São
Paulo – Embora o Ministério da Economia tenha informado que a balança comercial
registrou déficit de US$ 176 milhões em janeiro deste ano, o que importa é que
o comércio exterior vem seguindo uma trajetória de recordes neste início de
2022. Basta ver que, em janeiro, segundo dados da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex) do Ministério da Economia, as exportações cresceram 25,3% e
atingiram US$ 19,6 bilhões, o melhor resultado do mês na série histórica
iniciada em 1997.
Mesmo
com o período de entressafra e os problemas advindos da pandemia de coronavírus
(covd-19), os bens agropecuários foram o grande destaque das exportações, com
97,5% de crescimento em janeiro, especialmente em função do desempenho da soja.
A indústria de transformação também foi destaque, com crescimento de 36,1% em
janeiro, chegando a US$ 12,2 bilhões em vendas.
Já
as importações chegaram a US$ 19,8 bilhões, registrando uma alta de 24,6%, a
maior desde janeiro de 2014, quando chegaram à marca de US$ 20,2 bilhões. Isso
se deu principalmente porque houve um aumento expressivo nas compras de produtos
para a indústria extrativa – em especial, petróleo bruto, gás natural e carvão
– ligados à produção de energia no Brasil, ainda que os preços dos bens da
indústria extrativa importados estejam subindo desde o segundo semestre de 2021,
chegando a 99,1% em janeiro deste ano.
Em
razão disso, a corrente de comércio (soma das exportações e importações) também
foi recorde, subindo 25% e chegando a US$ 39,52 bilhões. Houve déficit de US$
176 milhões porque o volume de importações superou o de exportações, mas, apesar
de negativo, o resultado representa uma evolução na comparação com janeiro de
2021, quando o déficit comercial somou US$ 219,9 milhões. Este também foi
melhor saldo comercial para esse mês desde 2018, quando foi registrado um
superávit de US$ 1,6 bilhão.
Em
outras palavras: ao lado de uma exportação bastante aquecida, com registros de
recordes a cada mês, a importação está em crescimento, o que vem se registrando
desde o último semestre do ano passado. Apesar de uma queda no setor
agropecuário de 15,7%, em janeiro, houve um aumento de 325,8% nas aquisições da
indústria extrativa e crescimento de 14,9% nas compras do exterior da indústria
de transformação. As exportações também seguem em alta, com crescimento de
51,8% naquelas destinadas aos Estados Unidos, de 46% no volume enviado para a
União Europeia e de 18,3% para a Argentina.
Já
para a China, Hong Kong e Macau, os embarques diminuíram 3,8%, refletindo a
queda que houve na saída de minério de ferro. Mas isso também pouco representa
no comércio entre Brasil e China, que, de 2020 para 2021, avançou 34%,
compensando a perda de 5,4% no ano anterior. Aliás, o comércio com a China teve
aumento maior que aquele registrado com os Estados Unidos, União Europeia e
América do Sul, segundo dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da
Fundação Getúlio Vargas, que registrou, em 2021, um avanço no volume exportado
para o país asiático de 360% desde 2008. Em sentido contrário, no mesmo
período, houve uma queda de 18,6% em relação aos Estados Unidos.
Diante
desses números, não há como deixar de ver com otimismo o futuro do comércio
exterior brasileiro. Basta assinalar que, em 2021, a balança comercial
registrou superávit de US$ 61 bilhões, ficado 21,1% superior ao saldo de 2020,
quando, na média diária, houve superávit de US$ 50,4 bilhões. Com base nisso, o
Banco Central projetou um resultado positivo de US$ 52 bilhões para 2022,
enquanto o mercado financeiro se mostrou mais otimista ainda, prevendo um
superávit de US$ 57,2 bilhões. Se a confirmação dessas projeções vier, já será
uma grande vitória. Liana Martinelli - Brasil
Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de
Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Governança Ambiental, Social e
Corporativa (ESG) do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística
Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio
Internacional. E-mail: lianalourenco@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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