Foi
graças ao cinema, à música, à gastronomia e, sobretudo, à literatura que a
região da Charente mergulhou profundamente na cultura portuguesa ao longo da
passada semana.
Esta
35ª edição do LEC Festival, organizada pelas programadoras culturais Sophie
Léonard e Florence Morette, contou com a presença de vários autores portugueses
com obra traduzida e publicada em França, entre os quais Nuno Gomes Garcia,
autor do recente “La Domestication” (iXe, 2022), que foi galardoado com a
residência Jean Monnet, passando um mês na cidade de Cognac, e Isabela Figueiredo,
premiada com o Prix des Lecteurs graças ao seu romance “Carnet de Mémoires
Coloniales” (Chandeigne, 2021).
Os
outros finalistas foram Miguel Szymanski, David Machado e Afonso Cruz. Estes
cinco autores portugueses foram ao encontro do público e dos leitores,
percorrendo liceus, bibliotecas e mediatecas e levando a população à descoberta
de uma literatura portuguesa nova, moderna e atual que trata temas que estão no
centro das principais preocupações dos estudantes franceses, seja a questão
colonial tratada por Isabel Figueiredo, o feminismo presente na obra de Nuno
Gomes Garcia ou a corrupção política e financeira posta a nu por Miguel
Szymanski no seu romance.
Os
encontros de autores portugueses com a juventude da região foi uma das
características mais evidentes do LEC que tem como principal objetivo a
promoção da leitura e a aproximação e compreensão mútua entre os povos
europeus, sendo, neste último caso, de enorme importância o papel dos
tradutores, presentes em grande número durante o festival.
Também
Catarina Sobral, jovem artista portuguesa, autora do cartaz do festival, marcou
presença, organizando oficinas de arte com os charentais mais jovens.
Outro
ponto importante do festival foi a História de Portugal. O historiador Yves
Léonard marcou presença na abertura do festival e debateu o papel de Portugal
na Europa com a jornalista Ana Navarro Pedro. Autor de “Histoire de la nation
portugaise” (Tallandier, 2022), o historiador bretão apresentou igualmente essa
sua obra em parceria com o escritor Nuno Gomes Garcia, também ele historiador e
arqueólogo.
As
salas repletas de público estenderam-se ao cinema. Três filmes portugueses
foram apresentados ao público da região. Em antestreia, “Alma Viva”, realizado
pela luso-francesa Cristèle Alves Meira, levou os apreciadores da 7ª arte até
Trás-os-Montes ao encontro de uma família e de uma aldeia submersas por uma
superstição de outros tempos, misturando o drama e o humor negro de uma maneira
fulgurante e rara no cinema português. Os outros filmes, “Tabu” e “Mosquito”,
foram igualmente bem acolhidos por um público surpreendido.
A
música e o fado novo do grupo francês “Madragoa” – que pouco antes acompanhara
a leitura de textos escolhidos por Nuno Gomes Garcia com o som da guitarra
portuguesa aquando da “Triple Distillation”, evento que juntou música,
literatura e gastronomia portuguesas – fechou o festival com um concerto que
encheu o auditório do centro cultural Salamandre.
No
próximo ano, o LEC Festival continuará a percorrer o grande sul europeu e terá
a Itália como país convidado. In “LusoJornal” - França
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