O delegado da Fundação Oriente (FO) em Goa defende que a estratégia de ensino do português adoptada pela China, onde a aprendizagem da língua tem crescido nos últimos anos, pode servir de exemplo para a Índia
“Eu
dou sempre esse exemplo da China (…), [onde] olham para o português como uma
grande oportunidade, principalmente na área do negócio. Não só para Portugal,
porque nós somos um território muito pequeno, mas para os PALOP [Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa] essencialmente, pelas oportunidades de
negócio que existem”, disse em declarações à Lusa Paulo Gomes, mencionando
ainda "naturalmente o Brasil".
A
China (excluindo Macau), onde o ensino universitário do português arrancou nos
anos 1960, conta com pelo menos 30 licenciaturas em língua portuguesa e 50
instituições de educação superior com programas de ensino de português.
Já
na Índia, cursos de língua portuguesa ao nível da educação superior são
oferecidos apenas na Universidade de Goa, confirmou à Lusa o responsável pelo
Camões – Centro de Língua Portuguesa em Goa, Delfim Correia da Silva.
"É
preciso fazer muito mais", alertou Paulo Gomes, referindo que, sendo o
português uma das línguas "mais faladas do mundo", quem a domina
"tem uma vantagem competitiva".
"Porque
os indianos têm uma particularidade, os goeses, em particular pela história,
são poliglotas por natureza. A Índia tem 28 línguas oficiais, mais de 400
dialetos", reforçou.
Mas
além do aspeto comercial, o responsável alertou para outras "áreas de
oportunidade", nomeadamente ao nível da formação académica.
"Nas
universidades, quer em Portugal, quer no Brasil, há uma grande procura,
principalmente pelos jovens goeses. O domínio do português a este nível é, sem
sombra de dúvida, uma excelente oportunidade", considerou.
Paulo
Gomes referiu ainda que, em Goa, existe "documentação antiga em português
que carece de traduções" e fluentes na língua podem contribuir neste
trabalho.
A
Fundação Oriente, em Goa há cerca de três décadas, tem também apoiado a
promoção do português, mas ao nível do ensino secundário, sendo esta "uma
das rubricas que consome maior investimento" da instituição.
É
responsável pelo pagamento dos honorários de todos os professores goeses que
ensinam português nas escolas secundárias públicas de Goa - um total de 22
docentes a trabalhar em cerca de 20 estabelecimentos e responsáveis por 1123
alunos.
Um
aumento do número de estudantes em comparação com o ano passado (cerca de 800),
lembrou Paulo Gomes, indicando que, depois de uma queda durante a pandemia da
covid-19, registou-se uma subida, resultado de um trabalho de proximidade da FO
com os professores e alunos e a realização de atividades que acabam por atrair
interessados.
A
Fundação Oriente nasceu em 18 de março de 1988 como uma das contrapartidas
impostas pela então administração portuguesa em Macau à concessão em regime de
exclusividade da exploração do jogo no território.
Desenvolve
ações culturais, educativas, artísticas, científicas, sociais e filantrópicas,
com vista à valorização e à continuidade das relações históricas e culturais
entre Portugal e o Oriente.
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