Um
grupo de paleontólogos apresentou, num estudo publicado na revista científica
Plos One, o “mais completo fóssil de pterossauro brasileiro”, réptil voador
extinto e parente dos dinossauros, segundo fontes acadêmicas.
O
animal, um tapejarídeo encontrado na Chapada do Araripe, no nordeste
brasileiro, preserva a maior parte dos seus ossos e restos de tecidos moles,
num estudo alavancado por uma equipa de investigadores de quatro universidades
do Brasil e uma de Portugal.
O
artigo, coordenado por Fabiana Costa (Universidade Federal do ABC, no estado
brasileiro de São Paulo), tem como primeiro autor Victor Beccari, da
Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Nova de Lisboa. Além dos dois
cientistas, o grupo também conta com investigadores da Universidade Federal do
Pampa (estado do Rio Grande do Sul), Universidade Estadual Paulista, USP e
Museu da Lourinhã (Portugal).
Os
tapejarídeos do Aripe – pterossauros sem dentes e com gigantescas cristas no
topo da cabeça – eram conhecidos, até agora, apenas por fragmentos e esqueletos
incompletos.
“Até
o momento são conhecidos tapejarídeos do Brasil, China, Espanha e Marrocos. São
pterossauros sem dentes e costumam ter cristas cefálicas que ocupam até três
quartos da superfície do crânio. Apesar de ser conhecido por inúmeros fósseis,
espécimes completos são muito raros”, explicou Victor Beccari, citado num comunicado
da Universidade Nova de Lisboa.
Este
fóssil completo, armazenado no Instituto de Geociências da Universidade de São
Paulo, é um desses casos excecionais.
Proveniente
da Formação Crato, o material foi interceptado pela Polícia Federal brasileira
em 2014, numa operação que apreendeu mais de 3000 fósseis que seriam
contrabandeados para a Europa, Estados Unidos da América e outros países do
hemisfério norte.
Uma
vez depositado na USP, parte deste material apreendido, incluindo este
pterossauro, encontra-se na exposição “Fósseis do Araripe” do Museu de
Geociências desta instituição.
O
esqueleto, que os investigadores consideram como “provavelmente o mais
excecional já encontrado no Brasil”, pertence à espécie ‘Tupandactylus
navigans’, animal anteriormente conhecido apenas por crânios isolados.
O
animal possui mais de dois metros e meio de envergadura e conta com uma crista
de cerca de meio metro de altura no topo da cabeça. Ao ser descrito, o
pterossauro foi ainda submetido a tomografias computadorizadas, o que
possibilitou a observação de estruturas ainda enterradas em sedimento.
A partir
do estudo da sua anatomia e comparações com outras espécies conhecidas de
pterossauros, concluiu-se que este animal teria passado a maior parte do tempo
alimentando-se em terra firme, não sendo muito bom voador.
“Este
fóssil brasileiro é de importância mundial e será visto como a Pedra de Roseta
deste tipo de pterossauros, num estudo que tem como primeiro autor Victor
Beccari, dos mais brilhantes alunos que saíram do nosso Mestrado em
Paleontologia”, elogiou Octávio Mateus, professor da Universidade Nova de
Lisboa e Museu da Lourinhã, em comunicado.
A
Chapada do Araripe é conhecida mundialmente pelos seus fósseis de pterossauros.
Estes répteis voadores extintos já povoavam os céus antes do aparecimento das
primeiras aves. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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