Miguel de Senna Fernandes adiantou ao Jornal Tribuna de Macau que a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses não recebeu “luz verde” da Fundação Macau no que respeita aos subsídios para 2023. Após a resposta negativa, o líder associativo reclamou da decisão, mas o organismo não recuou. Ainda assim, Senna Fernandes diz que “há um gesto” da Fundação em “tentar minimizar” a situação. Sem este apoio financeiro, a APIM terá de arranjar receitas. Para já, a ideia é criar um serviço de apoio ao ensino do Português
A
Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) viu o pedido de apoio à
Fundação Macau para o ano de 2023 ser recusado. Depois da resposta, houve uma
reclamação da decisão, mas, na réplica, o organismo liderado por Wu Zhiliang
não recuou em relação à decisão já tomada, revelou o presidente da associação,
Miguel de Senna Fernandes, ao Jornal Tribuna de Macau.
Preocupado
com a situação da APIM, Miguel de Senna Fernandes ressalvou, ainda assim, que
“há um gesto da Fundação Macau em tentar minimizar esta situação”. “Existe uma
compreensão em termos de se pretender uma revisão da situação. A Fundação Macau
compreende as nossas dificuldades e quer ajudar, no sentido de minimizar os
custos. Estamos a aguardar o que virá ainda da Fundação, porque isto representa
muito dinheiro em termos de funcionamento. A esperança é a última a morrer”,
afirmou.
O
problema, disse, “é sempre o critério”, que tem em conta o número de actividades
levadas a cabo pelas associações. “Este critério não contempla as
especificidades das situações de determinadas associações, como é o caso da
APIM e outras. Tutelamos um jardim de infância. Isso é uma actividade ou uma
actividade continuada? Se é continuada, conta ou não conta para efeitos de
subsídio? É uma incongruência louca”.
Miguel
de Senna Fernandes esclareceu que a falta de apoios financeiros da Fundação
Macau não afecta o funcionamento do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes,
que tutela. Sem os apoios, a associação deixa de poder realizar outras
actividades, como festas de Natal ou a celebração do Dia da Criança, entre
outras, que, de resto, têm vindo a diminuir ao longo dos anos.
“O
dinheiro não é tanto para as actividades propriamente ditas, mas para o
funcionamento. É o salário do pessoal, a utilização das instalações. Tudo isto
está em causa. É nisto que precisamos de pensar. Vamos ver se a Fundação Macau
pode perceber isto e dar uma solução, pelo menos para este ano”, disse.
Actualmente,
a associação vive praticamente com o trabalho de apenas uma pessoa, porque “não
há meios”. “O Governo de Macau tem de pensar como apoiar associações desta
natureza”, defendeu. “Estou em crer que a APIM não é a única que está a
enfrentar estes problemas”, acrescentou.
Esta
é a primeira vez, desde 1998, que a APIM fica sem apoio da Fundação Macau.
“Este ano a APIM conta só consigo própria. Teve de recorrer ao dinheiro de
reserva para as despesas deste ano. Mas isto não é da melhor saúde financeira
para qualquer instituição”, sublinhou.
Arranjar receitas
Como
a APIM não tem receitas, “vai ter de as arranjar”, observou Miguel de Senna
Fernandes. Uma das ideias, para já, é criar um serviço de apoio ao ensino da
Língua Portuguesa, um plano que já vem sendo pensado há algum tempo. O assunto
foi discutido na última reunião da Direcção da associação, antes do Ano Novo
Chinês. O líder associativo explicou que agora estão a ser feitas as projecções
das despesas.
“Queremos
ter o serviço implementado o mais rapidamente possível. É um serviço que faz
todo o sentido, especialmente para crianças que queiram enveredar pelo ensino
em Língua Portuguesa. Estamos agora a fazer projecções, o que representa em
termos de dinheiro. E depois tomaremos uma ulterior decisão e pensaremos nos
moldes em que será feito”, clarificou.
Para
este projecto a APIM não está a pedir subsídio a nenhum organismo. “Se um dia
merecer apoio de quem quer que seja, será bem vindo”, afirmou. Miguel de Senna
Fernandes disse que os Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude
mostraram “abertura” em relação ao plano. “Olharam para a ideia com muito
agrado. É um bom passo, que nos encoraja”, acrescentou.
A
ideia era que o serviço pudesse decorrer nas instalações da APIM, de forma a
que não houvesse custos acrescidos nesse aspecto, porém, segundo disse, essa
hipótese está fora de questão. “Haveria uma confusão entre o jardim de infância
e este serviço. O universo de pessoas deste serviço não se limita apenas às
crianças do Costa Nunes”, prosseguiu, acrescentando que “há um impedimento
praticamente legal”.
Assim,
será preciso arranjar uma solução. Neste aspecto, Miguel de Senna Fernandes
frisou que qualquer apoio “será sempre bem vindo”, referindo-se a possíveis
parcerias. A esperança do líder associativo é de que o serviço possa avançar já
no próximo ano lectivo: “Gostaria muito, mas estas coisas demoram o seu tempo”.
Acordo para uso de instalações da APIM vai ser renovado
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