timor-Leste.”
Para
o coordenador-residente da ONU em Timor-Leste, Roy Trivedy, a iniciativa é “uma
etapa inovadora, oportuna e transformadora para lidar com a desnutrição e a
fome por fornecer alimentos aos necessitados”.
A
inauguração acontece um mês antes da Cúpula de Sistemas Alimentares 2021 que
reunirá líderes internacionais em Nova Iorque.
A
atividade do banco de alimentos começa quatro meses após a queda de chuvas que
afetaram mais de 30 mil lares timorenses. A situação levou as autoridades a
acolher centenas em centros e abrigos na capital Díli.
Consumo
As
fortes chuvas causaram enchentes e deslizamentos de terra, no país que já tinha
cerca de 430 mil pessoas em insegurança alimentar crónica severa e moderada. O
número equivale a 36% da população.
Entre
os principais fatores que contribuem para a situação estão os baixos níveis de
produtividade agrícola, da qualidade e quantidade de consumo de alimentos e de
estratégias de subsistência.
Combinados
à alta dependência numa estratégia de subsistência, estes motivos ditaram a
manutenção de um o índice de pobreza a 42%, aliada à desnutrição crónica.
Na
parceria, a Pro-EMA deve fazer contatos e aumentar a consciência de entidades
como empresas, supermercados, hotéis, restaurantes, igrejas e agências
governamentais locais para incentivar doações de alimentos.
Comunidades
Cadeias
alimentares também serão aproveitadas. Por exemplo, agricultores com alto desempenho
ou com produtos pouco atraentes e a parte excedente da produção de fábricas ou
encomendas de comerciantes.
Para
produtos com prazos a expirar, o banco de alimentos pretende contatar
indústrias e inspetores de alimentos para garantir que estes sejam seguros e
legais para distribuição e consumo.
Já
alimentos ou produtos que não sejam utilizados em cozinhas solidárias de
comunidades, o destino serão orfanatos, abrigos ou organizações atuando na
distribuição alimentar.
Escolas
Com
os planos de encerramento de campos de deslocados, muitas famílias retornarão
para as suas casas e comunidades. Em seis meses, a parceria prevê montar
cozinhas comunitárias solidárias que semanalmente fornecerão refeições
nutritivas priorizando crianças e grávidas.
Novos
alunos terão aulas teóricas e práticas sobre nutrição num curso de gastronomia
sustentável para campos de deslocados, sedes de aldeias, organizações
comunitárias, escolas ou cozinhas de líderes da comunidade.
A
ideia é promover a responsabilização individual no combate à desnutrição e ao
desperdício alimentar.
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