A mina de grafite de Balama, no norte de Moçambique, estreou-se este ano na exportação daquele minério para um fabricante de baterias indonésio, que comprou 10 mil toneladas, anunciou a mineradora australiana Syrah
De
acordo com uma informação divulgada aos mercados pela Syrah, que detém aquela
mina em Cabo Delgado, tratou-se da “primeira venda de grandes volumes” de
grafite natural de Balama para a Indonésia, adquirido pela empresa BTR New
Energy Materials.
Segundo
a Syrah, trata-se do “primeiro grande volume de venda de grafite natural para
um participante da cadeia de fornecimento de baterias fora da China”. “Esta
venda a granel segue-se a um envio experimental de contentores de finos de
grafite natural de Balama para a Indonésia” no primeiro de 2024, explica a
mineradora, acrescentando que esta exportação “é mais um desenvolvimento
importante” na estratégia de diversificação de vendas.
A
mineradora explica igualmente que a empresa BTR New Materials Group está a
construir na Indonésia uma fábrica de baterias de 478 milhões de dólares (429
milhões de euros), “que deverá iniciar a produção em 2024”, prevendo igualmente
novas vendas daquela mina para a empresa.
A
Syrah explicou ainda que as vendas de grafite natural da mina de Balama no
primeiro trimestre “foram semelhantes” às do último trimestre de 2023. “As
condições de procura de grafite natural na China foram impactadas pela
incerteza relacionada com a concessão de licenças de exportação de grafite à
China”, admite a empresa a mineradora.
A
produção de Balama tinha subido para 41 mil toneladas de grafite natural no
primeiro trimestre de 2023, face a 35 mil toneladas no trimestre anterior,
acima das vendas, que subiram de 28 para 30 mil toneladas.
A
firma australiana está também a construir a Vidalia, Estados Unidos da América,
uma fábrica de material para baterias, que será alimentada com minério
moçambicano, neste caso com duas toneladas enviadas em Abril do ano passado.
O
ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Max Tonela, disse em novembro
que o país dispõe de grafite em abundância para responder à procura de carros
elétricos na União Europeia, defendendo parcerias empresariais. “Não existem
motores elétricos sem grafite, não existem baterias sem lítio, não existem
magnetos sem areias pesadas. Parcerias estruturadas entre europeus e
moçambicanos podem e devem aliviar esta demanda e devem contribuir para a
aceleração da industrialização de Moçambique”, referiu.
Moçambique
espera este ano gerar mais de 329 040 toneladas de grafite, matéria-prima
necessária à produção de baterias para viaturas elétricas, um aumento superior
a 180% face ao desempenho do último ano, segundo a previsão do Governo.
No
documento de suporte à proposta do Plano Económico e Social do Orçamento do
Estado (PESOE) para 2024, que a Lusa noticiou anteriormente, o Governo afirma
que a produção da grafite “vai aumentar significativamente”.
Para
a estimativa foram considerados os planos das duas empresas de produção deste
mineral, apesar de até ao primeiro semestre de 2023 estar “com uma realização
de 22%”, devido à “fraca procura deste minério no mercado internacional”, o que
levou a Twigg Mining and Exploration [subsidiária da Syrah Resources Limitada],
maior produtora, “a interromper temporariamente as suas atividades de mineração
e processamento nos meses de maio e junho”.
A
estimativa de produção de 329 040 toneladas de grafite em 2024 representa um
aumento de 180,2% segundo os dados do Governo incluídos no relatório.
Moçambique
produziu 120 mil toneladas de grafite em 2020, desempenho que caiu para 77 116
toneladas no ano seguinte, enquanto as estimativas para 2022 e 2023 foram,
respetivamente, de 182 024 e 117 416 toneladas. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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