Cabo
Verde aprovou o Programa para o Acolhimento e (Re) Integração Social de
Migrantes Retornados (PRAIMIR), para dar resposta a um grupo considerado em
situação de “grande precariedade e vulnerabilidade social”, foi publicado.
Conforme
resolução consultada pela Lusa, o programa surge após dois instrumentos criados
em anos anteriores, com “insuficiências” de recursos, mas também na conceção,
execução, monitorização e na coordenação interinstitucional.
A
mesma resolução dá conta que em 2017 Cabo Verde atualizou o seu Perfil
Migratório, numa parceria entre o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) e a
Organização Internacional para as Migrações (OIM), que revelou um aumento
estatístico das deportações com proveniência da Europa e dos Estados Unidos.
Os
dados do ex-Instituto das Comunidades (IC) mostram que de 1992 a 2009 foram
registados 986 casos provenientes na sua maioria (à volta de 50%) dos Estados
Unidos, seguido de países europeus (Portugal, França, Espanha, Países Baixos).
Segundo
a Direção de Estrangeiros e Fronteiras (DEF), entre 2010 e 2015, foram
registados 576 casos, provenientes na sua grande parte de Portugal, enquanto
entre 2016 e 2022 a DEF registou 343 casos provenientes dos Estados Unidos,
Portugal e França.
Em
maio do ano passado, o ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos,
estimou que 1,5 milhões de cabo-verdianos e descendentes vivem fora do
arquipélago, contra os quase 500 mil cabo-verdianos residentes no país.
Na
nota explicativa, o Governo cabo-verdiano recordou ainda que em 2012 o país
assinou com a União Europeia (UE) o acordo de facilitação de vistos de curta
duração, os acordos de readmissão de cidadãos nacionais e cidadãos de países
terceiros em situação irregular.
Os
acordos, que entraram em vigor em finais de 2014, preveem que Cabo Verde passe
a admitir no seu território cidadãos nacionais, bem assim cidadãos de países
terceiros expulsos de algum Estado europeu – neste caso desde que se prove que
tenham tido presença prévia em Cabo Verde.
“Estas
informações e dados, ainda que limitados, revelam que o fenómeno do retorno
forçado, para além de não ser recente, tende a ganhar novos contornos
demandando intervenções estruturadas e consistentes e que interpelam um conjunto
de atores e serviços”, constatou o Governo, referindo que os migrantes voltam
ao país em “situação de grande precariedade e fragilidade social e económica”.
Daí
justificar a necessidade da criação do Programa Nacional para o Acolhimento e
(Re) Integração Social de Migrantes Retornados (PRAIMIR), para poder gerir as
migrações, considerado um dos desafios do país para o equilíbrio entre os
aspetos económicos, de segurança e humanitários.
Criado
pelo Ministério da Família, Inclusão de Desenvolvimento Social, o programa, que
foi discutido com as câmaras municipais, Plataforma das Organizações
Não-Governamentais, Alta Autoridade para Imigração e OIM Cabo Verde, entidades
formativas e Pró-empresa, entra em vigor na sexta-feira.
“Este
programa será concebido e implementado segundo uma metodologia participativa e
numa lógica de responsabilidade partilhada, garantindo o engajamento e
envolvimento de todos os atores relevantes”, prosseguiu ainda o mesmo
documento, que vai ser implementado sob a coordenação da Direção-Geral da
Inclusão Social (DGIS), que também avalia.
Tento
como objetivo geral estruturar e implementar mecanismos de acolhimento,
assistência e (re)integração social para migrantes retornados em Cabo Verde, o
documento tem como público-alvo os cidadãos deportados ou repatriados na
sequência de processos judiciais, os retornados nacionais por força de
situações de grande precariedade e os imigrantes readmitidos.
Pretendendo
ainda desenvolver ações juntos das famílias e da comunidade, bem como nos municípios
e organizações da sociedade civil, o retornado será desligado do programa assim
que estiver reintegrado na sociedade de forma plena e efetiva.
O
programa vai acompanhar os indivíduos desde a sua chegada aos aeroportos,
procedendo a sua identificação, acolhimento, assistência e posterior
encaminhamento e reintegração.
“Para
que este programa se torne exequível é fundamental que todos os atores nele
envolvidos, governamentais e não governamentais, incluam no cumprimento de seus
serviços as propostas, as práticas e os modelos aqui ilustrados”, continuou
pedindo ainda o estabelecimento e colocação em prática dos mecanismos
permanentes de coordenação entre os órgãos.
Sem
ainda custos definidos, os mesmos vão ser, entretanto, posteriormente
garantidos pelo Ministério da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, mas
também por parceiros, tanto públicos como privados. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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