A UNITA defendeu, pela voz do antigo porta-voz do partido, Alcides Sakala, que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) "deve contribuir para a promoção da democratização dos países africanos, membros desta organização, ainda regidos por sistemas pseudo-democráticos, cujos partidos dominantes, de natureza hegemónica se fazem eleger por processos fraudulentos"
Sakala,
que defende que a organização deve apoiar todas as forças democráticas da
oposição destes países africanos e muni-las com capacidades e meios, diz que,
"ao continuar ancorada, pura e simplesmente, nos partidos no poder,
dando-lhes apoio político institucional, diplomáticos e financeiro", a
CPLP "transformou-se numa força de bloqueio dos processos democráticos,
sobretudo em Angola".
"E
a sua parcialidade tem sido evidente nos processos de observação
eleitoral", destacou.
Para
ser credível, frisou "a CPLP deve assumir posições equidistantes para se
afirmar como factor estratégico de apoio aos processos políticos que possam
conduzir a alternância, dentro dos países falantes da língua portuguesa,
nomeadamente em Angola, caso contrário, continuará a ser um clube de amigos, de
apoio institucional aos partidos no poder".
"A
agravar este quadro está a integração da Guiné Equatorial neste grupo de
amizade, país de expressão espanhola, condenado internacionalmente pela
violação sistemática dos direitos humanos no seu território, o que desvirtuou
ainda mais a sua importância", mencionou.
A
CPLP deve, segundo o histórico do "Galo Negro", repensar a sua
estratégia, no âmbito dos propósitos nobres das relações de amizade, para não correr
o risco de se transformar numa espécie de clube de países amigos, falantes da
língua portuguesa.
O
deputado da UNITA considera que a CPLP deve aprender com a experiência da
Francofonia e da Commonwealth, constituídas por países falantes da língua
francesa e inglesa, que têm lideranças e programas bem definidos, com desempenho
relevante nas áreas da educação e ensino e da democratização",
exemplificou, salientando que "neste contexto, a CPLP pode contribuir para
a promoção da educação e do ensino, fundamentalmente da língua portuguesa, e de
outros níveis do conhecimento, incluindo no ensino superior".
Diz
não esperar muito da presidência de Angola, porque "o País deixará que
Portugal e o Brasil decidam, no âmbito dos seus interesses globais em África".
"Do
ponto de vista da sua operacionalização, esta organização, constituída por
países falantes da língua portuguesa, continua com as mesmas dificuldades,
decorrentes da forte pressão criada pela disputa entre os dois países mais
influentes no seio dela, que são Portugal e o Brasil. Portugal como antiga
potência colonial e o Brasil como país com recursos", disse ao Novo Jornal
o deputado da UNITA.
Na
opinião de Alcides Sakala, os países africanos têm "muito pouca
influência" dentro desta organização, sobretudo do ponto de vista
financeiro, porque eles próprios se debatem ainda com enormes dificuldades
políticas, económicas e sociais, agravadas pela pandemia da covid-19.
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