Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Galiza – Lusofonia

Apesar da sua história milenária como língua de seu, não há muitos anos o galego era considerado em Espanha um castelhano mal falado, fala de ignorantes e incultos, fala marginal num estado que tinha como única língua oficial o castelhano


Esta imposição de séculos esquecia não só que o galego era a língua maioritária falada pelo povo galego, mas que possuía uma riqueza literária milenária afogada pelo império de Castela, e que tivera uma riquíssima produção escrita nas últimas décadas do século XIX, e sobretudo na criação literária nos primeiros trinta anos do XX.

Mas é um feito ignorado por muitos e negado por outros que a língua galega faz parte da grande família lusófona, sem desdouro da sua identidade. Um vencelho familiar conflituoso dentro e fora da Galiza. Particularmente na vizinha Portugal; e muito mais no resto dos países lusófonos: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé-Príncipe e Timor-Leste.

Há anos escrevia o filólogo Martinho Montero: “Por muito que aos galegos nos doa, não podemos negar que os demais falantes da nossa língua nos consideram como um mundo à parte” (em Por um Galego Extenso e Útil. Leituras da Língua de Aquém e de Além 2009). Galiza é uma “filha pródiga” da lusofonia: “Dentro do conjunto de países lusófonos a Galiza é, no melhor dos casos —continua Martinho—, considerada como um membro não já de segunda categoria (como podem ser os países africanos…) mas de terceira classe”. Até o ponto que a maioria de portugueses nem sequer sabem que a Galiza é um país lusófono, considerando os galegos como “espanhóis”.

Esta atitude não tem que ver, ou pouco, com motivos de índole linguística; nem com essa atmosfera coletiva de desdém dos galegos cara aos portugueses e vice-versa: estes são para muitos galegos “sujos e miseráveis”, e os galegos são para eles “grosseiros e incivis”. Senão mais bem com a nossa história de dependência com respeito à Espanha, e a sua consequência no terreno linguístico: o espanhol foi a única língua oficial da Galiza até há poucos anos; e agora, apesar de ser co-oficial com o galego, continua, de facto, a desfrutar de muitas vantagens sobre a língua nativa. Victorino Prieto – Galiza in “Portal Galego da Língua” com “Nós Diario

Victorino Pérez Prieto - (Hospital de Órbigo-León, 1954) é professor de universidade reformado, escritor, teólogo e pensador. Especialista em temas de cultura galega; em particular na Geraçom "Nós" e Prisciliano. Também em Raimon Panikkar, sobre quem fez as Teses de Doutoramento em Filosofia (USC) e Teologia (UPSA). Colaborador habitual em jornais (atualmente em Nós Diario) e revistas galegas (Encrucillada, Grial, A Nosa Terra...) e internacionais (Iglesia viva, Dialogal, Theologica Xaveriana, CIRPIT review, Complessitá...). Publicou mais de vinte livros individuais (A geraçom "Nós", Do teu verdor cinguido, Contra a síndrome N.N.A.Unha aposta pola esperanza, Más allá de la fragmentación de la teología el saber y la vida. Raimon Panikkar, Prisciliano na cultura galega, Prisciliano. Um cristâo livre, La búsqueda de la armonía en la diversidad...). E mais de cinquenta em colaboraçom (Diccionario Enciclopedia do Pensamento Galego, O Pensamento Luso-Galaico-Brasileiro 1850-2000, Galegos Universais...).


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