Um total de oito professores vai deixar a Escola Portuguesa de Macau por questões pessoais. Fecho das fronteiras e a ausência prolongada da família são alguns dos motivos adiantados para a partida. O presidente da direcção da escola, Manuel Machado, pensa que mais docentes poderão sair caso a situação se prolongue
O
encerramento das fronteiras de Macau com o resto do mundo, devido à pandemia da
covid-19, está a levar docentes da Escola Portuguesa de Macau (EPM) a deixarem
a instituição e o território. A notícia foi avançada pelo semanário Expresso e
confirmada ao HM pelo presidente da direcção da escola, Manuel Machado.
“Saem
oito professores da EPM e as razões prendem-se fundamentalmente com a situação
que se atravessa e com a vontade de reencontrarem a família. Felizmente
conseguimos assegurar a sua substituição.”
Manuel
Machado adiantou que saíram também alguns alunos pelo facto de as suas famílias
terem decidido sair do território por motivos semelhantes, mas não soube
precisar números.
Caso
as fronteiras continuem fechadas, o responsável admite que mais docentes ou
estudantes possam sair. “É uma coisa muito pessoal, mas admito que sim, [que
mais] possam sair no final do próximo ano lectivo. Vamos ver, tudo depende do
número de pessoas que se forem embora, a que grupos disciplinares pertencem, há
várias variáveis.”
Filipe
Regêncio Figueiredo, presidente da Associação de Pais da EPM, referiu apenas
esperar que “as substituições [de docentes] sejam asseguradas por pessoas
competentes”.
A contragosto
Um
dos docentes de saída, e que falou ao Expresso, foi João Basto da Silva, que dá
aulas de educação física. “Esta terra também é minha. Não será fácil a
adaptação a Portugal. Mas pronto, o regresso teria de ser um dia.”
“Não
tem ajudado estarmos aqui fechados sem perspectivas de conseguirmos sair. Já
não vou a Portugal há dois anos”, disse o professor, que será integrado nos
quadros de uma escola no país. “Esta saída traz-me alegria, porque vou
reencontrar a minha família, mas também me custa porque vou deixar a terra.”
Maria
João Pires, professora de educação musical, também está de partida. “A pandemia
está a restringir a nossa liberdade de circulação. Estamos bem, temos de ver o
lado positivo, não há covid, mas sinto-me mais fechada e sozinha e está a ser
complicado de gerir. Tenho emprego em Portugal e por isso estou mais à vontade.
Se não fosse a pandemia, sem dúvida que ficaria mais tempo”, frisou.
Ao
semanário, Manuel Machado explicou que o número de saídas “ultrapassa os
valores registados em anos anteriores, em que a média rondava os dois
docentes”. “A grande maioria acelerou o regresso a Portugal devido à pandemia e
à vontade de se reencontrar com a família”, rematou.
Novas propinas em vigor
Apesar
da contestação da Associação de Pais da EPM, os novos valores de propinas já
estão em vigor. A informação foi confirmada ao HM por José Sales Marques,
administrador e porta-voz da Fundação da EPM, que não prestou mais
esclarecimentos.
Recorde-se
que os pais foram informados em Junho de que as propinas iriam sofrer um
aumento que, segundo Filipe Regêncio Figueiredo, “tem um peso real no bolso dos
pais que varia entre 34,05 e 46,19 por cento, dependendo do ciclo de ensino”. O
Governo, através da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude,
financia parte destes valores, mas apenas para os portadores de BIR. Andreia
Silva – Macau in “Hoje Macau”
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