Portugal
constatou que quatro de cinco infraestruturas que financia em Cabo Verde, no
valor de cerca de 300 milhões de euros, tiveram “impactos bastante positivos”,
beneficiando comunidades locais, conforme um estudo apresentado na cidade da
Praia.
A
avaliação do impacto de cinco infraestruturas em Cabo Verde financiadas por
linhas de crédito de Portugal foi pedida pelo Camões – Instituto da Cooperação
e da Língua e realizada por consultores da Faculdade de Economia da
Universidade Nova de Lisboa.
Em
avaliação estiveram as barragens da Figueira Gorda e Saquinho, na ilha de
Santiago, a central fotovoltaica, na ilha do Sal, e a modernização e expansão
dos portos da Praia, em Santiago, e do Porto Novo, em Santo Antão.
Conforme
avançou à imprensa, na cidade da Praia, Manuel Lino Ferreira, um dos
consultores do estudo, quatro delas tiveram “impactos bastante positivos” nas
comunidades locais e enquadramento na política de desenvolvimento do Governo de
Cabo Verde.
Em
sentido contrário, o mesmo responsável disse que os resultados da barragem de
Saquinho, em Santa Catarina de Santiago, “não são tão bons”, salientando, no
entanto, que podem ser melhorados, e as recomendações apontam nesse sentido.
João
Correia, outros dos consultores da Faculdade de Economia da Universidade Nova
de Lisboa, explicou que os impactos não são tão positivos na barragem de
Saquinho porque houve uma disrupção de uma rede que levava água aos
agricultores da Ribeira do Tabogal.
E
disse que só recentemente, com a entrada em funcionamento da rede de adução, é
que essa água está a ser reposta e nem todos os agricultores aderiram à rede de
distribuição, nomeadamente ao sistema de rega gota a gota.
“Há
potencial de reverter a situação, com maior adesão dos agricultores à rede de
adução e ao programa de rega gota a gota”, mostrou o consultor português.
A
barragem de Saquinho, orçada em 100 milhões de euros, foi projetada para captar
704 mil metros cúbicos de água por ano, mas pode atingir o dobro da capacidade,
devido à existência de nascentes muito produtivas e escoamentos superficiais e
sub-superficiais ao longo do ano.
O
diretor do Planeamento do Ministério das Finanças, Gilson Pina, afirmou que
estiveram em avaliação “grandes projetos transformadores” financiados por
Portugal, alguns com grande impacto, como são os casos dos portos da Praia e do
Porto Novo.
O
mesmo responsável governamental disse que a questão que se vai retirar das
avaliações é, mais do que rentabilizar os investimentos, focar nos
investimentos futuros, algo a ser tratado com o Governo português e também os
que o Governo cabo-verdiano vai realizar.
“São
ilações que nós vamos retirar no sentido de potencializar e, sobretudo, ver a
dinâmica desses setores e a importância que terão na dinâmica de outros
setores”, afirmou representante do Governo de Cabo Verde.
A
avaliação externa sobre os efeitos e impactos da construção/modernização das
cinco infraestruturas em Cabo Verde, financiadas por linhas de crédito
português, no período de 2008 a 2017, deu-se início em novembro de 2020.
Outro
grande projeto financiado em Cabo Verde por uma linha de crédito de Portugal,
de 200 milhões de euros, é o programa habitacional “Casa para Todos”,
implementado pelo Governo anterior do Partido Africano da Independência de Cabo
Verde (PAICV).
O
programa foi fechado com o Governo português em janeiro de 2010, prevendo na
altura a construção de 8500 casas em Cabo Verde, número que foi depois revisto
para 6010, conforme disse em dezembro a ministra das Infraestruturas,
Ordenamento do Território e Habitação do Governo do Movimento para a Democracia
(MpD), Eunice Silva.
Gilson
Pina justificou a não avaliação do programa “Casa para Todos” com “escolhas” do
Governo português, mas também porque ainda está em execução, dizendo que pode
ser feita noutra altura, tendo a sua implementação e gestão gerado muito polémica
em Cabo Verde.
O
diretor avançou que Cabo Verde vai criar um novo sistema nacional de
investimentos, cujos impactos a nível económico, social e financeiro vão ser
avaliados antes da sua execução. In “Mundo Lusíada” - Brasil
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