A comunidade de origem portuguesa na Florida, um dos estados que está a crescer mais na atração de luso-americanos, “tem agora muita juventude”, disse o emigrante português e diretor da Rádio Portugal Florida, numa sessão sobre a diáspora nos Estados Unidos
“Essa
teoria de serem só reformados aqui mudou drasticamente”, afirmou Augusto Costa,
que chegou ao estado em 2002. Estima-se que haja cerca de 80 mil pessoas de
origem portuguesa neste estado.
“Desde
que estou aqui foram construídas cinco escolas, três delas primárias”,
explicou, referindo que a média de idades dos luso-americanos é de trinta anos.
“Aqui, a comunidade já não é só reformados”, reiterou.
Augusto
Costa referia-se especificamente à comunidade em Palm Coast, uma das cidades
que mais tem crescido como polo para a diáspora portuguesa. O clube
luso-americano local foi criado em 1987, sendo agora um centro cultural
importante que inclui uma escola portuguesa.
“Nós
no clube fazíamos uma festa com 60 pessoas e se tivéssemos 30 portugueses eram
muitos. A comunidade era pequena”, lembrou. “Mas atrás de uns vêm outros e hoje
em dia a comunidade aqui em Palm Coast é grande”, sublinhou.
O
luso-americano falava na primeira sessão da terceira temporada da iniciativa
“As Nossas Vozes”, uma série de programas em língua portuguesa sobre a diáspora
nos Estados Unidos.
Um
dos pontos em discussão foi o futuro do movimento associativo e o papel da
juventude luso-americana, que está agora a mudar a face destas comunidades.
Augusto Costa alertou para uma potencial falta de continuidade.
“Esta
juventude fica na escola portuguesa porque os pais querem, mas mais tarde
desligam-se totalmente e envolvem-se mais na comunidade americana”, referiu.
“Muitos destes jovens já nem português sabem falar”, continuou. “Não vejo a
juventude muito envolvida com a comunidade portuguesa nem a ouvir rádio”,
afirmou.
Com
emissões contínuas de música portuguesa, a Rádio
Portugal Florida tem um programa principal ao sábado,
“Contacto com o Ouvinte”, apresentado por Augusto Costa, António Costa e Tekas
Azevedo, em língua portuguesa.
Outro
programa relevante é emitido à sexta-feira com discussões sobre futebol. A
audiência é sobretudo composta por pessoas dos 50 anos para cima e os anúncios
nos intervalos da emissão também são falados em português.
Uma
das hipóteses levantadas por Augusto Costa é fazer emissões em inglês, de forma
a chegar a mais ouvintes – incluindo a juventude luso-americana que pode ter
dificuldades com a língua portuguesa. “A maioria dos portugueses na Florida
vieram de outros estados, não vieram de Portugal. E a maioria entende inglês”,
referiu o radialista.
Costa
sublinhou, por outro lado, que é importante fomentar o uso da língua, mesmo com
erros.
“As
pessoas quando não falam bom português, o próprio português critica”, apontou.
“Uma criança que nasceu aqui e dá dois pontapés na gramática portuguesa é
melhor que não falar nada”, defendeu.
A
série “As Nossas Vozes” é organizada pelo Conselho de Liderança Luso-Americano
(PALCUS) em parceria com o Instituto Português Além-Fronteiras (PBBI, na sigla
inglesa). In “Bom dia Europa” - Luxemburgo
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