A nova política nacional de planeamento familiar (PNPF) timorense respeita a filosofia católica, mas prevê o uso tanto de métodos naturais como artificiais para ajudar famílias a gerirem o espaçamento entre filhos e prevenir a gravidez indesejada
“A
Política de Planeamento Familiar respeita a filosofia católica, afirmando que o
ser humano é a criatura da imagem de Deus. Por isso, a Política de Planeamento
Familiar não deve promover ou utilizar métodos ou medicamentos que têm efeitos
colaterais diretos para a saúde das mães ou que não se opõe à dignidade
humana”, refere-se no documento publicado na semana passada.
Aprovada
na semana passada em Conselho de Ministros, a PNPF pretende contribuir para
melhorar a equidade e qualidade no acesso à saúde familiar, incluindo métodos
de conceção e contracepção, promover o conceito da “maternidade e paternidade
responsável” e ainda dando assistência pré-natal e ao parto.
“O
foco principal desta revisão da Política de Planeamento Familiar assenta, em primeiro
lugar, no método natural como primeira opção e método artificial como
alternativa, pelo que o Ministério da Saúde assume o papel determinante de
disseminar informação clara e compreensiva sobre as vantagens e desvantagens
entre estes dois métodos” explica. “Todos os cônjuges e casais terão a
oportunidade de escolher conscientemente os métodos de saúde reprodutiva e
utilizar os dispositivos de planeamento familiar que melhor represente as suas
situações ou circunstâncias”, considera-se.
Pretende
ainda agir sobre os “fatores de risco do período puerpério e do neonatal,
regredindo a mortalidade materna e a gravidez não planeada ou indesejada, o
controlo de doenças sexualmente transmissíveis e o combate ao recurso ao aborto
clandestino”.
Assim,
e para garantir qualidade nos serviços de planeamento familiar, “todos os
estabelecimentos de saúde precisam de melhorar ou fortalecer as suas condições
para garantir uma resposta apropriada aos utentes (família, casais e cônjuges
provenientes de várias religiões ou crenças, barlaqueados [casamentos
tradicionais] e casais que se preparem para formar família e outros casos
excecionais existentes)”.
O
texto foi elaborado, explicou o Ministério da Saúde, “utilizando o quadro
socio-antropológico, cultural e histórico e do sistema da saúde” timorense.
“Desde o ano 2004, o Ministério da Saúde tem desenvolvido a Política Nacional
de Planeamento Familiar, proporcionando uma plataforma comum para refletir os
problemas de saúde pública, mas continuando a respeitar os valores da vida
humana dos cidadãos timorenses”, refere-se no texto.
Para
isso, “reconhece a contribuição significativa e valiosa de todas as entidades,
incluindo a importância do papel da Igreja Católica no desenvolvimento do país,
(…) e também a contribuição de outras confissões religiosas, sociedade civil,
cultura e família”.
Ainda
assim, recorda-se, o VI Governo decidiu “rever a política de planeamento
familiar, a fim de refletir as condições reais de Timor-Leste e indicadores
atuais da saúde” no país.
No
documento defende-se o reforço das estruturas de saúde – incluindo a formação
de recursos humanos – para que todos os casais e cônjuges possam alcançar “o
tamanho da família desejada, através do plano para a gravidez, espaçamento
entre os filhos e prevenção da gravidez indesejada ou não-planeada”. Nesse
sentido, explica-se, os serviços de planeamento familiar devem incluir “acesso
voluntário aos vários métodos de planeamento familiar natural e artificial e
conhecimento sobre a fertilidade” bem com acesso à educação e aconselhamento
para que “as mulheres possam obter e utilizar métodos que são apropriados de
acordo com as suas necessidades”.
Acesso
a exames de diagnóstico de gravidez e aconselhamento, informação sobre planos
de gravidez, acesso a outros serviços de saúde das mulheres, prevenção sobre
doenças sexualmente transmissíveis, nutrição na gravidez e apoio em casos de
violência de género, são outras dos elementos que definem a PNPF. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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