São Paulo – A previsão de que a participação do
Brasil na corrente de comércio mundial em 2021 poderia vir a cair abaixo de 1%,
em razão do impacto provocado pela pandemia de Coronavírus, parece cada vez
mais distante. No último relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC), em
2020, já em função da diminuição do fluxo comercial, o Brasil respondeu por
apenas 1% na movimentação global de exportações e importações, mantendo-se na
27ª posição no ranking do comércio mundial.
Nos seis primeiros meses de 2021, principalmente
em função do crescimento das exportações em segmentos como o agropecuário, o de
sucatas ferrosas e o de minério de ferro, a balança comercial registrou um
superávit de U$ 37,5 bilhões, com um acréscimo de US$ 15,2 bilhões em relação
ao mesmo período de 2020. Esse resultado, porém, deve ser visto com a devida
cautela porque, no período anterior, a pandemia de coronavírus causou um
impacto no Brasil acima da média mundial, tendo a corrente de comércio recuado
8,2%, segundo levantamento da OMC, enquanto o encolhimento no planeta foi de
7,6%. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a
retração na corrente de comércio brasileira, em 2020, resultou da queda de 7%
na exportação e de 10% na importação.
Neste ano, a alta no preço internacional das commodities,
produtos primários com preços formados em bolsas no exterior e o câmbio
contribuíram para que números mais expressivos fossem alcançados até agora. Nos
seis primeiros meses de 2021, minérios de ferro e de cobre tiveram alta de
172,1% e 82,6% na exportação, respectivamente. Café, produtos do complexo soja,
açúcar, petróleo e siderúrgicos também registraram números significativos.
As taxas de crescimento do comércio exterior
brasileiro foram ainda mais expressivas em junho, quando as exportações
superaram as importações em US$ 10,37 bilhões, o mais alto superávit mensal de
2021. Ou seja, as vendas externas, de US$ 28,1 bilhões, subiram 60,8% ante o
mesmo mês de 2020, e os gastos no exterior, de US$ 17,73 bilhões, aumentaram
61,5%.
Com isso, o Ministério da Economia já projetou um
superávit de US$ 105,3 bilhões em 2021, com alta de 106% em relação a 2020. É
de se lembrar que a estimativa anterior era de um saldo de US$ 89,4 bilhões.
Para 2021, porém, a OMC prevê uma queda entre 13% e 32% no volume do comércio
global, garantindo que será mais acentuada do que aquela registrada durante a
crise financeira de 2008 e 2009. No ano passado, entre os membros do G20, grupo
formado pelos ministros de Finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores
economias do mundo mais a União Europeia, a corrente de comércio diminuiu 8% em
relação a 2019.
Aliás, só a China registrou crescimento na
corrente de comércio em 2020, com evolução de 4% nas exportações e de 1% nas
importações. Com isso, chegou a uma corrente de comércio de US$ 4,6 trilhões,
aumentando a sua participação no comércio global de 12% para 13%, o que lhe
garantiu a liderança no ranking, à frente de Estados Unidos, Alemanha e
Japão.
Para melhorar a posição do País, está claro que
ao governo brasileiro não resta outra saída que não seja avançar nas reformas
estruturais, principalmente na questão da infraestrutura logística, o que ficou
claro com a recente decisão do governo de aumentar em R$ 1 bilhão o orçamento
do Ministério da Infraestrutura para atender à demanda das 17 obras iniciadas,
retomadas ou autorizadas no primeiro semestre.
Ao mesmo tempo, são necessárias medidas que promovam desburocratização,
redução de tarifas, melhoria do financiamento e o fechamento de acordos
comerciais para a redução de barreiras aos produtos brasileiros no exterior. Liana
Martinelli - Brasil
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Liana Lourenço Martinelli, advogada,
pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de
relações institucionais do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde
Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio
Internacional. E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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