Cabo
Verde apresentou um plano que prevê a erradicação da pobreza extrema e redução
da pobreza absoluta e valorizar ativos como Amílcar Cabral, Cesária Évora, o
desporto e patrimónios mundiais com o morna e Cidade Velha.
O
segundo Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS) 2022–2026 foi
apresentado pelo diretor nacional do Planeamento do Ministério das Finanças,
Gilson Pina, que começou por lamentar “alguns percalços” na implementação do
primeiro plano (2017–2021), nomeadamente devido à pandemia de covid-19.
Mesmo
assim, disse que o exercício que agora terminou conseguiu transformar a
economia cabo-verdiana e integrar os objetivos do país com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pelas Nações Unidas até 2030, e
alinhar os principais atores de desenvolvimento do arquipélago.
O
plano que agora vai começar a ser executado, prosseguiu o mesmo responsável,
não vai romper com o anterior, mas prevê uma “nova abordagem”, que vai dar
protagonismo a todos os setores, tendo 10 grandes marcas, entre elas a
exploração das potencialidades de cada ilha e região.
Neste
sentido, informou que ainda este mês está prevista a realização de um workshop
para fazer o levantamento de todas as potencialidades que cada ilha tem para o
desenvolvimento do país.
O
exercício prevê igualmente valorizar ativos como o líder histórico da
independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, a falecida cantora
Cesária Évora, o desporto, as reservas naturais da biosfera e os patrimónios
mundiais, a Cidade Velha (material) e morna (imaterial).
“Nós
temos Amílcar Cabral, um ativo internacional, nós temos de saber como é que o
nome, o papel que teve no desígnio internacional vai trazer para o
desenvolvimento sustentável de Cabo Verde”, afirmou Gilson de Pina.
A
informação foi avançada num ano em que a Fundação Amílcar Cabral prevê entregar
os escritos do patrono ao programa “Memória do Mundo” da UNESCO e está a
preparar a celebração do centenário do seu nascimento, com o ponto alto em
setembro de 2024.
“O
que é que isto pode permitir alavancar o processo de desenvolvimento
sustentável de Cabo Verde, sobretudo, trazer mais turismo”, prosseguiu o
diretor, indicando que o PEDS II não vai repetir o “erro” do plano anterior,
que não acautelou os riscos, como aconteceu com a covid-19.
Erradicação
da pobreza extrema, que afeta atualmente 115 mil pessoas, e redução da pobreza
absoluta, aposta nos jovens, diversificação da economia, inclusão social,
segurança e justiça efetiva, gestão territorial, boa governação e melhoria da
qualidade nas ilhas, cidades, vilas e localidades são os principais objetivos
do plano.
O
documento, ainda segundo Gilson Pina, vai dar uma centralidade à diáspora
cabo-verdiana e garante alinhamento com o programa do Governo de Cabo Verde para
a atual legislatura (2021–2026).
O
PEDS II foi apresentado em público após ser aprovado em Conselho de Ministros
em janeiro, prevendo a elaboração de mais documentos e atividades de promoção,
no país e na diáspora, entre eles um Fórum de Investimentos, no Sal, tudo
orçado em 104 milhões de escudos (947 mil euros).
Na
sua intervenção no âmbito da apresentação, a coordenadora residente do Sistema
das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça, sublinhou a “responsabilidade
imensa” do PEDS II, que em tempos de crise pretende concretizar a visão do país
para o médio e longo prazo.
Pedindo
união para minimizar os impactos da pandemia de covid-19, a responsável
destacou o “planeamento inclusivo, disruptivo e inovador” do exercício que
agora vai começar e reiterou o compromisso das Nações Unidas para continuar a
mobilizar recursos, parcerias e conhecimentos para o PEDS II caminhar rumo aos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Futuro
O
primeiro-ministro cabo-verdiano considerou que o Plano 2022–2026 é muito mais
do que um exercício de planeamento, mas sim uma orientação e um “compromisso
geracional com o futuro”.
“Um
instrumento de alinhamento e mobilização do Governo, dos municípios, das
empresas, das organizações da sociedade civil e dos parceiros para o
desenvolvimento sustentável”, considerou Ulisses Correia e Silva, na sua
intervenção, na cidade da Praia, durante o ato público de apresentação do
documento.
Segundo
o chefe do Governo, o PEDS I (2017–2021) foi executado num contexto difícil de
três anos consecutivos de seca severa e dois anos de crise sanitária, económica
e social provocada pela pandemia de covid-19.
“Cabo
Verde foi colocado à prova, resistiu, lutou e hoje estamos a controlar a
pandemia e a estabilizar e relançar a economia”, sublinhou, entendendo que o
PEDS II foi concebido para consolidar a estratégia de desenvolvimento
sustentável em curso e acelerar transformações estruturais que tornem o país
mais resiliente e menos vulnerável a choques externos.
“A
orientação é para o futuro, movido pela ambição de atingir os ODS [Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável em 2030]”, referiu Correia e Silva, traçando ainda
como prioridade posicionar Cabo Verde como um país seguro do ponto de vista
sanitário e com bom sistema de saúde.
Acelerar
o crescimento económico, garantir a coesão social e territorial, acelerar a
transição energética, diversificar a economia e aumentar o potencial de
crescimento económico foram os outros objetivos apontados pelo chefe do
Governo.
Numa
apresentação que contou com a maior parte do elenco governamental, entidades
nacionais, do setor público e privado, e do corpo diplomático, o
primeiro-ministro chamou ainda a atenção para a importância da educação,
formação e “atitude desenvolvimentista”.
“O
capital humano é o motor de qualquer processo de desenvolvimento. E não é
apenas uma questão de acesso e qualidade de educação e de qualificação, mais de
atitude”, frisou, entendendo que o maior desafio que o país enfrenta é o
compromisso com as gerações futuras. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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