Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Macau - Fundação Macau rejeitou pedido para subsidiar a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses em 2023

Miguel de Senna Fernandes adiantou ao Jornal Tribuna de Macau que a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses não recebeu “luz verde” da Fundação Macau no que respeita aos subsídios para 2023. Após a resposta negativa, o líder associativo reclamou da decisão, mas o organismo não recuou. Ainda assim, Senna Fernandes diz que “há um gesto” da Fundação em “tentar minimizar” a situação. Sem este apoio financeiro, a APIM terá de arranjar receitas. Para já, a ideia é criar um serviço de apoio ao ensino do Português


A Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) viu o pedido de apoio à Fundação Macau para o ano de 2023 ser recusado. Depois da resposta, houve uma reclamação da decisão, mas, na réplica, o organismo liderado por Wu Zhiliang não recuou em relação à decisão já tomada, revelou o presidente da associação, Miguel de Senna Fernandes, ao Jornal Tribuna de Macau.

Preocupado com a situação da APIM, Miguel de Senna Fernandes ressalvou, ainda assim, que “há um gesto da Fundação Macau em tentar minimizar esta situação”. “Existe uma compreensão em termos de se pretender uma revisão da situação. A Fundação Macau compreende as nossas dificuldades e quer ajudar, no sentido de minimizar os custos. Estamos a aguardar o que virá ainda da Fundação, porque isto representa muito dinheiro em termos de funcionamento. A esperança é a última a morrer”, afirmou.

O problema, disse, “é sempre o critério”, que tem em conta o número de actividades levadas a cabo pelas associações. “Este critério não contempla as especificidades das situações de determinadas associações, como é o caso da APIM e outras. Tutelamos um jardim de infância. Isso é uma actividade ou uma actividade continuada? Se é continuada, conta ou não conta para efeitos de subsídio? É uma incongruência louca”.

Miguel de Senna Fernandes esclareceu que a falta de apoios financeiros da Fundação Macau não afecta o funcionamento do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, que tutela. Sem os apoios, a associação deixa de poder realizar outras actividades, como festas de Natal ou a celebração do Dia da Criança, entre outras, que, de resto, têm vindo a diminuir ao longo dos anos.

“O dinheiro não é tanto para as actividades propriamente ditas, mas para o funcionamento. É o salário do pessoal, a utilização das instalações. Tudo isto está em causa. É nisto que precisamos de pensar. Vamos ver se a Fundação Macau pode perceber isto e dar uma solução, pelo menos para este ano”, disse.

Actualmente, a associação vive praticamente com o trabalho de apenas uma pessoa, porque “não há meios”. “O Governo de Macau tem de pensar como apoiar associações desta natureza”, defendeu. “Estou em crer que a APIM não é a única que está a enfrentar estes problemas”, acrescentou.

Esta é a primeira vez, desde 1998, que a APIM fica sem apoio da Fundação Macau. “Este ano a APIM conta só consigo própria. Teve de recorrer ao dinheiro de reserva para as despesas deste ano. Mas isto não é da melhor saúde financeira para qualquer instituição”, sublinhou.

Arranjar receitas

Como a APIM não tem receitas, “vai ter de as arranjar”, observou Miguel de Senna Fernandes. Uma das ideias, para já, é criar um serviço de apoio ao ensino da Língua Portuguesa, um plano que já vem sendo pensado há algum tempo. O assunto foi discutido na última reunião da Direcção da associação, antes do Ano Novo Chinês. O líder associativo explicou que agora estão a ser feitas as projecções das despesas.

“Queremos ter o serviço implementado o mais rapidamente possível. É um serviço que faz todo o sentido, especialmente para crianças que queiram enveredar pelo ensino em Língua Portuguesa. Estamos agora a fazer projecções, o que representa em termos de dinheiro. E depois tomaremos uma ulterior decisão e pensaremos nos moldes em que será feito”, clarificou.

Para este projecto a APIM não está a pedir subsídio a nenhum organismo. “Se um dia merecer apoio de quem quer que seja, será bem vindo”, afirmou. Miguel de Senna Fernandes disse que os Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude mostraram “abertura” em relação ao plano. “Olharam para a ideia com muito agrado. É um bom passo, que nos encoraja”, acrescentou.

A ideia era que o serviço pudesse decorrer nas instalações da APIM, de forma a que não houvesse custos acrescidos nesse aspecto, porém, segundo disse, essa hipótese está fora de questão. “Haveria uma confusão entre o jardim de infância e este serviço. O universo de pessoas deste serviço não se limita apenas às crianças do Costa Nunes”, prosseguiu, acrescentando que “há um impedimento praticamente legal”.

Assim, será preciso arranjar uma solução. Neste aspecto, Miguel de Senna Fernandes frisou que qualquer apoio “será sempre bem vindo”, referindo-se a possíveis parcerias. A esperança do líder associativo é de que o serviço possa avançar já no próximo ano lectivo: “Gostaria muito, mas estas coisas demoram o seu tempo”.

Acordo para uso de instalações da APIM vai ser renovado

Miguel de Senna Fernandes adiantou ao Jornal Tribuna de Macau que em breve vai ser renovado o acordo com a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) para utilização das instalações da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM). “A APIM está no sítio onde está graças ao protocolo com o Governo de Macau através da DSEDJ, o qual termina este ano. Já negociámos e este acordo vai ser renovado”, afirmou. O presidente da associação de matriz macaense sublinhou que é do interesse de ambas as partes que a APIM continue a tutelar o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes. “É uma vantagem para as duas partes. Do ponto de vista da APIM é o serviço público que continua a exercer, e para a DSEDJ também, para a população que opte pela educação em Língua Portuguesa”. Segundo disse Miguel de Senna Fernandes, resta agora acertar a data e últimos pormenores do acordo. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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