As delegações diplomáticas dos países de língua portuguesa em Pequim acordaram a recomendação para adesão da Guiné Equatorial ao Fórum Macau na próxima reunião extraordinária ministerial agendada para Outubro. A informação foi avançada ontem pelo embaixador de Portugal em Pequim após a conclusão da 16.ª Reunião Ordinária do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa
O
pedido de adesão da Guiné Equatorial ao Fórum Macau esteve ontem em discussão
na 16.ª Reunião Ordinária do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação
Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e acabou
por ser recomendado por representantes do Governo Central da China, das
Embaixadas dos Países de Língua Portuguesa em Pequim, do Governo da RAEM, e do
Departamento dos Assuntos Económicos e Delegação Comercial do Gabinete de
Ligação do Governo Central em Macau.
“A
adesão da Guiné Equatorial [ao Fórum Macau] ficou recomendada aos ministros
para que os ministros depois analisem, no mês de Outubro, quando houver a
reunião, se decidem a sua aprovação ou não”, começou por explicar o embaixador
de Portugal em Pequim, José Augusto Duarte, acrescentando depois que a adesão
foi avaliada de acordo com a candidatura apresentada e pelo facto de a Guiné
Equatorial ser um membro efectivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
“É só a recomendação, nada mais. Recomenda com base na candidatura e no facto
de a Guiné Equatorial ser já membro da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP). É um espelho daquilo que é a CPLP. Recomenda-se com base na
análise da candidatura e no facto de já ser um membro efectivo da CPLP há
vários anos”, frisou José Augusto Duarte.
Com
a recomendação dos representantes do Fórum Macau, o processo de adesão da Guiné
Equatorial será decidido na próxima reunião extraordinária ministerial do Fórum
de Macau em Outubro de 2021. No entanto, a questão dos Direitos Humanos na
Guiné Equatorial não fez parte da discussão. “Se em alguma altura a questão dos
Direitos Humanos foi abordada nesta reunião? Não é o contexto. É uma questão
pertinente, mas não é o contexto. A partir do momento que é membro da CPLP não
há contexto para aqui criar um contexto que não há na CPLP. Há que ver em
instância própria para o fazer”, respondeu o embaixador de Portugal em Pequim
sobre o assunto, adiantando depois que ainda não há uma data para a realização
da reunião extraordinária ministerial. “A data exacta ainda não está confirmada,
mas estamos a apontar para a última semana de Outubro ter a reunião. Será uma
reunião virtual com os ministros nas respectivas capitais e os embaixadores que
estão na China e aqui em Macau”.
Já
o representante da Guiné Equatorial na reunião defendeu a entrada no Fórum
Macau e invocou, em castelhano, o “pleno direito” do país africano de integrar
o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de
Língua Portuguesa. “A entrada Guiné Equatorial no Fórum de Macau faz sentido porque
a Guiné Equatorial é membro dos países da CPLP com pleno direito. E se há um
grupo entre Macau e os países de língua portuguesa, obrigatoriamente que a
Guiné Equatorial sente que reúne as condições para entrar neste grupo e
apresentou a sua candidatura para entrar enquanto país irmão. O que não se deve
fazer é deixar irmãos de fora. E, por isso, a Guiné Equatorial ofereceu-se para
integrar o Fórum de Macau para unir-se com o resto dos países irmãos da CPLP”,
afirmou Camilo Ochaga Esono Afana, encarregado de Negócios da Embaixada da
Guiné Equatorial na República Popular da China.
Questionado
sobre que investimentos podem resultar da entrada da Guiné Equatorial no Fórum
Macau, Camilo Ochaga Esono Afana assinalou que as oportunidades de negócios
podem ser recíprocas. “Há aspectos de interesse da República Popular da China
que podem ser encontrados na Guiné Equatorial como exportação de petróleo,
exportação de madeiras e outros materiais. De igual forma, o Governo da
República da Guiné Equatorial também pode estar necessitada de muitas coisas
por parte da República Popular da China, por exemplo, os fluxos financeiros e
recrutamento de recursos humanos, porque praticamente a China está a fornecer
bolsas de estudo a vários países africanos, não só da Guiné Equatorial”, disse
o encarregado de Negócios da Embaixada da Guiné Equatorial em Pequim.
Sobre
a questão dos direitos humanos na Guiné Equatorial, Camilo Ochaga Esono Afana
garantiu que o país tem feito grandes progressos nessa matéria e assegurou que
a pena de morte está suspensa desde 2014. “Desde o primeiro dia em que a Guiné
Equatorial solicitou a adesão, tanto os países da CPLP como o Fórum Macau
deram-nos certas condições para podermos ser membros deste grupo. E parte
destas condições, a Guiné Equatorial está a cumpri-las cabalmente, legalmente,
e à parte disso está a conseguir alcançar novas etapas em relação às questões
dos Direitos Humanos da ONU”, vincou Camilo Ochaga Esono Afana, acrescentando
que, “em 2014, a Guiné Equatorial adoptou uma moratória sobre a pena capital” e
que, “agora mesmo não se pode falar nada sobre a pena capital na Guiné
Equatorial porque já está totalmente abolida [a pena de morte]”. Eduardo
Santiago – Macau in “Ponto Final”
eduardosantiago.pontofinal@gmail.com
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