Descoberto
em 1827 por Coenraad Jacob Temminck, o lince-ibérico foi considerado,
inicialmente, uma subespécie do lince-euroasiático, contudo estudos genéticos e
morfológicos vieram a identificá-lo como uma espécie separada.
Reconhecido
pelas suas manchas, orelhas triangulares, pequenas barbas e cauda curta, o
lince-ibérico tem uma excelente visão, mesmo em ambientes com pouca luz. Esta
característica, própria dos caçadores de curta distância, associada à sua
audição apurada permite a este felino descobrir e caçar coelhos-bravos com
relativa facilidade. Estes animais representam mais de 80% da sua dieta diária,
sendo que em média um lince-ibérico macho come um coelho-bravo por dia,
enquanto uma fêmea grávida pode comer três.
Há
menos de duas décadas o lince-ibérico estava à beira da extinção, sendo a
população existente bastante reduzida. “Quando começámos em 2000, nem sabíamos
quantos linces existiam”, resumiu Miguel Ángel Simón, um biólogo que, durante
22 anos, trabalhou na conservação e aumento do número destes felinos ao jornal
The Guardian. “Descobrimos no primeiro censo que eram 94 e pensamos que iriam
desaparecer. Simplesmente não sabíamos se havia alguma maneira de salvá-los –
estavam no limite e em perigo crítico de extinção. Naquela época, eram os
felinos mais ameaçados do mundo”, concluiu.
A
perda de habitat e a dizimação do coelho-bravo nos anos 50 e 80 foram dois dos
principais fatores de redução da população destes felinos. Desde essa altura a
população de linces aumentou consideravelmente, sendo que alguns especialistas
sugerem que em 2040 esta espécie possa estar fora de perigo de extinção, caso
os esforços para a sua conservação se mantenham.
Segundo
o último censo efetuado em Espanha, existem atualmente 855 exemplares na
Península Ibérica, um salto gigante dos cerca de 100 existentes à entrada do
século XXI. Em Portugal estima-se que o número exceda os 120 exemplares.
Programa de conservação
Em
2020 arrancou o quarto projeto LIFE dedicado ao lince-ibérico – o LynxConnect,
este projeto agrega 20 parceiros ibéricos, sendo coordenado pela Consejería de
Agricultura, Ganadería, Pesca y Desarrollo Sostenible da Junta de Andaluzia. Em
Portugal participam o ICNF, a Infraestrutras de Portugal e a Comunidade
Intermunicipal do Baixo Alentejo.
Com
um orçamento superior a 18 milhões de euros, o LynxConnect pretende consolidar
a população destes felinos no Vale do Guadiana, assim como reforçar a
conetividade entre as subpopulações de Andaluzia, Castilla-La Mancha e da
Extremadura espanholas. Outro dos seus grandes objetivos é descobrir novos
territórios onde este felino possa ser introduzido com sucesso. In “Green
Savers Sapo” - Portugal
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