A 20ª edição do Concurso de Eloquência em Língua Portuguesa distinguiu três alunos da Universidade de Macau, instituição organizadora. No âmbito da iniciativa, os participantes deram voz às suas interpretações de um ditado popular quer seja centrado numa perspectiva mais chinesa, a sua aplicabilidade no diálogo digital como também nas considerações de promover um discurso mais ponderado no espaço público
A
Universidade de Macau (UM) realizou, na sexta-feira, o 20º Concurso de
Eloquência em Língua Portuguesa, sendo que o tema desta edição focou-se na
expressão popular “o homem é senhor do que pensa e escravo do que diz”. A
competição reuniu um total de 11 alunos – nove do sexo feminino e dois do
masculino – que transmitiram as suas interpretações da temática referida. Os
três vencedores pertencem à UM.
Cheang
Pak In, que está a estudar Português na UM há três anos, proferiu um discurso
em que abordou o objecto central da competição de um ponto de vista chinês. Em
particular, deu relevo às categorias de “senhor” e “escravo” e quais os juízos
de valor a estes associados. O aluno da UM recebeu um montante de 5000 patacas,
concedido pela Fundação Macau.
Ao
Jornal Tribuna de Macau, Cheang Pak In referiu que o interesse em aprender a
Língua de Camões deveu-se às necessidades do curso de Direito. “A razão para
estudar Português, no início, era por ser um estudante de Direito e é muito
necessário que eu saiba como usar a língua portuguesa como uma ferramenta”
nessa área, explicou.
Questionado
sobre os motivos que o levaram a aderir à competição sobre eloquência, afirmou
que “decidi participar no concurso porque quero muito aumentar a minha
capacidade para usar a língua portuguesa”, observando também que “isto é muito
importante em Macau”. Com o intuito de perseguir estes objectivos, manifestou o
interesse em ir para Portugal, nomeadamente para Lisboa, como estudante de
intercâmbio, planeando realizar esta viagem no segundo semestre do próximo ano.
Patrocinado
pelo Jornal Tribuna de Macau, o segundo prémio, no valor de 3000 patacas, foi
conquistado por Queenie Chan Sio Kuan, aluna local. Comparativamente aos colegas
do concurso, a jovem está a aprender Português há mais tempo, tendo iniciado o
estudo da língua desde os nove anos de idade. Com o seu texto, intitulado
“Poder e Responsabilidade das Palavras”, a estudante procurou enquadrar a
temática do concurso no âmbito das redes sociais.
Falando
com o Jornal Tribuna de Macau, Queenie Chan indicou que o seu cultivo da língua
portuguesa nasce de um “interesse pessoal”, defendendo também que “saber falar
Português vai dar uma boa saída” profissional, alimentando as expectativas de
“encontrar um bom trabalho”. “E, além disso, acho que, como o Português é uma
das línguas oficiais em Macau, também é bom que os residentes aprendam”,
sublinhou.
A
propósito do interesse em integrar esta competição, indicou que “qualquer
estudante quer participar neste concurso porque de certeza que é uma prova que
diz que nós conseguimos falar bem esta língua”. Encarando a sua participação
como “uma grande honra”, a jovem assumiu estar “muito contente por poder
participar neste concurso e, agora que recebo o prémio, ainda mais”.
Por
sua vez, Xue Wenyu, que adoptou o nome português Natália, recebeu o terceiro
prémio, atribuído pela Fundação Oriente, no valor de 3000 patacas. A aluna de
intercâmbio de Pequim procurou também construir o discurso à volta de uma
interpretação mais chinesa da expressão temática do concurso. Em particular,
observou o contraste sociocultural linguístico entre a China e os povos
ocidentais, denotando as diferenças de expressão dentro de diferentes
comunidades.
Em
declarações a este jornal, a estudante explicou que a dedicação ao estudo do
Português deriva do seu gosto por línguas estrangeiras. Segundo contou,
escolheu a Língua Portuguesa devido ao seu “futuro muito promissor”, além de
que, actualmente, “é muito procurada no mercado chinês”. Quanto à competição
propriamente dita, considerou que se tratava de “uma boa oportunidade para
praticar o Português oral”.
No
decorrer do evento, houve também uma sessão para a apresentação de seis outros
textos que não fizeram parte do concurso, juntamente com dois momentos
musicais. O júri foi composto por Anabela Ritchie, antiga presidente da
Assembleia Legislativa, Miguel Senna Fernandes, presidente da Associação
Promotora da Instrução dos Macaenses, Ana Paula Cleto, coordenadora da
delegação de Macau da Fundação Oriente, e o jornalista Carlos Picassinos, da
TDM. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau
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