O representante do Vaticano em Timor-Leste, Marco Sprizzi, disse que a sociedade civil e os jovens vão estar incluídos na agenda da visita do Papa Francisco ao país, que inclui também encontros com as autoridades timorenses. O Papa Francisco vai estar em Timor-Leste a 9,10 e 11 de Setembro
“Há
um evento que estamos a organizar com a Presidência da República e o Governo em
que o Papa vai encontrar-se com a sociedade civil e fará um discurso importante
para a sociedade civil”, disse em entrevista à Lusa monsenhor Marco Sprizzi.
Segundo
o representante do Papa em Timor-Leste, o discurso que fará à sociedade civil
“não será um discurso como a homilia em Tasi Tolu ou na Sé Catedral,
estritamente confessional, religioso, só dirigido a católicos”. “Será um
discurso dirigido à sociedade civil para incrementar os valores humanos, que
envolvem todos, de todas as religiões ou sem religiões, de todas as filosofias
de vidas. Será um discurso também orientado para fortalecer o espírito de
fraternidade humana”, afirmou Marco Sprizzi.
O
Vaticano anunciou que o Papa Francisco vai estar em Timor-Leste a 9,10 e 11 de
Setembro. A visita do Papa Francisco ocorre no âmbito de um périplo que vai
fazer à região e incluiu também a Indonésia, que visita entre 3 e 6 de
Setembro, a Papua Nova Guiné, de 6 a 9, e Singapura, de 11 a 13 de Setembro.
Na
conferência de imprensa, realizada na sexta-feira, em Díli, após o anúncio
oficial da visita, Marco Sprizzi já tinha afirmado que estavam a ser
organizados encontros com a “sociedade civil, políticos, autoridades do Estado,
empresários, jornalistas e juízes, polícias, todos os que fazem a estrutura da
sociedade e o povo”.
Questionado
sobre os jovens timorenses, o representante do Papa Francisco em Timor-Leste
disse que também se está a tentar “organizar um evento específico para os
jovens”.
“Mas
esperamos centenas de milhares de jovens em Tasi Tolu, sendo um país com 75% de
jovens”, afirmou. “Haverá um evento específico dedicado aos jovens, com
representantes dos jovens, em que o Papa dirigirá uma palavra baseada na
situação timorense, com a possibilidade de haver perguntas e respostas ou mesmo
que não fosse assim seria uma palavra dirigida a eles”, sublinhou monsenhor
Marco Sprizzi.
Sobre
a falta de perspetiva dos jovens timorenses, o representante do Vaticano em
Timor-Leste afirmou que os “jovens precisam de ter uma maior inclinação para se
sacrificar”, lembrando o sacrifício que os pais fizeram durante a luta pela
restauração da independência. “É preciso esforço, criatividade, de
inteligência, de espírito empresarial, de inovação da parte dos timorenses. A
mentalidade de que tudo tem de vir do Governo. Os timorenses no exterior
trabalham muito fazem grandes sacrifícios, mas quando estão aqui não tem essa
atitude e também não são ajudados a ter”, afirmou Marco Sprizzi.
Em
relação à forma como a igreja católica se pode envolver mais com os jovens,
monsenhor Marco Sprizzi disse que “também é preciso fazer um trabalho cada vez
mais sério e atento” para os ajudar a construir em Timor-Leste as condições
para melhorarem as suas condições económicas e de vida. “Da minha parte, faço
tudo o que posso, vejo e admiro o trabalho da igreja e espero que também o
Governo aumente os investimentos concretos para estar perto dos jovens e
ajudá-los a não se inclinar para a violência, protesto, ou apenas escapar de
Timor, mas encontrarem aqui condições favoráveis para se desenvolver”, afirmou.
“Intenção firme” de visitar Timor e estar com os
timorenses
Marco
Sprizzi afirmou que o Papa Francisco tinha uma “intenção firme” de visitar
Timor-Leste, que considerou como um “farol de espiritualidade” no Sudeste
Asiático e no mundo. “O Papa conhece Timor há muito tempo, tem um grande amor
por Timor e tinha esse desejo, esta vontade, de visitar Timor”, afirmou em
entrevista à Lusa Marco Sprizzi. “Posso dizer que o Papa teria feito esta
visita mesmo que fosse só para Timor. Não é incluir dentro de uma viagem, mas é
ter o desejo e a intenção firme, muito firme, apesar de todas as dificuldades,
de visitar Timor para encontrar-se com os timorenses”, salientou.
O
representante do Vaticano em Timor-Leste considerou também que o Papa Francisco
tem uma “especial admiração pela fé, pela força da fé, da devoção dos
timorenses”, sublinhando que a população do país recorda sempre que não teria
conseguido lutar pela independência “sem a ajuda de Deus e a força da fé”.
Para
monsenhor Marco Sprizzi, o povo timorense nunca teria conseguido vencer dois
gigantes como a Indonésia e os Estados Unidos, que apoiaram a ocupação de
Timor-Leste pelos indonésios, “se não fosse pela ajuda divina”. “Há um conjunto
extraordinário de condições humanas, mas também, podemos acreditar em uma
proteção do céu”, afirmou.
Questionado
sobre a dimensão da fé dos timorenses, o país mais católico do mundo, a seguir
ao Vaticano, Marco Sprizzi afirmou que já vive no país há cinco anos e ainda
fica impressionado. “Eu morei seis anos no Brasil, três anos nos Estados
Unidos, três anos e meio na Índia, quatro anos na Coreia do Sul, mas a vida
construída sobre a fé, como está em Timor, eu posso dizer, que nunca encontrei
no mundo inteiro”, disse. “Penso sempre em Timor como uma pequena estrela, como
um diamante, que brilha pequeno, mas super brilhante na fé neste mundo do
Sudeste Asiático, da Ásia e do mundo, é um farol de espiritualidade é
diferente”, salientou o representante do Vaticano. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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