O diplomata António Monteiro faz um balanço positivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, mas defendeu avanços na mobilidade, na área económica, de novas formas de financiamento e de aproximação às comunidades luso falantes. Uma das falhas é a falta de ligação ao Fórum Macau
O
diplomata António Monteiro, que foi um dos impulsionadores da criação da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), há 25 anos, entende que a
organização continua a fazer “sentido”, porque “é válida e importante para os
seus membros fundadores, só pelo facto de existir”.
“Se
houvesse dúvidas sobre essa validade, tantos países quereriam ser observadores
associados” da CPLP? – questionou, referindo-se, assim, às 13 candidaturas,
entre as quais estão as dos EUA, Canadá, Índia e Espanha. Candidaturas que irão
à aprovação na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, a
realizar na sexta-feira e no sábado.
Porém,
o diplomata considera que ainda falta à organização uma ligação maior ao Fórum
Macau, entidade que tem como missão reforçar o intercâmbio económico e
comercial entre a China e os países de língua portuguesa, e às comunidades de
língua portuguesa espalhadas pelo mundo.
Caso
sejam aprovadas, e tendo em conta que a CPLP tem actualmente 19 observadores
associados, a comunidade passará a contar com um total de 32 países e
organizações com aquele estatuto.
No
entanto, na opinião do actual presidente da Fundação Millennium BCP, “os tempos
e as circunstâncias em que vivemos impõem agora à comunidade avançar em áreas,
que até aqui mereceram menos atenção”, como “a parte económica e a parte da
mobilidade”.
Dois são companhia
Além
disso, o também antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros considerou
que a CPLP precisa de procurar novas formas de financiamento, para uma
cooperação multilateral mais eficaz.
Em
entrevista à Lusa, a propósito dos 25 anos da CPLP, que se celebram no próximo
dia 17, o diplomata, que ao longo da carreira, assumiu vários cargos nas Nações
Unidas disse que a cooperação naquela organização “continua a desenrolar-se
mais ao nível bilateral do que multilateral”.
E
na sua opinião só há uma explicação para isso: “a CPLP tem desde o início um
problema, que é a questão financeira”. Porque a sua “sustentabilidade vem
apenas das dotações dos Estados-membros”, realçou.
Neste
cenário, António Monteiro defendeu a criação de “parcerias efectivas no trio da
CPLP, que favoreçam todos os países”.
Num
balanço sobre os 25 anos da CPLP, considerou que o principal ganho foi a
“entreajuda” entre os seus Estados-membros. “Nós temos de dizer que o principal
ganho da comunidade foi a entreajuda, que imediatamente se estabeleceu. Ajuda a
resolver problemas de cada um de nós”, o que “se traduziu muito numa cooperação
política e diplomática activa”, lembrou. In “Hoje
Macau” – Macau com “Lusa”
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