Os cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Portugal lançaram esta quinta-feira em Maputo um projeto de capacitação sobre regulamentação e ética nos ensaios clínicos, visando o desenvolvimento normativo deste domínio
“O
objetivo é criar capacitação, do ponto de vista regulamentar e ético, para o
desenvolvimento de investigação clínica, de ensaios clínicos, nos cinco Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Portugal”, disse à Lusa o bastonário
da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, Hélder Mota Filipe.
A
coordenação do CT-Luso está a cargo da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal e a
responsabilidade científica é do Comité Nacional de Bioética para a Saúde de
Moçambique. A ação formativa vai beneficiar especialistas das autoridades da
ética e do medicamento, institutos de saúde e de universidades dos PALOP.
A
formação terá uma primeira componente de aspetos gerais, com uma participação
mais vasta de especialistas, e a segunda, com um envolvimento de um número mais
limitado, acrescentou.
“O
número de participantes será o maior possível e grande parte da formação será à
distância, mas há momentos em que, conforme se vai desenvolvendo a capacitação,
especialistas das autoridades do medicamento, comissões de ética e
investigadores das universidades e dos hospitais terão estágios em Portugal,
quer na autoridade do medicamento, quer na comissão de ética para investigação
clínica, universidades e em empresas que fazem ensaios clínicos, numa
perspetiva de formação presencial”, declarou o bastonário da Ordem dos
Farmacêuticos de Portugal, que está em Maputo.
Hélder
Mota Filipe frisou que a ação, com duração de três anos, pretende colocar as
normas e estruturas de ensaios clínicos dos PALOP em linha com os padrões
internacionais, desenvolvendo o setor para patamares elevados.
“A
realidade nos Países Africanos de Língua Portuguesa é que não há ainda um
grande desenvolvimento na área dos ensaios clínicos e é importante que os
países tenham capacidade para desenvolver ensaios clínicos”, acrescentou.
O
bastonário defendeu a importância de os PALOP desenvolverem ensaios clínicos em
patologias que afetam particularmente os países desta comunidade, sem deixar de
lado a investigação nas doenças que atingem o continente africano e o mundo, no
geral.
A
elevação das capacidades neste domínio, prosseguiu, é benéfica para os doentes,
porque passam a ter acesso a medicamentos mais eficazes, e para os países, no
geral, para a instalação da indústria farmacêutica, que movimenta recursos
avultados, sublinhou.
As
ações de formação, prosseguiu, são igualmente essenciais para os
investigadores, porque ficam dotados de maiores habilidades no desenvolvimento
do seu trabalho.
Hélder
Mota Filipe assinalou a importância de transmissão do legado da investigação
clínica a futuras gerações de investigadores na área do ensaio clínico.
O
responsável declarou que a iniciativa que arranca hoje segue-se a uma outra
similar envolvendo os PALOP, mas desenhada para uma participação mais limitada.
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