Alguns milhares de famílias, muitas com crianças, deixaram o sul de Angola rumo à vizinha Namíbia para escaparem às dificuldades geradas pela prolongada seca e ao desemprego, mas o que estão a viver agora é muito semelhante à situação que deixaram para trás e as autoridades das regiões fronteiriças para onde foram não escondem que a situação começa a ganhar contornos trágicos. Já há registo de crianças mortas por malnutrição
A
imprensa namibiana tem repetido os alertas de que os milhares de angolanos que
se encontram no país, especialmente nas regiões que fazem fronteira com Angola,
estão em situação dramática, existindo mesmo contactos políticos ao nível dos
governos regionais e provinciais mas que, até agora, se revelaram insuficientes
para encontrar soluções duradouras e viáveis.
Uma
das situações mais graves está, segundo acaba de noticiar o The Namiban, a
ocorrer em Etunda, região de Omusati, onde estão registados 2352 angolanos em
condições de grande precariedade e, entre estes, 1751 crianças com sinais de
malnutrição evidentes.
Já
há mesmo registo de mortes entre estas crianças, como relata este jornal,
destacando o exemplo de uma criança de quatro anos que morreu recentemente de
malnutrição severa no centro improvisado de Etunda, Ruacana, onde as famílias
angolanas se juntaram.
De
acordo com o que escreve hoje Hileni Nembwaya, jornalista do The Namibian, o
governador da região de Omusati, Erginus Endjala avançou que outra criança, com
escassos meses de vida, foi levada de urgência para uma unidade hospitalar
devido a evidências de perigo de vida devido à fome.
Como
o Novo Jornal tem vindo a noticiar nos últimos meses, milhares de famílias
deixaram as províncias do Cunene, Namibe e Kuando Kubango, e ainda da Huíla,
para fugirem aos efeitos devastadores da severa estiagem que vive o sul de
Angola há largos anos, com especial efeito a partir de 2018, devido à acção do
El Nino, um fenómeno natural que bloqueia as chuvas no sul do continente e que,
de acordo com cientistas, é resultado directo das alterações climáticas.
Como
resultado evidente disso, as culturas não vingam e as pastagens sucumbem face
ao calor tórrido e à ausência de chuvas.
Segundo
Hileni Nembwaya, que esteve neste campo improvisado de angolanos, os relatos
obtidos entre as pessoas que ali vivem em condições precárias deixam evidente
que muitos vivem durante dias com rações alimentares que não chegam sequer para
uma refeição.
Os
alimentos doados, inclusive por autoridades angolanas nos últimos meses, já
acabaram e isso levou a que a insegurança alimentar destas pessoas tenha
aumentado de forma substancial.
É
face a isso que o governador de Omusati voltou a lançar um apelo veemente aos
dois governos para fazerem chegar bens alimentares de emergência a este centro
e ainda às empresas e pessoas das imediações que possam abdicar de alguns dos seus
alimentos para evitar a morte de pessoas.
Sem comentários:
Enviar um comentário