Foi
publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (28) a homologação do
tombamento do Centro Histórico de Manaus (AM). A publicação da portaria é mais
uma etapa do processo de reconhecimento do conjunto urbano, já protegido pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A
homologação é uma avaliação de conveniência e oportunidade realizada pelo
Ministério do Turismo. Quando um tombamento é homologado, o chefe da pasta
aprova as decisões tomadas nas fases anteriores do processo.
Concluída
essa etapa, o Centro Histórico de Manaus será inscrito em dois dos quatro
livros do tombo: o Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico e o Histórico. A
inscrição concluirá os trâmites do reconhecimento federal.
O
ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, destaca a importância da ampliação de
áreas protegidas em todo o país. “A homologação do tombamento do Centro
Histórico de Manaus reflete um compromisso do nosso governo com a proteção e
preservação da história e identidade do povo brasileiro. Este ato inclui,
definitivamente, Manaus no rol das cidades históricas do Brasil”, ressaltou
Machado Neto.
A
poligonal de tombamento protegida pelo Iphan abrange uma área entre a orla do
rio Negro e o entorno do Teatro Amazonas. Os monumentos refletem o espírito da
Belle Époque, quando a capital amazonense era conhecida como uma das metrópoles
da borracha. No auge do ciclo do produto, o Brasil exportou 42 mil toneladas do
insumo em um único ano, dinheiro que financiou boa parte do conjunto urbano.
“O
Centro Histórico de Manaus é mais do que beleza: é a monumentalização dos
ideais de uma época, de um importante momento econômico e cultural do Brasil.
Sendo fundamental para o exercício do direito à memória, esse bem deve ser
protegido pelo Iphan”, afirma Larissa Peixoto, presidente do Instituto.
Metrópole da borracha
As
origens de Manaus remontam a 1669, durante o período colonial, no contexto da
interiorização da América Portuguesa. A ocupação que posteriormente daria
origem à cidade começou na margem esquerda do rio Negro, a partir do forte de
São José da Barra do Rio Negro. O nome da cidade deriva da nação Manaó, um dos
povos indígenas mais importantes da região. Tornou-se capital do Amazonas em
1889, com a Proclamação da República.
A
arquitetura e o urbanismo característicos do conjunto foram criados entre os
séculos XIX e XX. A partir de 1892, o governo de Eduardo Ribeiro elaborou um
plano para coordenar o crescimento da cidade.
Manaus
ganhou o serviço de transporte coletivo de bondes elétricos, telefonia,
eletricidade e água encanada, além de um porto flutuante, que passou a receber
navios de diversas bandeiras. As ruas, parques e praças arborizados também
surgiram nessa onda modernizadora: esses equipamentos eram vistos como
instrumentos para garantir a salubridade e a beleza das urbes. A Praça da
Saudade e a já desaparecida Praça Oswaldo Cruz são locais que refletem os
ideais oitocentistas.
À
época, o látex era matéria-prima basilar para a industrialização mundial.
Manaus estava no epicentro da cadeia de fornecimento do insumo: junto com
Belém, era o principal ponto de escoamento da produção dos seringais
amazônicos.
Edifícios
monumentais erguidos no Centro Histórico de Manaus refletem a opulência e a
euforia da época. É o caso do Teatro Amazonas, inaugurado em 1896. O espaço foi
projetado para atender às necessidades do que era uma das cidades mais
prósperas do mundo, e que recebia – e recebe –companhias de espetáculos do
exterior.
Investimentos
Mesmo
antes de o tombamento ser homologado, o Iphan já trabalhava em prol da proteção
e do desenvolvimento do Centro Histórico de Manaus. Só entre os anos de 2017 e
2021, os técnicos da autarquia analisaram 374 propostas de intervenção dentro
do perímetro protegido.
O
conjunto urbano recebeu, ainda, diversos investimentos no âmbito do Programa de
Preservação de Cidades Históricas. Foram oito ações que contaram com a
participação do Iphan, em parceria com a Prefeitura de Manaus, como
requalificação urbanística da Praça XV de Novembro (Praça da Matriz) e Relógio
Municipal; Transferência do Pavilhão Universal da Praça Terneiro Aranha para a
Praça Adalberto Vale; da Praça Dom Pedro II; Restauração da Biblioteca
Municipal João Bosco Pantoja Evangelista; Restauração do Antigo Hotel Cassina
(Centro da Inovação Cassina); Antiga Câmara Municipal (Centro de Arqueologia) e
outros.
A
autarquia e o restante do governo federal investiram aproximadamente R$ 9
milhões nessas ações.
Há
uma ação em curso no Teatro Amazonas, um dos principais monumentos da cidade. O
imóvel está em processo de modernização do sistema de prevenção e combate a
incêndios, com entrega estimada para outubro deste ano. As melhorias somam
pouco mais de R$ 2,6 milhões em recursos do Fundo de Defesa dos Direitos
Difusos (FDD), do Ministério da Justiça e Segurança Pública. In “Mundo
Lusíada” - Brasil
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