A atividade pecuária é apontada, muitas vezes, como uma das grandes responsáveis pela alteração climática. Em entrevista à ONU News, de Roma, o diretor do Escritório de Alterações Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, Eduardo Mansur diz que as inovações previstas para o setor podem contribuir com a redução da emissão de metano, importante gás de efeito de estufa, e evitar o aumento da temperatura global em até 0,2ºC
Emissões
de metano, libertadas em diversos sistemas de produção agrícola, especialmente
na pecuária, são até 28 vezes mais nocivas ao meio ambiente quando comparado
com outros gases de efeito estufa.
O alerta do diretor do Escritório de Alterações Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, Eduardo Mansur disse à ONU News, de Roma, que inovações e acordos, firmados na Conferência sobre Alteração Climática, COP26, no ano passado, podem reverter esse cenário.
Produção sustentável
“40%
das emissões de metano que temos saem do setor agrário. Portanto, o desafio que
nós temos é ter tecnologias para diminuição das emissões. A boa notícia é que
elas existem, para ter uma atividade pecuária de baixo impacto de carbono com
uma alimentação que diminua a fermentação entérica de ruminantes, para ter uma
produção de arroz em áreas cobertas de água que tenham baixa fermentação e
baixa emissão de metano. A redução dentro de uma gestão sustentável do adubo
orgânico, incluindo o aproveitamento da fermentação para produção de energia
renovável”
O
diretor da FAO destacou uma aliança proposta pela União Europeia e Estados
Unidos durante a COP26, em Glasgow, na Escócia. O objetivo é reduzir a emissão
do gás em 30% até 2030, tanto na criação de gado quanto em outras atividades,
como na plantação de arroz em áreas alagadas.
O
Compromisso Mundial do Metano já tem a adesão de mais de 100 países, incluindo
os principais emissores, como Brasil e México. Segundo dados, o cumprimento do
acordo ajudaria a reduzir o aquecimento global em até 0,2ºC até 2050.
Adaptação para pequenos produtores
Com
mais nações firmando esse compromisso, o desafio é a extensiva implementação
das tecnologias, especialmente em países em desenvolvimento, onde a prioridade
de pequenos produtores é garantir formas de adaptação aos crescentes desafios
com o aquecimento global.
“Faltam-nos
mecanismos de disseminação de larga escala. O pequeno produtor já trabalha com
uma margem de risco muito grande, aumentar riscos em novas tecnologias tem que
haver uma compensação, alguma garantia, para que os pequenos produtores também
participem desse processo de luta contra as alterações climáticas e produção de
baixo impacto. O pequeno produtor, sobretudo em países em desenvolvimento, tem
outra preocupação: como se adaptar às condições de alterações climáticas. Os
países vulneráveis necessitam ter apoio para se adaptar a essas condições
porque a alteração climática é inevitável, estão acontecendo numa velocidade
que estamos a viver essas mudanças.”
De
acordo com Eduardo Mansur, a atividade agrária é responsável por pelo menos um
terço das emissões de gases - o metano corresponde por cerca de 40%. Por isso,
ele afirma que o setor precisa agir como parte da solução. Mansur também pontua
que os fenómenos climáticos impactam diretamente na produtividade e é de
interesse da área que sejam mitigados.
O
diretor da FAO ressalta que os últimos anos tem batidos recordes nas oscilações
de temperatura, desafiando a agricultura em diversos países. Além da pior seca
em anos na região do Corno de África, Mansur afirma que Portugal também observa
falta de chuvas, que prejudicam a produção local. ONU News – Nações Unidas
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