As celebrações em Macau dos 50 anos do 25 de Abril têm vindo a decorrer ao longo do mês e atingirão o auge no próprio dia da comemoração da Revolução dos Cravos, com a realização de alguns jantares-convívio. Um deles acontecerá no Clube Militar, através de uma comissão “ad-hoc”, que volta também a contar com a participação da Casa de Portugal. Aí não faltará música portuguesa e possivelmente uma pequena declaração em vídeo de uma figura proeminente do acto que marcou o início da liberdade e da democracia em Portugal. O programa geral dos eventos, organizado por várias instituições, abrange diversas áreas, desde as artes, a música e o cinema, passando pela fotografia, a poesia e palestras
Todos
os anos, o 25 de Abril é recordado em Macau através de vários eventos, mas em
2024, com a celebração do meio século da Revolução, as comemorações apresentam
um foco algo diferente, mais alargado, dado o simbolismo da data.
No
“dia grande”, ou seja, na data propriamente dita dos 50 anos do 25 de Abril de
1974, uma comissão “ad hoc”, que tem vindo a chamar a si a iniciativa há mais
de 30 anos, realizará um jantar-convívio no Clube Militar, ao qual se volta a
juntar a Casa de Portugal.
Manuel
Geraldes, elemento da organização e dirigente do Clube Militar, disse ao Jornal
Tribuna de Macau que “juntaram-se esforços para celebrar a fraternidade da
comunidade portuguesa e assim vamos estar em conjunto à mesa, unidos, e num
local que tem condições para receber provavelmente mais de uma centena de
pessoas”.
O
jantar contará com música e, possivelmente, um pequeno discurso em vídeo de uma
personalidade ligada à revolução, mas ainda sem nome confirmado.
Enquanto
isto, uma “Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril” foi criada com a colaboração
de várias instituições portuguesas, entre as quais o Consulado Geral de
Portugal, o Instituto Português do Oriente (IPOR) e a Casa de Portugal, cujo
programa inclui exposições e concertos, entre os quais se podem destacar uma
mostra, já a decorrer na Casa Garden, promovida pela Fundação Oriente e
intitulada “Que Mar Se Vê Afinal da Minha Língua?”, e uma outra, a inaugurar
esta segunda-feira na Casa de Vidro, numa iniciativa da Casa de Portugal, com o
nome “50 passos para a Liberdade”.
Segundo
a Casa de Portugal, esta exposição evoca a Viragem Histórica que o 25 de Abril
representou, “pretendendo-se celebrar a conquista da liberdade e a construção
da democracia, dando a conhecer o passado, mas também perspectivando o futuro”.
A
mostra, que irá manter-se para apreciação do público até 19 de Maio, apresenta
50 acontecimentos relevantes do período que medeia entre a tomada de posse do
último presidente do Conselho do Estado Novo, Marcelo Caetano, e a publicação
da Lei de 27 de Julho, pela qual Portugal reconhece o direito dos povos
coloniais à autodeterminação e independência.
A
música será também um dos principais componentes das celebrações, tendo a SOMOS
– Associação de Comunicação em Língua Portuguesa levado a efeito, com o apoio
do Fundo de Desenvolvimento da Cultura e do IPOR, um espectáculo com canções de
Zeca Afonso, interpretadas por Pedro Jóia e José Salgueiro.
A
Livraria Portuguesa, por sua vez, terá uma Feira do Livro, entre hoje e o dia
28 deste mês, ao passo que o Teatro D. Pedro V recebe o concerto de fados “Traz
um Amigo Também”, às 20h00 do dia 30, espectáculo que igualmente acontecerá em
Hong Kong a 2 de Maio, no Club Lusitano, pelo grupo de fados de António Ataíde.
EPM organiza palestra, música e ciclo de cinema
Com
a aproximação da data efectiva do aniversário dos 50 anos da efeméride, outros
eventos estão a ser preparados, alguns em contexto escolar, organizados pela
Escola Portuguesa de Macau (EPM), como “Canções de Abril”, amanhã às 18h00, no
Auditório do Consulado, pelo Grupo ORFF e Tuna da EPM.
Hoje,
pelas 09h50, nas instalações daquele estabelecimento de ensino, realiza-se uma
palestra e apresentação do documentário “A Revolução a partir de Macau” com o
jornalista e escritor João Guedes. Também esta segunda-feira será inaugurada na
EPM, no átrio interior, uma exposição de trabalhos alusivos ao 25 de Abril
pelos alunos do 1º ciclo, 6º, 9º e 12º ano de História e História A.
A
EPM preparou também outros eventos, com destaque para um “momento de
teatralização/poesia”, ciclos de cinema, leitura e análise, em contexto de sala
de aula (1º ciclo), da obra “Avó, onde estavas no 25 de Abril?” da autoria de
Ana Markl, e ainda a participação no concurso “Artistas Digitais” – 50 Anos do
25 de Abril – Centro de Competência “Entre o Mar e a Terra” Portugal.
No
que diz respeito ao programa geral, elaborado pela “Comissão Comemorativa 50
Anos 25 Abril”, o mesmo termina com um ciclo de cinema, promovido pela Casa de
Portugal e IPOR. As sessões decorrerão sempre às 18h30 no Auditório do
Consulado, entre os dias 7 de Maio e 19 de Junho.
Num
texto enviado às redacções, a Comissão lembra que as verdadeiras celebrações
tiveram início no dia 23 de Março de 2022, “momento em que passámos a ter mais
dias de democracia do que aqueles que vivemos em ditadura” e fecham em Dezembro
de 2026, “quando se cumpre, por um lado, 50 anos da aprovação da Constituição
da República portuguesa e, por outro, 50 anos do ciclo eleitoral que decorreu
ao longo de 1976”.
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