“Cem Poemas de Li Bai (701-762)” é o nome do livro com traduções de António Graça de Abreu que acaba de ser editado em Portugal pela mão da empresa Vela Chinesa. Depois de uma primeira edição em Macau nos anos 90, este livro é totalmente bilingue, incluindo o prefácio e as anotações dos poemas
Já
está nas livrarias um novo livro de poemas chineses traduzidos por António
Graça de Abreu, académico, autor e tradutor de poesia chinesa. “Cem Poemas de
Li Bai (701-762)” é uma edição de autor financiada pela empresa Vela Chinesa,
sediada em Portugal. Aquele que Graça Abreu diz ser “talvez o maior poeta dos
trinta séculos de poesia chinesa” e também “um dos grandes poetas de toda a
literatura universal”, ganha agora uma nova versão dos seus escritos, depois de
duas edições produzidas em Macau na década de 90, com mais de 200 poemas.
“Esse
livro teve uma certa importância porque foi apresentado em Lisboa pela Natália
Correia e no Porto pelo Eugénio de Andrade e pelo professor Óscar Lopes”,
recordou ao HM. Desde então que António Graça de Abreu tem vindo a tentar
reeditar as suas traduções.
“Encontrei
muito pouca receptividade por parte de Macau. Há dois anos apareceu a Vela
Chinesa que deu importância às minhas traduções e fizeram uma sugestão de
reedição. Propus a várias entidades em Portugal, desde a Fundação Oriente até
ao dr. Jorge Rangel, para que fossem reeditados estes grandes poetas da China e
não tive muita receptividade”, apontou.
A
grande diferença de “Cem Poemas de Li Bai (701-762)” é o facto de ser totalmente
bilingue, sendo que os poemas foram escolhidos pela empresa que financiou a
edição.
“Os
poemas estão bem escolhidos e todos eles são representativos [de Li Bai],
embora tenha escrito à volta de mil poemas. [Li Bai] não passa de moda, mesmo
com todos os problemas que a China tem tido ao longo da sua história, estes
poemas estão sempre presentes. A poesia de Li Bai é sempre actual e os chineses
também têm muito orgulho neste homem.”
Graça
de Abreu assegura que “qualquer chinês que tenha pelo menos o quarto ano
conhece Li Bai, porque é um poeta que tem a dimensão de Camões ou Dante”. “É um
homem universal”, aponta.
O amor e a guerra
Nos
cem poemas agora publicados, e nos restantes, é possível encontrar temas como
“a guerra, que fez com que milhões de pessoas tenham morrido, não dos conflitos
mas de fome, porque todas as estruturas do império eram alteradas”. Mas Li Bai
escreveu também sobre a relação do Homem com a Natureza e sobre o amor. O poeta
“amava os amigos, e também o feminino”.
Graça
de Abreu assume ter uma paixão pela poesia chinesa e pela tradução, que vai
fazendo nas horas vagas e recorrendo a outras bases de apoio escritas nas
línguas ocidentais.
“A
poesia não me é estranha e mexo-me nela com alguma facilidade, embora os meus
conhecimentos de chinês não sejam tão vastos como eu gostaria. O poema, na sua
língua de chegada, tem de ter qualidade literária e força, e eu socorro-me de
tudo e mais alguma coisa [para assegurar isso].”
O
autor e tradutor lamenta que a poesia chinesa traduzida tenha surgido tão
tarde. “Ainda ninguém tinha traduzido Li Bai a sério para língua portuguesa e
pela primeira vez apareceu um grande poeta chinês [refere-se aos anos 90,
aquando das publicações em Macau]. Não sou nenhum especialista mas nestas
coisas nota-se algum atraso, porque foi preciso chegarmos ao final do século XX
para aparecerem as primeiras grandes traduções de poetas chineses.”
“Dei
o meu contributo, já traduzi cinco grandes poetas chineses, todos eles da
dinastia Tang, o período dourado da poesia chinesa”, rematou. Andreia Silva –
Macau in “Hoje Macau”
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