A dificuldade de se fazerem reformas no país, ressalvados alguns importantes avanços nos últimos anos, vem de dois fatores principais: dificuldade da sociedade brasileira de fazer escolhas e a defesa do status quo, de interesses, de privilégios, por grupos, segmentos, regiões.
O relatório Economic Survey 2023 da Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que engloba 38 países desenvolvidos e
emergentes, apontou que o Brasil cresce menos do que a média dos emergentes e
tem dívida pública muito superior. Chama a atenção para a importância de
aumentar a produtividade da economia, especialmente quando perdemos o apoio do
bônus demográfico. O que depende em boa medida do investimento público, que por
sua vez, além de baixo, ainda vem caindo, resultado de uma política fiscal e
orçamentaria equivocada, que sacrifica os chamados gastos discricionários,
entre eles os investimentos, para privilegiar os gastos de custeio da máquina
pública.
Os números deixam
isso claro: os investimentos públicos em infraestrutura, durante a década
passada, nos países emergentes, variaram em média de 5% a 7% do PIB, contra
menos de 2% no Brasil. Os investimentos totais na economia brasileira variaram
entre 15% e 20% contra a média de 23% dos países da OCDE, mais de 25% na
Turquia e Índia, e mais de 40% na China. E pior, essa falta de recursos não
motivou maior eficiência no gasto: um terço dos projetos públicos de
infraestrutura no Brasil continua sendo paralisado temporária ou
definitivamente. Diante desse quadro, o relatório serve de advertência a todos
aqueles, dentro ou fora do governo, que pressionam por mais gastos públicos de
custeio, seja por motivo político, seja para justificar pretensa necessidade
para expansão da economia.
O Estado precisa
aprender a gastar com mais eficiência o enorme volume de recursos que ja
arrecada. Temos que entender que o avanço vem de gastar melhore não de gastar
mais. Como na educação, onde gastamos perto de 6% do PIB, mais do que países
que são referência e têm as melhores colocações no teste PISA (Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes), em que estamos entre os últimos
colocados. Gastar mais significa consumir hoje, gastar melhor significa pensar
no amanhã. Os países sé evoluem quando investem no futuro, quando conseguem
transformar o seu potencial em PIB potencial. Carlos Schneider - Brasil
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Carlos Rodolfo Schneider - Bacharel e Mestre em Administração pela Escola de
Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
dirige hoje o Grupo H. Carlos Schneider, que inclui empresas como Ciser
Fixadores, Ciser Automotive e Hacasa Empreendimentos Imobiliários.
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