As eleições presidenciais de 19 de Março em Timor-Leste serão as mais concorridas de sempre com 17 candidatos, dos quais cinco já concorreram em actos eleitorais passados, segundo a lista provisória de candidaturas
Até
ao final do prazo, que terminou na sexta-feira, formalizaram as suas candidaturas
no Tribunal de Recurso um total de 17 candidatos, com o Tribunal de Recurso,
apoiado pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), a
comprovar que todos cumprem os critérios. “O prazo já terminou. Registaram-se
17 candidatos”, confirmou fonte do Tribunal de Recurso.
Se
todas as candidaturas forem aceites pelo tribunal – a decisão poderá ser
conhecida já na próxima semana -, as eleições de 2022 serão as mais concorridas
de sempre, ‘batendo’ as de 2012 em que se apresentaram 12 candidatos.
Além
disso, serão as eleições com mais mulheres a apresentarem-se, quatro – Ângela
Freitas, Armanda Berta dos Santos, Isabel Ferreira e Milena Pires -, igualando
num único sufrágio o total de mulheres que se apresentaram em todos os
anteriores quatro actos eleitorais.
O
voto de 19 de Março verá a estreia de 12 candidatos que nunca se apresentaram
nas presidenciais, fazendo aumentar para 35 o total de timorenses que já foram
candidatos desde as primeiras eleições, em 2002, que foram também as com menos
candidatos, apenas dois: Francisco Xavier do Amaral e Xanana Gusmão.
O
candidato com mais experiência é o actual chefe de Estado, Francisco Guterres
Lú-Olo, cuja recandidatura é a quarta a eleições para o chefe de Estado, depois
de 2007 e 2012, quando passou à segunda volta e foi derrotado, e 2017, ano em
que foi eleito à primeira volta. Segue-se José Ramos-Horta, que concorre pela
terceira vez, depois de 2007, em que venceu à segunda volta e de 2012 em que
não passou à segunda volta.
Na
segunda candidatura está a presidente do Partido Trabalhista (PT), Ângela
Freitas, que se candidatou pela primeira vez em 2017 – obteve apenas 4.353
votos ou 0,84% – e Rogério Lobato, que se apresentou às urnas pela primeira vez
em 2012 obtendo na altura 16.219 votos ou 3,49%. O último ‘repetente’ é Luis Alves
Tilman, que se tinha candidatado em 2017, quando obteve 11.125 votos ou 2,15%.
As
estreias incluem Anacleto Ferreira, Antero Bendito da Silva, Armanda Berta dos
Santos, Constâncio Pinto, Felizberto Araújo Duarte e Hermes da Rosa Correia
Barros. Candidatam-se também pela primeira Isabel Ferreira, Lere Anan Timur,
Mariano Assanami Sabino, Martinho Gusmão, Milena Pires e Virgílio Guterres.
Uma
análise histórica aos dados mostra que Xanana Gusmão, eleito nas primeiras
presidenciais do país, em 2002, tem o recorde do número de votos recolhidos, um
total de 301.634, representando 82,69% dos votos válidos, números que mais
nenhum dos seguintes vencedores alcançou, sendo que foram obtidos num universo
mais reduzido de eleitores recenseados.
Xanana
Gusmão, em 2002, e Lú-Olo, em 2017, foram os únicos Presidentes eleitos à
primeira volta, sendo que a candidatura do segundo contou, nesse ano, com o
apoio não só do seu partido, a Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (Fretilin), mas do ex-chefe de Estado e atual líder do Congresso
Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
No
caso das candidaturas de Lú-Olo, os dados mostram que o actual chefe de Estado
aumentou progressivamente a percentagem de votos, passando de 27,89% em 2007
para 28,76% em 2012 e para os 57,08% há cinco anos.
Uma
análise aos dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE)
referentes aos processos eleitorais já realizados confirma ainda a tendência de
aumento da abstenção, que passou de 15,17% em 2002 para quase 29% em 2017.
O
número de eleitores quase duplicou nos últimos 20 anos, passando de cerca de
446 mil para mais de 850 mil recenseados para as eleições de 19 de Março,
apesar de o total final ainda estar a ser preparado pelo STAE.
De
todas as candidaturas a eleições, o número mais reduzido de votos foi o de
Angelita Pires, que se candidatou em 2012 e obteve apenas 1.742 ou 0,37% dos
votos válidos desse ano, seguindo-se Maria do Céu Lopes, no mesmo ano, com
1.843 votos ou 0,4% do total de votos válidos.
Historicamente,
houve cinco candidatos que não conseguiram chegar aos 5.000 votos, o número de
assinaturas exigidas para apresentar, este ano, a candidatura a chefe de
Estado.
A
primeira volta das eleições presidenciais decorre em 19 de Março, com a
campanha a decorrer na primeira quinzena de Março. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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