A ilha do Sal acolhe, nos dias 8 e 9 de Abril, a conferência internacional “Liberdade, Democracia e Boa Governança: Um olhar a partir de Cabo Verde”, na qual participam políticos e especialistas de vários continentes. O evento visa promover a discussão sobre os desafios actuais da política contemporânea e vem reassumir, perante o mundo, o compromisso de Cabo Verde, ponto central do Atlântico Médio, para com os valores em debate
Num
momento em que “a democracia e a liberdade têm estado sobre ataque em todo o
mundo” e se assiste a um aumento exponencial do populismo, impõe-se aos
governos inverter esta situação. E é neste contexto, e como forma de contribuir
para este debate, “que se faz necessário” e que surge a conferência
internacional Liberdade, Democracia e Boa Governança, organizada pelo
governo de Cabo Verde, justifica Janine Lélis, Ministra de Estado, da Defesa
Nacional, da Coesão Territorial e Ministra da Presidência do Conselho de
Ministros e dos Assuntos Parlamentares.
Assim,
durante cerca de um dia e meio, conferencistas, intelectuais, académicos,
políticos e especialistas de renome, nacionais e de “vários cantos do mundo”,
vão reunir-se para debater esses temas.
O
propósito da conferência, como explica ainda a ministra, é, com um olhar a
partir do Cabo Verde, abordar os desafios que todos estamos a vivenciar, bem
como a necessidade de combater essas fragilidades, “numa perspectiva global,
variada e integrada”.
Ao
mesmo tempo, o evento vem reforçar, perante o mundo, o compromisso de Cabo
Verde, plataforma de prestação de serviços no Atlântico Médio, para com esses
valores.
“Entendemos
que temos um papel importante na região africana, para tentar exercer
influência positiva. Queremos também aprender, e melhorar aquilo que é possível
aprimorar, com aqueles cujas experiências de democracia estejam muito
desenvolvidas. Mas, essencialmente, queremos mostrar que se pode contribuir
sempre e que todos têm responsabilidade na promoção da democracia”, resume.
Programa
A
conferência internacional Liberdade, Democracia e Boa Governança vem,
essencialmente, “retratar a experiência, a vivência e as diferentes formas de
implementação e construção da Democracia, bem como a própria vivência da
liberdade”, um pouco por todo o mundo.
Para
tal, o evento conta com a participação de convidados da África, da Europa, da
América do Norte e do Sul e da Ásia (este último ainda a confirmar), que
analisarão diferentes questões ao longo da sessão especial de alocuções e
quatro painéis em que se divide a conferência.
Depois
da sessão de abertura, presidida pelo Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e
Silva, e na qual marcam presença representantes da União Europeia, das Nações
Unidas e da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), arranca o painel especial sobre o tema “Fazendo a Democracia
Funcionar”.
Esta
sessão irá contar com alocuções de personalidades que já tiveram cargos de
responsabilidade nesse desiderato, nomeadamente António Costa, ex-ministro de
Portugal e Patrice Trovoada, primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, em
exercício.
Segue-se
o painel “Democracia e Estado de Direito”, e, por fim, o painel “Democracia e
Liberdades Religiosa”, que encerra o primeiro dia.
No
segundo e último dia da conferência, o primeiro painel intitula-se “Promovendo
a Integridade de Informação”, e nele, como o nome indica, será discutida “ a
problemática à volta das redes sociais, das fake news e outros desafios e
ameaças à veracidade e credibilidade da informação na era digital”. Ou seja,
este painel vai debruçar-se sobre a importância de uma “informação mais
íntegra, que se mostra necessária para o fortalecimento da democracia, e a
necessidade de empoderar as pessoas para uma verdadeira cidadania”, explica
Janine Lélis.
O
quarto painel será dedicado ao tema “Promovendo a Boa Governança e a
Transparência na Gestão da Dívida Pública”, e decorrerá sob a “perspectiva da
luta contra a corrupção, da necessidade de prestação de contas para o aumento
da credibilidade e da confiança dos sistemas políticos perante os seus
representados”.
Além
das personalidades já frisadas, vários outros intervenientes de renome farão
parte da conferência, sendo de destacar ainda a participação de representantes
de várias organizações que trabalham na promoção da democracia. Entre estas
estarão, designadamente, o Instituto Internacional para a Democracia e
Assistência Eleitoral (IDEA), com sede nos Estados Unidos e o National
Democratic Institute (NDI). A Fundação Gertúlio Vargas, do Brasil, a
Organização Europeia de Direito Público e l›Institut Prospective et Securité en
Europe (IPSE), são também entidades presentes, entre várias organizações,
políticos e especialistas nacionais e estrangeiros.
Declaração do Sal
A
conferência internacional Liberdade, Democracia e Boa Governança: Um olhar a
partir de Cabo Verde culminará com a elaboração de uma declaração – a
Declaração do Sal – onde estarão reflectidos os princípios discutidos e os
compromissos assumidos para promover esses valores fundamentais.
Como
refere a ministra, pretende-se que esta conferência seja apenas o início de
outros eventos, discussões e reflexões. Neste sentido, pretende-se que esta
declaração seja um contributo para tal.
Ademais,
pretende-se fazer uma edição, com esses conteúdos das várias apresentações.
Da
parte de Cabo Verde, esta é, pois, “a influenciação que queremos fazer no
Concerto das Nações, nesta matéria, para também mostrar o interesse do governo
e o seu comprometimento no bom funcionamento das instituições e na melhoria da
democracia e do Estado de direito. É esse o objectivo que move o governo e é
esta construção que nós queremos fazer, junto com outros, neste exercício que
se revela ser importante”, resume.
A
realização desta conferência, que decorrerá no Hotel Hilton e cuja organização
é coordenada pelo Gabinete do Primeiro-ministro e Gabinete da Ministra da
Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares, prevê uma
despesa de até 55 mil contos na contratação de bens e serviços por ajuste
directo. Sara Almeida – Cabo Verde in “Expresso
das Ilhas”
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