Luanda acolhe, de 12 a 17 de Julho, a XIII Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Angola assumirá, assim, por dois anos, a presidência rotativa da organização
O
Chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, presidente em exercício da
CPLP, fará a passagem de testemunho ao homólogo angolano, o Presidente João
Lourenço, bem como o balanço dos três anos da sua liderança, iniciada em Julho
de 2018 (a presidência de Cabo Verde foi prorrogada até 2021, a pedido de
Angola e devido à Covid-19).
Um
dos pontos altos será a ratificação, pelos Estados-Membros, do Acordo de
Mobilidade Interna na CPLP, aprovado em Dezembro último no encontro do conselho
de ministros da organização. "Logicamente, precisamos aqui que as pessoas
circulem de forma vantajosa, de um e de outro lado, quer queira para países da
Europa, como da América Latina, quer para o continente africano. As pessoas
precisam de circular e de ter segurança dentro deste processo de circulação e,
depois, trazer dentro de toda esta movimentação a presença empresarial",
afirma ao Novo Jornal Bernardino Neto, especialista em Relações Internacionais.
O
desafio da circulação e mobilidade entre os cidadãos da CPLP é uma das grandes
prioridades deste encontro, bem como a adopção de uma estratégia em que ela se
assuma como uma verdadeira organização de povos. A CPLP terá de ser, ela
própria, um importante e relevante instrumento de aproximação entre povos e
países.
A
Cimeira de Luanda irá, certamente, estabelecer os critérios de circulação
dentro da Comunidade. Angola terá de apresentar uma agenda para o desenvolvimento
económico, social e cultural.
Numa
organização que ainda se confronta com divergências existenciais, o reforço das
relações políticas, económicas, sociais e culturais entre os países será outro
dos desafios da presidência angolana. Uma estratégia de manutenção da paz e
segurança dos Estados-Membros, onde a situação de Cabo Delgado, em Moçambique,
vai, certamente, marcar a agenda. A afirmação da democracia e do Estado
Democrático e de Direito, sendo uma organização que teve a língua como base na
sua constituição, bem como a afirmação do Português como "língua de várias
culturas e cultura de várias línguas" serão importantes para o reforço da
importância da CPLP e da proximidade entre os povos, a aposta na investigação e
ciência e a implementação de uma estratégia de cooperação académica e cultural.
A
coordenação e cooperação no combate à pandemia da Covid-19, bem como a relação
dos Estados com o Mar serão, também, uma abordagem interessante.
Angola
tem uma experiência na Comissão do Golfo da Guiné e pode reforçar a sua
experiência com os outros membros.
Olhando
para dentro, o País poderá aproveitar esta sua presidência para promover e
divulgar mais a CPLP entre os seus cidadãos.
Será
importante fazer perceber aos cidadãos o que é a CPLP e quais as vantagens de
pertencer à organização. As pessoas precisam de sentir a presença da
organização no seu dia-a-dia, que pode ser feita através da criação de espaços
de divulgação da instituição nos principais órgãos de comunicação social, a
organização de palestras e eventos nas universidades.
É
preciso que os cidadãos percebam que, apesar de ter sido fundada com base na
língua portuguesa, hoje a CPLP encara novos desafios e precisa de ser mais
presente e actuante em diferentes áreas.
Se
os Estados-Membros e os cidadãos entendem que a CPLP não lhes resolve os seus
problemas, não corresponde aos seus anseios e expectativas. Obviamente se focam
nas organizações regionais que estão aí "à mão" e dão uma resposta
rápida aos seus problemas.
O alargamento e maior representatividade de uma comunidade com pelo menos 250 milhões de pessoas são um desafio estimulante. Armindo Laureano – Angola in “Novo Jornal”
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