O jornalista e autor, Alexandre Moniz Barbosa, compartilha percepções sobre o seu mais novo livro, “Colonial Sunset”, e o que moldou a história que ele procurava contar
Mesmo
enquanto respiramos agora, em algum lugar, alguém está a inventar uma história
que pretende nos levar a uma montanha-russa de emoções - fazendo os nossos
olhos lacrimejarem ou soltando uma risada - impactando-nos de uma forma que
nunca teríamos imaginado.
O
objectivo final é sempre estimular os leitores com informações interessantes e
tocar um ou dois corações, deixando os pensamentos preencherem o papel. Mas
tudo começa com algo simples, como a intenção de contar uma história, e este
autor tem algo a partilhar.
Tendo
anteriormente escrito livros como Goa Rewound, Raw Earth, Kaddio
Boddio, no seu novo livro, intitulado Colonial Sunset, o
autor-jornalista Alexandre Moniz Barbosa tece uma história de amor entre uma
mulher goesa e um soldado português.
Esta
obra de ficção desenrola-se tendo como pano de fundo a libertação de Goa, no
meio da agitação política e da incerteza, abordando temas como o amor, a
liberdade e o preconceito.
Publicado
pela Editora Broadway, Pangim, o livro teve o lançamento no passado sia 19 de
abril, na Fundação Oriente, Fontainhas, Pangim.
Em
declarações à Gomantak Times Digital, Alexandre Moniz Barbosa partilha o que
moldou a história que procurou contar.
Qual foi a ideia que deu origem a “Colonial Sunset”, o seu
sexto livro, e por que escolheu este título?
AMB - A
ideia surgiu de uma entrevista que fiz a um casal – um português e uma senhora
goesa – em 2011, que tinham vindo a Goa para celebrar o seu jubileu de ouro.
Foi interessante porque o homem era soldado do exército português na época da
Libertação e a mulher era de Goa.
Eles
casaram-se em 17 de dezembro de 1961, apenas dois dias antes da Libertação.
Isso fez-me pensar: e se tivesse sido ao contrário? E assim surgiu a ideia do
livro.
O
título Colonial Sunset não significa apenas o fim do domínio colonial em
Goa, mas há outra história no livro que acontece nos tempos atuais, e isso
mostra como as perspectivas entre os goeses mudaram de 1961 até agora;
portanto, é também um pôr-do-sol dos preconceitos das pessoas que existiam em
1961. Portanto, é um jogo de palavras 'colonial' e 'pôr-do-sol'.
Porque escolheu a Libertação de Goa como pano de fundo
para a sua história?
AMB - Acredito
que precisamos entender melhor esse período. A mera história e as suas
interpretações não ajudam, é a literatura que facilita esse aprendizado e
compreensão.
O
meu livro é uma história de Libertação. Pode haver, e haverá, muito mais
histórias esperando para serem contadas. Na verdade, tenho a ideia de outra
obra ambientada no mesmo período, mas provavelmente não trataria dos
acontecimentos de 19 de dezembro de 1961.
Quão difícil foi escrever este livro, que é uma obra de
ficção?
AMB - Cada
livro tem o seu próprio nível de dificuldade. Este livro exigiu uma pesquisa
substancial da época, dos edifícios em Pangim (tal como acontece nesta cidade),
da vida social da época e também de como as pessoas reagiriam às situações.
O
que me ajudou foi que eu tenho livros sobre esse período em casa e, assim, não
precisei ficar muito tempo na biblioteca. Além disso, eu poderia recorrer a
lembranças de conversas que tive com pessoas que viveram naquele período, para
compreender a vida daquela época.
Por
se tratar de ficção, pude tomar algumas liberdades, mas não muitas, pois tive
que manter a história o mais próximo possível dos acontecimentos reais.
Quanto tempo levou para escrever este livro? Como se
manteve motivado para manter viva a sua centelha criativa?
AMB - Acho
que concluí o primeiro rascunho em cerca de 75 dias. Começou então o processo
de reescrita – adição e exclusão – que demorou muitos mais meses, e depois, a
edição da obra.
Assim,
o livro cresceu em extensão e foi enriquecido em conteúdo até atingir a sua
forma final. Como estou afastado do jornalismo em tempo integral, consegui
terminar o primeiro rascunho em 75 dias, caso contrário teria demorado muito
mais.
O
que me mantém motivado é que, à medida que escrevo, os personagens começam a
ganhar vida e depois começam a falar comigo. Assim, deitado na cama à noite e
tentando dormir, um personagem pode dizer que precisa de situações mais
desafiadoras, ou pode dizer que o que escrevi não é como ele reagiria a uma
situação específica. Eles ganham vida e isso mantém-me a escrever, pois tenho de
fazer justiça ao personagem.
Dado que este é o seu sexto livro, já enfrentou algum
bloqueio de escritor? Como supera isso?
AMB - Escrevo
quando tenho uma história para contar. Não é como se eu tivesse de escrever
algo novo quando termino um livro ou conto. Nesse sentido, não enfrentei
bloqueio de escritor.
Mas
existem tantos temas dentro de Goa sobre os quais se pode escrever. É uma
questão de desenvolver a ideia de uma única frase em milhares de frases.
Então,
se tem essa ideia e é apaixonado por expandi-la como uma história – conto ou
romance – então precisa disciplinar-se para sentar e escrever, e depois
reescrever.
Acha que escrever é uma carreira gratificante, visto que
nem todos os escritores ganham dinheiro?
AMB - É
gratificante e é uma paixão; não é uma carreira.
Algum escritor o inspirou ou há algum escritor específico
que admira?
AMB - Fui
estimulado por vários escritores. Ruskin Bond é um deles, PG Wodehouse é outro
que cresci lendo e ainda adoro reler os seus livros.
Além
disso, na minha juventude, eram os escritores de suspense que eu escolhia para
ler. Isso mudou mais tarde, e comecei a ler outros autores, incluindo
escritores premiados.
Agora,
porém, estou a ler muitos autores indianos e de géneros variados. Por exemplo,
neste momento, como é época de eleições, tenho escolhido deliberadamente ficção
sobre a política e as eleições indianas, e estou a considerá-la muito
interessante, pois consigo relacionar o que estou a ler com a vida real.
Mas,
em momentos diferentes, houve diferentes géneros e escritores que me
interessaram. Por exemplo, quando escrevi Touched by the Toe, era Loyd
Douglas e o seu livro The Robe que estava a tocar na minha mente. Abigail
Crasto – Goa in “Gomantak Times”
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