A
pandemia põe em xeque a década de aposta de Timor-Leste em tornar-se “uma nação
próspera e forte de rendimento médio alto até 2030”. As recentes enchentes já
mataram dezenas de pessoas e desalojaram mais de 30 mil famílias, segundo as
Nações Unidas.
Este ano, a organização projeta que a economia timorense volte a recuar, depois de ter encolhido 7% em 2020. Outro fator de impacto é a redução global das remessas, que continuará afetando “muitas famílias no próximo ano e possivelmente mais além”.
Vulnerabilidades
Para
o coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste, o duplo impacto da
Covid-19 e das recentes inundações expôs ainda mais as vulnerabilidades da
nação lusófona e coloca-a ainda mais distante de alcançar as ambições até ao
fim da década.
Roy
Truvedi considera que as duas situações são “chamadas de alerta” sobre a
necessidade de se investir na diversificação da economia, fortalecendo as
infraestruturas, consolidando o capital humano mais qualificado e reforçando as
redes de segurança social do país.
Para
construir resiliência a futuros choques, o coordenador residente defende que é
preciso mais investimento em setores como agricultura e pesca, água potável e
saneamento, energia renovável e saúde, educação e proteção social.
As
declarações foram feitas na Reunião dos Parceiros de Desenvolvimento de Timor-Leste
recentemente organizada pelo governo em Díli.
Prioridades
No
evento, o vice-primeiro-ministro timorense disse que deve ser alinhada a
assistência com as prioridades governamentais. José Maria dos Reis ressaltou as
seis áreas prioritárias que concentrarão as atenções do governo no próximo
ano.
Cooperando
com as autoridades, a ONU atuará nessas seis vertentes, com destaque ao apoio à
nutrição, segurança alimentar e agricultura sustentável. Outra é a promoção de
oportunidades económicas sustentáveis e trabalho decente para todos.
O
plano prevê ainda construir capital humano a partir do desenvolvimento da
primeira infância e apoiar a aprendizagem e as habilidades ao longo da vida. A
parceria promoverá cuidados de saúde e bem-estar de qualidade, o reforço de
governança responsável, inclusiva e participativa e dos serviços públicos de
qualidade. A ONU apoiará ainda a gestão sustentável de recursos naturais e a
resiliência de Timor-Leste às alterações climáticas.
Emergência
Ao
declarar apoio às novas prioridades, as Nações Unidas destacaram o mais recente
Relatório Económico do Banco Mundial estimando que a economia timorense deverá
contrair em quase 5% até ao final deste ano.
A
organização disse acreditar que esta contração pode ser ainda mais
significativa em 2021. O estado de emergência devido à Covid-19 foi estendido e
há uma grande probabilidade de que esse impacto seja sentido por vários anos.
Os
gastos públicos limitados podem marcar o ano de 2021, refletindo um revés
provocado pelo aumento significativo de casos na pandemia que ameaça a saúde
pública, a recuperação e a retoma de uma trajetória de crescimento sustentável.
ONU News – Nações Unidas
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