Para lá da Cimeira da XIII CPLP, as relações entre Angola e a Guiné-Bissau vivem dias muito difíceis, na sequência do azedume no relacionamento pessoal entre os líderes dos dois países, os presidentes-generais João Lourenço e Umaro Embaló
Foto:DR |
Tendo
confirmado a presença do País na Cimeira, as autoridades guineenses não abrem o
jogo quanto à sua representação, nomeadamente se Embaló viajará ou não até Luanda
para participar da Cimeira.
A
presença estará ainda dependente de certa normalização das relações a nível
diplomático, nomeadamente a acreditação de novos embaixadores dos respectivos
países em Bissau e Luanda.
Contudo,
Embaló não é a única "dor de cabeça" para Luanda. Jair Bolsonaro (do
Brasil) já confirmou a ausência, alegando problemas de agenda, nomeadamente
"compromisso, anteriormente agendado, em Manaus, na Amazónia", disse
em Lisboa o chefe da diplomacia brasileira, Carlos Alberto Franco.
A
ausência de Bolsonaro era previsível, devido ao conflito que opõe a IURD
brasileira às autoridades angolanas, sobretudo depois da expulsão de dezenas de
bispos brasileiros do território nacional e a "nacionalização" da
IURD em Angola.
Os
evangélicos representam parte importante dos eleitores de Bolsonaro que tem, no
Governo e no Parlamento, nomeadamente no Partido Republicanos, destacados
membros da citada confissão religiosa que têm feito pressão sobre o Presidente
brasileiro, no sentido de decretar sanções contra Angola, incluindo corte de
relações.
Nesta
disputa, o Brasil tomou partido público pela IURD, quando, em Julho do ano
passado, Bolsonaro enviou uma carta ao presidente angolano externando
"preocupação com os episódios" de "invasões a templos e outras
instalações da IURD". "Registam-se relatos de agressões a membros da igreja,
que, em certos casos, teriam sido expulsos das suas residências",
escreveu, na ocasião, o líder brasileiro.
Em
apuros em termos de popularidade e com os olhos postos na sua própria
reeleição, o Presidente do Brasil teve de optar por não beliscar a sua base eleitoral
ligada à IURD em vez de agradar Angola.
Em
Timor-Leste, a crise entre o Presidente Francisco Guterres e o
primeiro-ministro Taur Matan Ruak agita a política interna e poderá contribuir
para mais uma ausência de alto nível.
Nos
corredores diplomáticos da CPLP assiste-se a uma intensa movimentação para
tentar salvar a realização da XIII Cimeira da organização em Luanda, com a
presença do maior número de Chefes de Estado.
É
por isso que, na recente visita a Bissau, a convite de Sissoco Embaló, o
Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, incluiu na bagagem a Cimeira
da CPLP e a eventual presença do líder guineense em Luanda, segundo fontes
diplomáticas.
Lisboa
manifesta-se preocupada e vai trabalhando nos bastidores para evitar um
eventual fracasso da CPLP, que significaria o seu próprio fracasso, já que a
CPLP é um importante instrumento de política externa portuguesa.
Em
tempos de pandemia e de instabilidade ou crise política nalguns Estados da
CPLP, o Encontro de Luanda, capital de Angola, país cujo Chefe de Estado bate o
record de ausências (seis em 12), corre o risco de ser a cimeira com a mais
reduzida presença ao mais alto nível.
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