O autor português lançou ainda o livro “Surga Laut”, versão em bahasa indonésio da obra “O Céu do Mar”, editado pela Amazon australiana. A presença do autor português no Ubud Writers & Readears Festival, que é considerado o maior festival literário da Ásia, teve o apoio da embaixada de Portugal na Indonésia e do Instituto Camões
O
escritor português João Morgado participou no UbudWriters & Readears
Festival, que decorreu de 27 a 31 de Outubro, em Bali, na Indonésia. Durante o
evento, o autor defendeu, citado em comunicado de imprensa, que “a história não
é fixa, vai mudando”, e por isso “o nosso trabalho é mudar as perguntas para
que a história nos mude as respostas”.
No
painel “Looking to the Past: Writing about History”, João Morgado ressaltou a
necessidade de ir além da “história oficial dos povos” e “humanizar o passado”
para além do elencar de datas e acontecimentos. Neste que foi o último dia
deste evento internacional, contou com a presença da embaixadora de Portugal em
Jacarta, Maria João Lopes Cardoso. A presença do autor português neste que é
considerado o maior festival literário da Ásia teve o apoio da embaixada de
Portugal e do Instituto Camões.
O
também presidente da Casa do Brasil – Terras de Cabral aproveitou para
apresentar o seu livro “Surga Laut”, versão em bahasa indonésio da obra “O Céu
do Mar”, editado pela Amazon australiana. O livro serviu de mote para a sua
participação numa tertúlia no bar Boliche, em Ubud, que contou com outros
autores internacionais para falarem de viagens não exploradas – The Uncharted
Voyage. “A morte ainda é uma viagem desconhecida, que, por isso, fascina a literatura.
Ainda inventamos céus para pacificar as almas dos que permanecem vivos!”,
referiu o autor durante a conversa.
No
painel “O Poder da Poesia” houve ainda tempo para se ler poesia em português.
Para compreensão de todos os que estavam no auditório, os poemas foram
traduzidos para inglês por Sílvia Barros, uma portuguesa que vive em Bali, mas
João Morgado fez questão de os ler em português. “Por si só, a nossa língua já
é carregada de poesia, mesmo que não entendam o que se diz. É como ouvir fado,
há um sentimento que vai para além das palavras. A reacção das pessoas foi
excelente. Estava presente uma portuguesa, da Madeira, que foi aos dois anos
para a Austrália. Não falava português, mas emocionou-se com a leitura. Por
vezes andamos quilómetros para sentir um pedaço da nossa casa, disse ela”,
referiu ainda João Morgado.
Natural
da Covilhã, João Morgado foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito
Cívico e Cultural, oficializada pela República Federativa do Brasil, pelo seu
trabalho de investigação sobre Pedro Álvares Cabral. Recebeu ainda o Troféu
“Cristo Redentor” da Academia de Letras e Artes de Paranapuã – Rio de Janeiro.
No campo do romance, foi o vencedor do Prémio Literário Vergílio Ferreira 2012,
do Prémio Literário Alçada Baptista 2014, do Prémio Nacional de Literatura
LIONS 2015, do Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha, do Prémio Correntes
d’Escritas 2015, recebeu a Medalha do Mérito Literário da “Ordem Internacional
do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral” (Brasil), 2017. Na
poesia, conquistou o Prémio Manuel Neto dos Santos 2015. No conto, recebeu o
Prémio Literário António Serrano 2016 e o Prémio Nacional de Conto Manuel da
Fonseca 2020, precisamente com a obra “Contos de Macau”. É autor de diversos
livros de onde se destacam “O Livro do Império”, de 2018; “Fernão Magalhães e a
Ave-do Paraíso”, de 2019; “Índias”, de 2016; “Vera Cruz”, de 2015; “Diário dos
Imperfeitos”, de 2017; “Diário dos Infiéis”, de 2010, ou “Livrai-me do Mal”, de
2020. Participou em diversas colectâneas nacionais e internacionais.
Considerado
o principal festival literário do Sudeste Asiático, o Ubud Writers Festival
destaca-se também por ser um encontro internacional e que leva o público a
“descobrir vozes únicas e a literatura excecional de cantos conhecidos e
desconhecidos” do mundo. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto
Final”
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